Ainda Passos Coelho e a Tecnoforma.
Para esclarecimento de todos
aqueles que estejam interessados em saber das ligações de Pedro Passos Coelho à
Tecnoforma, segue abaixo um artigo do jornal "O Público".
Mas o que acho interessante,
é o facto de Pedro Passos Coelho, mesmo antes de ser licenciado, pretendia
criar uma Universidade em Cabo Verde, através da CPPC.
Como se nós não soubéssemos
como é essas coisas de Fundos Comunitários para Formação Profissional. (Faz-me
lembrar um pouco de Torres Couto)
No
princípio era assim: “O membro fundador Pedro Manuel Mamede Passos Coelho tomou
a palavra.” Foi a primeira palavra dita em nome do Centro Português Para a
Cooperação (CPPC), fundado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, “aos onze dias
do mês de Outubro”, de 1996. O acto teve lugar no escritório do advogado
Fraústo da Silva, que tinha redigido os estatutos do CPPC a pedido de Passos
Coelho, com o qual tinha estado, até cerca de um ano antes, nos órgãos
dirigentes da JSD, na condição de presidente do Conselho Nacional de
Jurisdição.
Antes
do acto fundacional, foi preciso que Passos Coelho conhecesse o “principal
mecenas” da organização, o homem que, afinal, tinha tido a ideia, e o dinheiro:
Fernando Madeira, dono de 80% de uma empresa de formação profissional , a
Tecnoforma. Madeira e Passos conheceram-se, através de amigos comuns. Sérgio
Porfírio, então director da Tecnoforma, apesentou à empresa o advogado João
Luís Gonçalves, que fora secretário-geral de Pedro Passos Coelho na JSD. Passos
veio depois. Num almoço, em Porto Brandão, na margem Sul do Tejo.
“O
objectivo era explorar as facilidades de financiamentos da União Europeia para
projectos em Angola ou nos PALOPs”, esclareceu Madeira, numa entrevista à
Sábado, ideia que já antes transmitira ao PÚBLICO, precisando que esses
projectos seriam depois subcontratados à Tecnoforma pela ONG. Nos estatutos, os
objectivos são um tudo nada mais nobres: “O apoio directo e efectivo a
programas e projectos em países em vias de desenvolvimento através de acções
para o desenvolvimento, assistência humanitária, protecção dos direitos humanos
e prestação de ajudas de emergência.”
Passos
Coelho, em resposta ao PÚBLICO, em 2012, faz a síntese entre o interesse da
Tecnoforma e a mais ambiciosa proclamação dos estatutos: “Promover a cooperação
entre Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa.”
Talvez
tenha sido essa diferença de ambição que fez com que, agora, o advogado da
Tecnoforma, Cristóvão Carvalho, admita que o CPPC “fechou em 2000, porque
provavelmente alguma coisa não correu bem”. Também Passos Coelho, no
Parlamento, baixou, 14 anos depois do fim, as expectativas. Afinal, recorda o
primeiro-ministro, o CPPC tentou criar uma universidade em Cabo Verde.
Porém,
Madeira recordou, à Sábado, uma história diferente. Afinal, a tal ideia para
Cabo Verde não era nem do CPPC, nem de Passos Coelho. Fora-lhes transmitida por
João de Deus Pinheiro, na altura Comissário Europeu, numa reunião em Bruxelas:
“Fomos lá apresentar o CPPC, o que nos propúnhamos fazer e saber da
sensibilidade dele, nomeadamente que possibilidades de financiamentos havia
para os PALOPs. E o João de Deus Pinheiro até nos deu logo uma ideia, dizendo
que a Comissão Europeia estava a pensar num projecto para Cabo Verde, que era a
criação de um instituto para formação de funcionários públicos. E que este
instituto deveria servir também para formar pessoas para os outros PALOPs
porque os quadros deles da administração pública eram muito deficitários.
Disse-nos ainda que seria bom que criássemos um instituto em Cabo Verde e que a
Comissão Europeia estava disposta a apoiar financeiramente uma coisa dessas.”
Falhou…
Não
sem que os dois, Madeira e Passos, acompanhados por Paulo de Carvalho (o
cantor) ainda tivessem visitado o arquipélago africano e Fernando Sousa, um
antigo deputado do PS que era presidente da Assembleia Geral do CPPC e a quem a
Tecnoforma entregou um BMW 1600, também lá tivesse ido várias vezes com o mesmo
objectivo. Contudo, os três únicos projectos daquela ONG que o PÚBLICO conseguiu
identificar foram desenvolvidos em Portugal entre 1997 e 2000. Prendem-se com a
“integração socioeconómica de grupos mais desfavorecidos” e foram financiados
em cerca de 137 mil euros pelo Fundo Social Europeu (FSE) e pela Segurança
Social portuguesa.
A
passagem de Passos Coelho por esta associação não é referida nos seus
currículos e não consta do seu registo de interesses na Assembleia da
República. Quando essa ONG foi criada, Passos Coelho era deputado em regime de
exclusividade. “Trata-se de um assunto a que, na altura, não atribuí relevância
especial, mas que não constitui segredo nem pretendi que o fosse”, escreveu
Passos Coelho em 2012 em resposta o PÚBLICO, para justificar a não inscrição no
registo de interesses, obrigatória, das suas funções no CPPC. E acrescentou:
“Desconheço qual a data da cessação da actividade do CPPC.”
Ângelo
Correia, Marques Mendes e Vasco Rato também foram fundadores do CPPC. “Ai que
engraçado! Então, sem querer, ou por querer, eu estou ligado à Tecnoforma. Olhe
que engraçado. Não tem graça nenhuma, mas é a vida!” Foi nestes termos que o
antigo dirigente do PSD Ângelo Correia expressou, ao PÚBLICO, a sua surpresa,
em 2012. “Dou-lhe a minha palavra de honra que não sei o que isso é.”
Fonte: http://www.publico.pt/politica/noticia/o-misterioso-cpp-que-1671050
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