Falsa esperança
Hoje pela manhã ao começar
as minhas leituras da imprensa nacional, achei que tinha chegado a hora de
haver alguma justiça, nos cortes das pensões e das reformas, afinal, enganei-me[i].
Só foi necessário abrir outro jornal, para verificar, que a montanha pariu um
rato. Pois é, continua a não haver vontade política de acabar com o escândalo
das subvenções vitalícias dos políticos. José Sócrates, enquanto
Primeiro-ministro, conseguiu acabar com as subvenções vitalícias depois de
1998, deixando para trás tudo como estava. Para os restantes portugueses, não
existe meias medidas, acabam com a espectativa, com os contractos existentes
entre cidadãos e Estado, mas para os políticos continua tudo na mesma, ou seja,
mantêm as mesmas mordomias, como se o país não estivesse em situação económica
aflitiva.
Pois foi, logo a seguir,
abri outro jornal on-line, e
verifiquei que, afinal tudo ficou adiado[ii],
aliás, este país é de excepções, e, todo o mal está nas excepções que são mais
que muitas. Agora, tudo fica em suspenso até ao OE de 2014, como se desse para
acreditar que isso seria verdade, apenas desejam manter a indecisão, para
depois das eleições autárquicas. Burro é tudo, que eles não são. As excepções
são mais que muitas, começa pelos juízes jubilados, passa pela polícia, pelas
Forças Armadas, pelos funcionários da Caixa Geral de Depósitos e pelos funcionários
do Banco de Portugal[iii]. Isto
é uma alegria nas excepções, tudo sectores de muita sensibilidade, onde a estabilidade
poderia ser colocada em causa.
Alguém atirou esta atoarda
para as páginas dos jornais, mas pelos vistos, não passa de uma diversão, até
que as eleições autárquicas cheguem, pois a partir daí, já se pode falar um
pouco mais de verdade, porque já não afecta as eleições.
“Na
verdade, tais subvenções não são pensões de aposentação, assumindo antes uma
forma de compensação extraordinária pelo exercício de funções públicas (não
relacionada com carreiras contributivas ou sequer inserida num qualquer regime
contributivo)”, esclarece Hélder Rosalino em comunicado, acrescentado que
“assim sendo, o tema das subvenções vitalícias será, necessariamente e caso se
justifique, tratado em sede própria, que não a negocial sindical do Estatuto da
Aposentação”[iv].
Mais uma vez, a classe
política não só, não tem cortes salariais ou de pensões, como ainda mantêm na
totalidade as subvenções vitalícias. Diz o Secretário de Estado Hélder Rosalino,
que esta remuneração é uma compensação extraordinária pelo exercício de funções
públicas; a ser assim, deveria ser suspensas, enquanto houvesse cortes nas
pensões e nas reformas, que foram e são obtidas através de descontos ao longo
da vida de trabalho dos cidadãos e não de benefícios arranjados na Assembleia
da República, que os deputados votaram para se favorecerem a si próprios.
O
Relatório e Contas da CGA de 2012 refere que o número de políticos que estão a
receber estas subvenções tem vindo a crescer a uma taxa média de 1,7% ao ano
desde 2008, ou seja, um aumento de 10,4% em quatro anos. Estas subvenções
aparecem com a designação de pensões no Relatório e Contas da CGA, tendo
custado, o ano passado, 6,2 milhões de euros e prevendo-se que este ano se
traduzam em 6,4 milhões de euros. Em 2011 escaparam aos cortes aplicados ao
resto da função pública e só em 2012 foram reduzidas na percentagem das
restantes pensões, depois de actualizadas por indexação às remunerações dos
cargos políticos.
Tem
direito à subvenção mensal vitalícia e ao subsídio de reintegração quem tenha
sido deputado durante pelo menos 12 anos e estivesse no parlamento em 2005,
quando o governo de José Sócrates acabou com este benefício. Em 2011 houve
novamente uma alteração à sua atribuição: quem recebe a pensão vitalícia e
ocupa um cargo público tem de optar por uma das duas remunerações, mas quem
voltar para o privado ainda pode acumular, desde que o seu valor não seja
superior a três IAS (1257 euros). Esta última limitação foi introduzida já pela
maioria que apoia o governo para o Orçamento do ano passado[v].
Esta é a pouca vergonha que
existe na política e talvez por isso, é que as “jotas” estão cheias de
incompetentes que não sabem fazer mais nada na vida e vivem da chulice da
política.
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