A esperteza de Vítor Gaspar
Vítor Gaspar antes de sair
do Governo, tomou uma medida que foi por em risco a sustentabilidade da
Segurança Social, ou seja, ordenou ao Fundo de Capitalização da Segurança
Social, que invista até 90% em dívida pública portuguesa. Esta medida, abrange
exclusivamente a Segurança Social, porque para não ser pessoalmente prejudicado
no futuro, excluiu o Fundo de Pensões do Banco de Portugal. Assim, se Portugal
tiver de pedir um segundo resgate, quem perde é a maioria da população, porque
a sustentabilidade da Segurança Social acaba e podemos ficar sem pensões de um
dia para o outro. Só que Gaspar não tem nada de “burro”, porque como irá
auferir a sua pensão pelo Fundo de Pensões do BP, este foi criteriosamente
deixado de fora.
Para que se possa
compreender melhor a situação, segue o artigo publicado no Jornal I.
Fundo de pensões de Gaspar
evita comprar dívida pública portuguesa
Ao
contrário dos fundos públicos geridos pelo Estado, o fundo de pensões do banco
central tinha mais dívida belga e francesa que portuguesa
O
fundo de pensões do Banco de Portugal constitui um caso de excepção, a vários
níveis. É o único fundo com a responsabilidade pelo pagamento de pensões de
quadros bancários que se mantém independente no sector, após a transferência
feita em 2011. É também o único fundo de pensões público que se mantém
autónomo, ou seja, não foi integrado na Caixa Geral de Aposentações.
O
fundo de pensões do banco central distingue-se ainda por estar sujeito à
supervisão do Instituto de Seguros de Portugal e ter uma exposição muito menor
à dívida pública portuguesa que os restantes fundos de pensões públicos. Está
por isso mais protegido contra o risco de uma reestruturação da dívida, que
muitos apontam como inevitável em caso de segundo resgate a Portugal, um
cenário que ganhou força após a crise política. O relatório e contas da
sociedade gestora revela que, no final de 2012, o fundo tinha mais recursos
investidos em activos da Bélgica e de França que de Portugal, que representava
apenas 16,3% da carteira. A maior fatia estava aplicada em dívida pública
(78%), pelo que o fundo terá mais dívida belga e francesa que portuguesa.
Estes
dados contrastam com a evolução do investimento das pensões do Estado ou de
entidades públicas. O governo deu orientações ao fundo de capitalização da
Segurança Social para investir até 90% dos seus recursos em dívida soberana
portuguesa. O fundo serve de almofada para o pagamento de pensões em caso de
ruptura na Segurança Social. No final de Maio, 55,6% do seu património estava
já aplicado em dívida pública.
No
passado recente, vários fundos de pensões do Estado, designadamente de empresas
públicas ou privatizadas - Caixa Geral de Depósitos e Portugal Telecom -, foram
transferidos para a Caixa Geral de Aposentações. Estas operações geraram uma
receita extraordinária para cobrir o défice público. Mas neste processo, todos
os activos dos fundos foram convertidos em dívida pública.
No
total, o património dos fundos de pensões públicos já têm 10 mil milhões
aplicados em dívida portuguesa. Este valor pode chegar aos 14 mil milhões de
euros até 2015 com a mudança aprovada pelo governo em Julho, tornando-se um
maiores detentores da dívida.
Com
um património, que no final do ano passado valia 1431 milhões de euros, o fundo
de pensões do Banco de Portugal já foi apontado como possível almofada para
várias despesas públicas, a última das quais o pagamento de rescisões na função
pública. Mas até agora manteve a autonomia. Porquê?
O
FUNDO DOS EX-MINISTROS Alguns ironicamente apontam a circunstância de vários
ex-ministros das Finanças serem seus beneficiários enquanto quadros ou
ex-quadros do Banco de Portugal. É o caso, por exemplo, de Manuela Ferreira
Leite, que transferiu o fundo de pensões dos CTT para o Estado, do Presidente
da República, Cavaco Silva, mas também de Vítor Gaspar. A última decisão do
ministro das Finanças, que dias depois da demissão estava de volta ao Banco de
Portugal, foi dar instruções ao fundo da Segurança Social para reforçar o investimento
em dívida soberana.
No
entanto, haverá razões legais. O fundo de pensões é património dos seus contribuintes,
os trabalhadores e o banco, e as regras do euro limitam a utilização de
recursos dos bancos centrais para financiar os estados.
Debaixo
da supervisão do ISP, o fundo de pensões do Banco de Portugal segue regras
defensivas de minimização do risco e de garantia de liquidez para pagar
pensões. Uma delas é a diversificação em tipos de título (obrigações, acções,
imóveis) e geográfica (mercados). Outra preocupação é a limitação da exposição
a activos de maior risco e de rating mais baixo. Em 2012, cerca de 65% da
carteira estava aplicada em títulos "investment grade", ou seja, com
nota acima de "A". Nas obrigações, esta classificação representava
quase 90% do investimento. No patamar "BB" e "BBB", onde
está a dívida portuguesa, a exposição era de 11,7%. Em 2012, o banco teve de
fazer uma entrega extraordinária de 50 milhões para reduzir a exposição do
balanço ao risco de volatilidade, "num contexto de persistência da crise
da dívida da área do euro".
O
fundo de pensões do banco central tem 3820 beneficiários, dos quais 1410 estão
no activo e os restantes são pensionistas ou reformados. O fundo é responsável
pelas pensões de quem foi admitido até Março de 2009, data a partir da qual
deixou de receber novos contribuintes activos. Os novos quadros estão na
Segurança Social, mas têm direito a um fundo de contribuição definida que é
complementar à reforma do sistema público.
Fonte: http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/fundo-pensoes-gaspar-evita-comprar-divida-publica-portuguesa
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