E agora?
E agora?
Passos não se demite, está
agarrado ao poder, porque não tem quem lhe dê um emprego. Enquanto Gaspar foi
para o seu antigo emprego no Banco de Portugal, Passos Coelho ao demitir-se,
será imediatamente demitido de Presidente do PSD e o que faz a seguir?
Passos Coelho se fosse uma
pessoa de bem, hoje pela manhã estaria no Palácio de Belém a pedir a demissão
de Primeiro-ministro, porque ontem às 20,30 horas, foi-lhe retirada toda a
credibilidade como Primeiro-ministro. Isso levaria a nova crise política, mas não
foi isso que o Presidente da República fez ontem à noite?
Claro que sim, até porque ao
não aceitar a proposta de Pedro Passos Coelho, aliás, nem sequer comentou ao de
leve no seu discurso tal proposta, pelo que acabou de dar uma certificação de
incompetência ao actual Primeiro-ministro.
Esta crise governativa
começa com a demissão de Vítor Gaspar, que de certa forma se culpa pelo
falhanço da política seguida, daí a sua demissão.
Paulo Portas agudiza a crise
com o pedido de demissão, apresentado ao Primeiro-ministro, no dia seguinte à
demissão de Vítor Gaspar. O Presidente da República é informado do caso, meia
hora antes de dar posse à Secretária de Estado Maria Luís Albuquerque, como
Ministra das Finanças. Por muito menos que isto, José Sócrates, viu o chão a
fugir-lhe debaixo dos pés, mas o Presidente quis poupar o seu pupilo de
Partido.
No pedido de demissão de
Paulo Portas, este diz que a sua decisão é “irrevogável”, mas após umas ofertas
de poder no Governo, mudou de ideias e o seu “irrevogável” passou a revogável.
Desta forma, a credibilidades desta classe de políticos não foi muito longe,
pois ontem o Presidente da República deu-lhes a machada final. Claro que isto
trás outros custos, porque o Eurogrupo recebeu em festa a Ministra de Estado e
das Finanças Maria Luís Albuquerque e até parecia que quem manda em Portugal é
o Eurogrupo ou o BCE. Estas entidades apenas são credores de Portugal, mas
recebem os empréstimos com juros e terá de se limitar a isso o poder destes
senhores de intervirem nos países membros da Comunidade Europeia, ou então
fazem o que têm de fazer, ou seja, a federalização da Europa com um Governo
único, uma dívida comum e uma política fiscal comum.
No discurso de Cavaco Silva,
percebe-se que este pretende atirar o ónus da responsabilidade para cima do PS,
mas este Partido e muito bem, declinou qualquer possibilidade de integrar ou
apoiar qualquer Governo que não saia de eleições, aliás, esta posição já foi
divulgada mais que uma vez pelo líder do PS. Não sei se aqui também está
escrito com a palavra “irrevogável” e que mais tarde pode-se tornar em
revogável.
Os comunicados dos partidos
do chamado “arco da governação” foram parcos em palavras, pelo que, as decisões
a este discurso do Presidente estão, de certa forma adiadas para mais tarde,
nomeadamente, da parte dos partidos da maioria.
Hoje continuamos a ter
Governo, mas de acordo com o pedido de demissão de Paulo Portas, temos o
Governo manco, ou seja, não existe Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Na abertura dos mercados, as
yields da dívida portuguesa estão a
subir em todas as maturidades, isto devido à reacção ao discurso e a ”nova” crise
política portuguesa. Nada que ontem à noite não tivesse sido falado pelos
diversos comentadores nas televisões.
Agora vai ser preciso
esperar para ver o que é que o Presidente tem a propor aos partidos políticos e
saber concretamente o que é que estes aceitam fazer. Não me parece que o Partido
Socialista esteja disposto a meter-se neste molho de brócolos que o Presidente
arranjou, até porque, o PSD, nomeadamente o seu líder Pedro Passos Coelho, ao
longo dos dois últimos anos, foi tirando o PS de toda e qualquer decisão,
rejeitando todas as propostas do Partido Socialista, ou seja, como no tempo de
Salazar: “orgulhosamente sós”.
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