O FMI, quer os portugueses mais pobres

No Fundo Monetário Internacional (FMI), devem andar lá às turras uns contra os outros. Uma vez dizem que a austeridade implementada em Portugal foi demasiada, outras vezes, dizem que ainda é preciso mais austeridade para 2014 e 2015. Das duas uma, ou são todos uma cambada de incompetentes, que antes de falarem ou escreverem relatórios, deveriam inteirar-se da realidade portuguesa, ou então, estão a ser muito mal informados por quem os recebe e lhes comunica coisa que possivelmente não são verdadeiras.
As rescisões por mutuo acordo, consegue-se melhor indemnização que em julgamento, além da lei laboral ter sido alterada para indemnização no máximo de 20 dias por cada ano de trabalho e passando a 12 dias julgo que em 2014. Já foi retirado aos trabalhadores todas as seguranças que existiam antes de ter entrado em Portugal esta troika neoliberal.
 O Fundo Monetário Internacional considera que as indemnizações decretadas pelos tribunais nos processos por despedimento litigioso são demasiado elevadas, podendo mesmo incentivar os trabalhadores a procurarem este meio ao invés de negociarem rescisões amigáveis. E por isso quer que o executivo estabeleça um enquadramento que as aproxime das restantes, actualmente fixadas em 12 dias por cada ano de trabalho até um máximo de 20 vezes a retribuição mínima mensal garantida.
Os tribunais podem hoje atribuir indemnizações nos despedimentos sem justa causa que oscilam entre os 15 e os 45 dias por cada ano de trabalho. O valor pode ser superior quando não há reintegração, como acontece nas microempresas ou no caso de administradores. Nestas situações, o pagamento por parte da empresa pode variar entre os 30 e os 60 dias por cada ano de trabalho e o valor é superior a seis meses da retribuição-base.[i]
O FMI também quer acabar com os contractos colectivos de trabalho, possivelmente acabar com os sindicatos e comissões de trabalhadores nas grandes empresas, ou então, pretende ressuscitar o Salazar ou colocar outro com a mesma ideologia na governação. Que eu saiba, ainda somos um Estado soberano, apesar de estarmos sob resgate, não quer dizer que a nossa soberania esteja à mercê do FMI.
Quanto à redução salarial, o FMI pretende que se baixe o valor dos salários nos privados, porque o décimo terceiro mês foi reposto. Quer o FMI dizer que os portugueses devem ser pobres, e ser os explorados da Europa. Já somos parecidos com o terceiro mundo em muitas coisas, mas ainda não o somos em questões salariais. No entanto o FMI, ou pelo menos o redactor deste relatório, entende que os portugueses ganham demais. Não sei se isto tem a ver alguma coisa com o aumento dos milionários em Portugal, ou se acha que os portugueses são quem mais ganha na Europa. Deve ser isso…
O relatório vai mais longe e diz que é preciso reduzir os custos de produção, comprimindo as margens de lucro excessivas nos sectores não transaccionáveis, como é o caso da energia, que hoje tem um peso importante nos custos das empresas.?[ii]
Pois é, aqui, ninguém quer mexer, viram-se sempre para os trabalhadores, pensionistas e reformados, mas quando toca a tirar a quem tem muito, aí, as coisas complicam-se e não avançam.
Para que a economia cresça, é necessário que os portugueses tenham dinheiro disponível para fazer compras, o que não é a realidade de muitos milhares de portugueses, que nos últimos dois anos e meio, foram espoliados de parte dos seus rendimentos. Os chamados cortes temporários, que afinal parece que vão ser permanentes, se for tido em conta o relatório do FMI.


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