Líder do PS não se demite.

António José Seguro, está completamente agarrado ao poder do PS. Não se demite, não convoca um congresso extraordinário, não promove eleições directas no PS. Enfim, António José Seguro, quer manter-se na liderança do PS, custe o que custar. Pois bem, isso pode dividir o partido de uma forma muito violenta, ou seja, as posições podem-se extremar e depois será muito mais difícil, unir o partido à volta de um líder.
É certo que o PS ganhou as eleições europeias, mas com apenas 4% de diferença para a maioria que governa o país. Depois de três anos de austeridade atrás de austeridade, o PS não consegue uma diferença muito significativa da coligação. Com o resultado que obteve, se fossem eleições legislativas, não conseguia ser alternativa de governo. Por isso, foi que António Costa avançou com a disputa da liderança do PS, pois só é possível uma vitória concludente nas legislativas com um líder forte e ganhador.
O PS, é um partido democrático, onde os militantes podem dizer o que lhes vai na alma, não existe a lei da rolha, mas neste momento, parece que as coisas estão a mudar para pior, ou seja, o seu líder blindou os estatutos, de forma a que o Congresso só possa ser marcado por si, ou pelos votos da maioria das federações distritais. Ora, isso vai provocar algumas dificuldades a António Costa, na obtenção de votos para conseguir convocar um congresso extraordinário. No entanto, a actual posição de António José Seguro de não se demitir, pode ser uma ajuda a António Costa, pois desta forma poderá unir mais apoios à volta da sua candidatura a líder do partido.
António Costa, à saída da reunião Comissão Política do PS, que se reuniu no Vimeiro, disse que não desistia e ia lutar pela disputa da liderança. Portanto, a posição de não convocar um congresso extraordinário, António José Seguro poderá enfraquecer mais ainda a sua liderança, assim como uma possível vitória em eleições.
António José Seguro, afirmou entre outras coisas na reunião da Comissão Política o seguinte:
"Até ao final da sessão legislativa vamos apresentar um projeto de alteração da lei eleitoral para a Assembleia da República  inclua a aproximação entre deputados e eleitores, a redução do número de deputados para 180, a possibilidade do eleitor escolher o seu deputado através da criação de círculos uninominais "[1].
Esta promessa já tinha sido feita no início desta legislatura, falou nisso uma vez, mas deve ter tido oposição interna, pois a diminuição de deputados, também retira lugares ao PS, pelo que não deve ter sido bem vista dentro do partido. É verdade que isso devia ter sido  feito, pois é um exagero haver 230 deputado na Assembleia da República.
Com  os resultados das eleições europeias, não será possível fazer essa alteração, na próxima legislatura, pois deixa de haver uma maioria qualificada dentro da Assembleia da República, pelos partidos do chamado arco da governabilidade. Ou se altera agora a lei eleitoral, ou então será muito difícil  acontecer no futuro próximo.
Seguro prometeu mais o seguinte:
"Vamos apresentar propostas sobre incompatibilidades dos deputados e de outros cargos públicos,  propor uma separação nítida entre política e negócios. E irei até ao fim: não há nenhum estatuto ou ordem que se se sobreponha ao de titular de órgãos de soberania e falo concretamente dos advogados. Se não for possível separar com clareza uma área e outra, então,  para se ser deputado não se pode continuar a ser advogado"
Esta situação já deveria ter sido apresentada há muito tempo, tem de haver ética e honestidade na política, o que tem faltado desde sempre. Mas por outro lado, já vai tarde com esta proposta, que não passa de proposta, pois necessita que a maioria vote a favor, o que não acredito muito. Com a quantidade de deputados da maioria, que são advogados, que têm o seu escritório a funcionar normalmente e que assessoram tanto o Governo, como as PPP e outros clientes de peso e que ao mesmo tempo modificam leis[2], etc., etc..  
Se avançar a proposta das primárias para a escolha do nome a primeiro ministro, penso que Seguro perderá esta corrida, mas por outro lado, parece-me uma ideia um pouco disparatada, alguém pretender apenas ser o Secretário Geral do PS. Seria a primeira vez que um partido ganharia as eleições e a pessoa a ser chamada ao Presidente da República para formar governo, ser outra que não o líder do partido ganhador.



[1] http://expresso.sapo.pt/seguro-nao-ignoro-que-temos-um-problema-que-antonio-costa-criou=f873341

[2] Ler o livro os Privilegiados de Gustavo Sampaio 

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