"Injustiça de bradar aos céus"
Por muito que se fale sobre
a questão das pensões dos portugueses, o Governo faz ouvidos moucos e continua com a sua
política de cortes e mais cortes aos pensionistas e reformados. Continuo a dizer que é uma questão de ideologia
política deste Governo. Aliás, gosta de dar aos ricos o que tira aos pobres,
faz exactamente o contrário daquilo que seria justo fazer.[i]
Miguel Cadilhe defende que é
uma "injustiça de bradar aos céus" os cortes que estão a ser feitos
aos pensionistas e reformados que contribuíram uma vida inteira para o Sistema
de Segurança Social.
As desculpas dos
governantes, nomeadamente do Primeiro Ministro que as pessoas não descontaram
para auferirem a reforma que têm, deve estar a referir-se aos seus correligionários de partido, que auferem
reformas com idades de 42, 51 e 55 anos de idade. Esses sim, não descontaram
para ter as reformas que lhes foram atribuídas.
"Quanto
aos pensionistas, atenção, há aí uma injustiça de bradar aos céus. Porque os
pensionistas que estão no regime contributivo, isto é, que passaram a sua vida
ativa a contribuir, têm um verdadeiro direito sobre a República, são titulares
de uma espécie de divida pública da República", disse Miguel Cadilhe
durante um debate com o conselheiro de Estado Vítor Bento no Palácio da Bolsa,
no Porto, esta terça-feira à noite.
O
antigo ministro das Finanças do atual presidente da República, Aníbal Cavaco
Silva (PSD), questionou como pode o Estado cumprir "toda a dívida pública
perante os credores externos e internos, mas perante os pensionistas não
cumprir essa outra espécie de dívida pública que advém de eles terem
contribuído toda a vida".
"Contribuíram
não para pagar despesas públicas, mas para assegurar a sua previdência",
disse Miguel Cadilhe, elogiando o fator de sustentabilidade introduzido pelo
antigo ministro do PS Vieira da Silva.
Para
Miguel Cadilhe, o facto de o Estado português ter optado por um regime de
"receita-despesa, isto é, as contribuições que entram serem para pagar as
pensões correntes", não o dispensa de cumprir "essa espécie de dívida
pública que tem perante os pensionistas".
Os pensionistas e reformados
deste país e todos os trabalhadores que ao
longo da sua vida, tiveram uma
carreira contributiva para a Segurança Social, são credores do Estado. O
dinheiro descontado para a Segurança Social, é para ser gerido pelo Fundo da
Segurança Social com investimentos, que geram mais valias, logo aumento de
capital, para que no futuro o trabalhador ao entrar na reforma possa auferir
uma pensão digna. Esse foi e é o espirito da contribuição para a Segurança
Social. Mas este Governo prefere outras situações, como as de beneficiar quem
tem muito, com benefícios fiscais, em prejuízo dos pensionistas e reformados a
quem atribui uma taxa de solidariedade para com o país. Se a taxa é de
solidariedade, então devia ser de todos os portugueses e não só de alguns e
nesse caso os ricos não poderiam ficar de fora.
A contribuição para a
Segurança social, não é um imposto, logo, esse dinheiro não é do Estado, mas sim dos contribuintes que fizeram
os descontos, para mais tarde receberem
sua pensão de velhice e poder disfrutar do resto da sua vida com
dignidade.
Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3656608
[i] http://www.publico.pt/economia/noticia/beneficios-fiscais-as-empresas-em-2012-diminuiram-em-350-milhoes-de-euros-1621445
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