Nuno Crato e os exames dos professores

A cada passo verificamos que os nossos políticos devem ser atrasados mentais. Ou então, gostam da perseguição aos funcionários públicos. Isto a propósito da prova que o Ministro da Educação Nuno Crato propôs para avaliar “alguns” professores.
Tanto quanto sei, os professores tiraram uma licenciatura, outros, inclusive um mestrado, tendo passado por vários exames ao longo da sua licenciatura e terminando a mesma com determinada média de notas. Os que defenderam a dissertação de mestrado, ainda tiveram mais formação e conhecimentos, para quê? Se o próprio Ministério da Educação não reconhece essas qualificações!
De que serviu estudar durante cinco anos e depois mais dois para os que tiraram o mestrado, se essas notas não servem de nada?
Ou será que o Ministro Crato quer diferenciar os licenciados do pré-Bolonha dos pós-Bolonha?
Se fosse isso, não tinham de estar a ser contemplados os professores com 10 anos de ensino, porque o pós-Bolonha começou em 2006, daí que a retroactividade, deveria ser de sete anos.
O Ministério da Educação, que contracta ilegalmente com contractos a prazo, ano após ano, quando devia efectivar esses professores, vem agora, com mais uma rasteira, para fazer tropeçar alguns professores, a fim de os correr do ensino público.
“Na educação as pessoas têm memória curta”, diz João Rios, do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores. “Depois da resolução [do PSD], a ministra Isabel Alçada [PS] aprovou um diploma, em 2010, onde dispensava da prova os professores que tivessem tido Bom na avaliação do desempenho. E agora o ministro Nuno Crato vem dizer que o professor Manuel, por exemplo, que já estava dispensado da prova, deixa de estar dispensado. O que é de legalidade duvidosa.” Rios nota que “os professores fazem uma licenciatura, passam pelo período probatório, andam anos a dar aulas a contrato, já há uma série de filtros”.
A classificação dos professores expressa-se em “Aprovado” ou “Não aprovado”. Mas “assume ainda uma expressão quantitativa, numa escala de zero a 20 valores” que resultará de uma “média ponderada” das “classificações obtidas nas diferentes provas”. O ministério considera aprovado o candidato que obtenha pelo menos 14.
Na proposta de diploma que na sexta-feira será debatida com os sindicatos não há referência a dispensas por boa avaliação de desempenho. Só são isentados os que até ao final deste ano celebrem contratos a termo. Diz-se ainda que o candidato a dar aulas que tenha dez ou mais anos de serviço efectivo e que chumbe, poderá repetir a prova “uma única vez na edição seguinte sem prejuízo da admissão ao concurso de selecção e recrutamento imediatamente subsequente à data de realização da primeira prova”[i].
Ora, esta medida visa exclusivamente eliminar candidatos aos concursos para as escolas, assim como, passar professores do quadro para contratados a prazo, no caso de optarem por este tipo de contrato, ficam isentos do exame, ou seja, sais do quadro e daqui a uns meses és despedido porque terminou o contracto. As artimanhas que estes ministros arranjam, para conseguirem diminuir o número de funcionários públicos.
O que devia acontecer, era de os professores todos em geral, solidarizarem-se e em Setembro entrarem em greve sem limite de tempo, obrigando o Ministro Nuno Crato a engolir um sapo vivo, porque assim que as aulas abrissem, não havia professores nas escolas.
Esta maioria tem a memória curta e esquece-se de ter contestado uma lei semelhante que foi aprovada no tempo do anterior Governo, mas que nunca foi levada adiante.

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