Afinal o que é preciso para evitar o segundo resgate?
Passamos a vida a ouvir o
Primeiro Ministro, membros do Governo e deputados da maioria, dizer que se não
houver consenso, entre a maioria e o Partido Socialista, então Portugal terá de
ter um segundo resgate. Pelos vistos não é nada disso. Segundo o Ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros, a nova versão para que não haja segundo
resgate, é a necessidade de os juros das yields portuguesas baixarem para menos
de 4,5% nos empréstimos a 10 anos. Ora, com os valores actuais, que temos de
pagar a quem nos financia, que está um pouco abaixo dos 7%, não se prevê que
nos tempos mais próximos, tenhamos as taxas preconizadas por Rui Machete.
Então, quer isso dizer, que o consenso não resolve os problemas de Portugal, ou
será que sim, em que ficamos?
Consenso com o PS, parece estar
cada vez mais longe, porque o Governo pretende impor as suas ideias neoliberais
aos socialistas e estes não aceitam isso, como é lógico. As negociações terão
de partir do nada e avançarem com soluções de ambos os lados e não com a
imposição de uma das partes.
Outra coisa que não parece
muito correcta, será o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, andar lá
fora a dizer coisas que apenas atrapalham os interesses de Portugal. As
afirmações de Rui Machete na India[1], apenas serve para
dificultar o desenrolar das negociações com a troika e com os nossos credores.
Como o Primeiro Ministro costuma estar sempre solidário com as declarações dos
seus ministros, quer dizer que esta é a posição oficial do Governo e nesse caso
a questão de um segundo resgate, nada tem a ver com as decisões do Tribunal
Constitucional, ou com o consenso que tenha de haver com o principal partido da
oposição. Se esta versão está errada, então o Primeiro Ministro devia demitir o
seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, por declarações menos próprias ou
contra o interesses de Portugal. Aliás já o devia ter feito, aquando do pedido
de desculpas a Angola, pelo processo de averiguações feito a personalidades
angolanas. Nessa altura Passos Coelho, afirmou que tinha e mantinha toda a
confiança no seu ministro, pelo que agora, não vai tomar nenhuma decisão
contrária.
Quando é o próprio Governo
os seus membros a darem tiros no pé, não precisamos de quem nos empurre para o
abismo, pelo que somos nós próprios que nos atiramos do alto da falésia.
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