Quem não quer eleições, tem medo de perder regalias
Com a crise governativa que
se instalou esta semana em Portugal: 1º. Com a saída de Vítor Gaspar do
Governo, seguido por Paulo Portas no dia seguinte, provocou uma crise
governativa como há muito não se via.
Sobre este assunto já muito
se disse e se escreveu, mas na verdade, aquilo que ouço em relação a eleições antecipadas,
é que toda a esquerda quer eleições e toda a direita não quer eleições. Também
os comentadores de acordo com as suas preferências políticas, jogam no mesmo
campo. Outros, sõ mais radicais e preferencialmente não pretendem mais
eleições, ou seja, este Governo entrava em governação vitalícia. Tem-se ouvido
e lido de tudo um pouco.
Em relação a haver eleições
antecipadas, parece que muita gente tem razão, temos um ano para resolver as
coisas com os credores, estando ainda sob assistência financeira, o que nos
continua a dar protecção de financiamento. Fazendo o que pretendem os partidos
da coligação, ou seja, eleições depois de Junho de 2014, quando a troika for
embora, nesse caso, não temos o protectorado da troika, pelo que o
financiamento não se consegue nos mercados em condições de eleições
intercalares. Ora esta situação, indica que a maioria pretenderia culpar o PS,
pelo pedido constante de eleições antecipadas e passar a ser efeito/causa de um
segundo resgate. Estratégias eleitorais.
Existem outras personagens
da política portuguesa, que preferem eleições antecipadas que este espectáculo
triste e desprestigiante para Portugal. Neste momento, o Governo não governa,
como diz Pacheco Pereira, “é um Governo empalhado e seguro por estacas”.
Ontem Manuela Ferreira
Leite, antiga Ministra das Finanças e antiga Presidente do PSD, disse que não é
a favor de eleições antecipadas, mas também acha que o Governo está a esconder
um “buraco nas contas” muito maior que o divulgado aos portugueses, daí a saída
de Vítor Gaspar, por se sentir incapaz de Governar e por as contas em ordem.
O que eu acho, é que as
pessoas que têm a andado a criticar tudo o que o Governo faz e o que não faz,
agora, que existe a possibilidade da sua substituição, não querem que isso
aconteça, porquê?
Será que pensam que possa
aparecer um “Beppe Grillo”, que ganhe as eleições?
Pois, a nossa classe
política entrou em descrédito total, pelo que terá de sofrer as consequências
dos actos que cometeram ao longo de anos. Corrupção, tráfico de influências e
momentos de desvarios económicos com Mega obras, como a construção de nove
estádios de futebol e estando dois deles parados que não servem para coisa
nenhuma. Gastaram-se milhões e milhões desordenadamente, porque arranjar
dinheiro emprestado era muito fácil e o resultado agora é este.
Também as benesses que muita
gente da sociedade tem, nomeadamente em relação à sua reforma e subvenções. A
questão de não haver uma fórmula única para obtenção da reforma, faz com haja
muita injustiça, desde haver pessoas que pedem a reforma ao fim de nove anos de
trabalho (caso da Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves),
reforma aos 51 anos de idade ou 55 (casos de Miguel Relvas e de Macário
Correia), subvenções vitalícias de políticos que acumulam com as suas reformas
(todos os políticos que exerceram actividade pelo menos até 1998, ou que ainda
se encontrem na actividade política, mas que venham de antes de 1998 com cargos
de deputados os membros de Governo). Actualmente existem pedidos de subvenções
de uns quantos deputados e de pelo menos de Mário Correia, ex-Presidente da
Câmara Municipal de Faro.
“Existem mais de
quatrocentos políticos com subvenções vitalícias, e este ano, três deputados já
avançaram com o pedido, cada subvenção é de cerca de dois mil euros, o OE 2013
prevê 6,4 milhões de euros para estes pagamentos, mais duzentos mil euros que em
2012. As subvenções vitalícias foram extintas em 2005 mas continuam a ser
atribuídas a quem nessa altura já tinha direito a ela. A notícia é avançada
este domingo pelo jornal Correio da Manhã”[i].
Portanto, na reforma do
Estado, corta-se tudo o que é acordado com os cidadãos, nomeadamente aqueles
que têm o direito à reforma completa, quando atingem 40 anos de descontos, mas
que ao passarem a idade da reforma para os 67 anos, não levam em consideração o
acordo efectuado entre o Estado e os cidadãos. Pode-se alterar e fazer
reformas, nem prejudicar as expectativas dos cidadãos, se o fazem para os
políticos, porque não o fazem para os cidadãos comuns?
Nas grandes empresas e na
banca não existe reforma do Estado, senão vejamos o que acontece:
As rendas excessivas da
energia, as PPP, etc.
Portanto, eleições pode ser
um mal menor nesta altura, é preciso parar esta reforma do Estado e fazer a
verdadeira reforma do Estado, começando pelas mordomias dos deputados no Restaurante/Bar
na Assembleia da República, diminuir o número de deputados para metade, acabar
com a nomeação de boys para assessores dos governantes, acabarem com
determinadas Fundações e alguns Institutos que foram criados para criar cargos
públicos para gestores da panelinha.
Está na altura de fazer o
Orçamento de Estado de 2014 e o mesmo deve ser feito a partir do “0”, não é dar
mais de 140 milhões de euros ao Parlamento, 16 milhões à Presidência da
República e por aí fora. Todos os cortes têm de começar por cima da pirâmide e
não pela base que é onde sempre cortam.
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