Fecham lojas, aumenta o desemprego


José Luís Arnaut do PSD e barrosista convicto, defendeu hoje no Jornal das Nove da SIC Notícias, que, as pequenas e médias lojas que estão a fechar no país, nada têm a ver com a actual política. As lojas fecham, porque o aumento de impostos, provocou uma recessão, que já não se via há décadas. As falências são em catadupas, mas estes senhores da política que viraram a comentadores televisivos semanais, dizem apenas e só, aquilo que lhes interessa dizer em termos de cativar adeptos para uma campanha eleitoral, que possa vir dentro de algum tempo.
Portugal vive quase exclusivamente do mercado interno, a troika não percebeu essa situação, o Governo, pelos vistos, também não, pelo que o encerramento de pequenas e médias empresas, foram mais que muitas, isso, originou o aumento desmesurado do desemprego, inscritos nos Centros de Emprego e Formação Profissional, já está num milhão, mas existem mais 500 que não estão registados, por não terem qualquer vantagem nesse registo. No caso dos desempregados registados, apenas cerca de 40% é que recebem subsídio de desemprego, pelo que o poder de compra dos portugueses baixou e muito, nos últimos dois anos.
Pelas contas do actual Governo, aquando da sua tomada de posse, Portugal estava na bancarrota, não tinha dinheiro para pagar os ordenados dos funcionários públicos e as reformas dos pensionistas. Então vejamos os números oficiais:

De acordo com o gráfico acima, verificamos que só com o IRS mais IRC no primeiro trimestre de 2011, a receita foi de 5.643,1 milhões de euros. Os salários da função pública eram de 5.099,48 milhões de euros, temos aqui uma diferença positiva de mais de 500 mil euros, mas depois ainda temos as receitas do IVA de mais de 6,6 mil milhões de euros. Não consigo perceber onde é que não havia dinheiro para o pagamento de salários, como é dito constantemente por governantes actuais, seja em que programa for. Pena é que não sejam desmentidos com números e a isso, posso pensar duas coisas: a primeira de os jornalistas não estarem devidamente documentados para a entrevista, a segunda, que apenas queiram ser simpáticos com o entrevistado, isto para não dizer que estão completamente de acordo com o regime, por medo ou coacção.
Também é dito com a mesma frequência, que não havia dinheiro para pagar as reformas, nesse caso vejamos o gráfico seguinte[i]:

O custo total das pensões era de 6.136,9 milhões de euros, as receitas de TSU mais a quotização dos empregados para a Segurança Social, era de 6.634,1 milhões de euros. Também aqui, existe um superavit entre a despesa e a receita, pelo que não consigo perceber onde não havia dinheiro para pagar as reformas dos pensionistas.
Os dados são oficiais e não inventados por ninguém. É pena que não confrontem os governantes com estes dados, aquando dos ditos que estávamos na bancarrota quando este Governo tomou posse. Infelizmente, existem muitos portugueses que não lêem os jornais diários, porque é mais interessante ver telenovelas, os noticiários nem sempre são isentos, ou seja, existe sempre pressão sobre os jornalistas. No entanto, temos obrigação de procurar informação para que estejamos completamente esclarecidos sobre o que se passa e não fiquemos com medo, pelas coisas que os governantes dizem. Já lá vai o tempo do “lobo mau, que papava o capuchinho vermelho e a avozinha”. Hoje o lobo mau é outro e tem nome, chama-se Vítor Gaspar!
Na passada semana aquando da sua deslocação a Dublin, para a conferencia do Ecofin e do Eurogrupo, este senhor que é só o nosso Ministro das Finanças, foi entrevistado pela televisão irlandesa e defendeu mais a troika que os portugueses, pelo que os comentários da televisão, não são nada favoráveis a Vítor Gaspar, porque fez exactamente o contrário que o seu homólogo irlandês, que defendeu a Irlanda e os irlandeses. É assim que se vê o patriotismo de determinados cidadãos, mas quem de imediato diz que já tem ideia de substituir os cortes do Tribunal Constitucional nos subsídios de doença e de desemprego, quer dizer que a vingança serve-se fria.


A continuação deste Governo em acabar com o pouco que resta da economia do país, porque mais uma vez digo e repito, a nossa economia vive quase exclusivamente do mercado interno. As nossas exportações não dão para que o país consiga sobreviver, porque não temos indústria, não temos agricultura, não temos pescas, etc. (…) Se nos quisermos esforçar um pouco para meditar e ver quem é o responsável da perda de produção, basta ir até ao final do ano de 1985, para ver o que se passou com esse Governo de então. Trocou-se a nossa produção por Fundos Europeus, ou seja, deixamos de produzir, para que pudéssemos receber dinheiro e ao contrário do que diz a Ministra da Justiça, que foram os empresários que escolheram, isso não é verdade, foram arrancadas árvores de frutos, arrasaram-se pomares completos, abateram-se barcos de pesca, porque não havia licenças de pesca para todos, foi colocar os empresários entre a espada e a parede, ou recebe o dinheiro e deixa de pescar, ou não recebe nada e deixa de pescar na mesma. O mesmo se passou com os restantes ofícios. No último mandato de José Sócrates como Primeiro-ministro, também veio a ordem de Bruxelas para deixarmos de produzir vinho, essa produção era para os franceses, espanhóis e italianos, mas o nosso Ministro da Agricultura e Pescas, defendeu Portugal e os nossos produtores de vinho e não permitiu semelhante coisa à Comissária da Agricultura. A isto, chama-se defesa dos interesses de Portugal e dos portugueses.
A globalização acaba por originar estas situações de assimetrias produtivas, ou seja, uns produzem e outros consomem. Isto seria bom se fossemos uma Confederação de Estados, o que nunca aconteceu e não sei se alguma vez acontecerá. Como continuamos a ser Estados independentes e temos a mesma moeda, isso complica muito a sobrevivência dos países mais pobres, por falta da indústria e da agricultura. Não conseguimos ter independência económica, porque somos completamente dependentes do fornecimento de terceiros na alimentação, nas pescas, na indústria, etc.
Com a política de aumento brutal de impostos, com o aumento de austeridade consecutivamente, provocando uma espiral recessiva, que este Governo nunca aceitou, mas que agora os economistas também estão de acordo, leva ao encerramento de empresas, menos receitas fiscais, menos TSU, menos receitas para a Segurança Social, mais desempregados e consequentemente o aumento de despesas públicas. Portanto, “Sem Crescimento Não Há Consolidação Orçamental”, quer queiramos ou não.


[i]  Dados recolhidos no livro “Sem Crescimento Não Há Consolidação Orçamental” de Emanuel Augusto dos Santos

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