Política de austeridade atingiu o limite
Depois de dois anos de
austeridade violenta em alguns países do Sul da Europa, Durão Barroso, vem por
fim, dizer alguma coisa de útil aos seus parceiros do poder da Comunidade
Europeia.
Segundo Durão Barroso, a
austeridade “atingiu os seus limites”, julgo que é um pouco tarde para o Presidente
da Comissão Europeia venha dizer isso, mas como diz o ditado, mais vale tarde
que nunca.
Durão
Barroso considerou, em Bruxelas, que as políticas de austeridade não tiveram
aceitação social, conduzindo a tensões na Europa. E “uma política que é apenas
vista como austeridade é claro que não é sustentável”, alertou, segundo o
semanário.[i]
Verificar ao fim de dois
anos consecutivos de aumentos brutais de impostos, da destruição da nossa massa
empresarial, das centenas de milhares de postos de trabalho destruídos, enfim,
da destruição da frágil economia portuguesa, que é insustentável com esta política,
apenas vista com austeridade, acho que é um pouco tarde, porque muitas pessoas
já sofreram demasiado, devido a essa decisão ideológica. Ainda ontem li, que no
primeiro trimestre deste ano, houve em Portugal 235 suicídios, ora isto
acontece, não pela facilidade de as pessoas arranjarem emprego, de conseguirem
colocar o pão diariamente na mesa dos seus familiares, mas pelo contrário,
porque estão desempregados, porque não existe perspectiva de vida para si e
para os seus, daí, tomarem a decisão de se suicidarem.
Barroso
criticou os “preconceitos” que estão a emergir na Europa, afirmando que aqueles
que pensam que os povos do Sul são “preguiçosos” estão enganados e que, por
exemplo, “os portugueses são extremamente trabalhadores”. Um dos principais
problemas de hoje, disse, é a polarização na Europa, “que está a ameaçar
tornar-se o resultado final da crise”.[ii]
Alguém levou a pensar que os
povos do Sul são preguiçosos, porque isso não aparece de um dia para o outro,
só porque alguém se lembrou de dizer uma coisa dessas. São situações que devido
a determinados interesses, provocam e lançam essas ideias nos países mais ricos
da Europa, talvez com intuito de justificação para alguma coisa que correu
menos bem.
Segundo
Durão Barroso, há a tendência, por parte dos cidadãos de alguns países, em
simplificar a visão sobre outros países. Por um lado, nos países da periferia
há quem considere que “os problemas que têm não foram criados por si, mas por
alguém, regra geral Berlim ou as instituições europeias ou o Fundo Monetário
Internacional”, o que, disse, não corresponde à verdade. Pelo outro lado,
sublinhou, há “a ideia que existe nos países do centro, ou nos países mais
prósperos, de que houve alguma espécie de inabilidade dos povos da periferia ou
do sul, de que alguns destes povos são, por definição, preguiçosos ou
incompetentes”.
“Este
é um problema profundo, que eu considero moralmente intolerável e inaceitável.
Vindo eu próprio de um destes países, posso dizer-lhes que o povo português é
extremamente trabalhador”, declarou.[iii]
Não sei o que deu a Durão
Barroso nesta altura do campeonato, pois já há dois anos consecutivos que
estamos a passar um mau bocado, não por culpa própria, mas porque alguém nos
levou a este estado de coisas. Se gastamos mais que o que devíamos, foi porque
nos emprestaram o dinheiro, porque na minha terra, diz-se, “quem não tem
dinheiro, não tem vícios”, ora se nos emprestaram dinheiro com demasiada
facilidade, durante anos a fio, houve quem não pensasse nas consequências em
caso de incumprimento, daí, hoje haver muita gente com a corda na garganta. Mas
na verdade, é que eventualmente for feito um estudo honesto e isento,
possivelmente, encontraremos a mesma situação, mesmo nos ditos países ricos do
Norte da Europa, apenas não é falado da mesma forma.
Gostaria de ter visto e
ouvido o Durão Barroso, a ter tomado esta posição mais cedo, talvez isso
resultasse em menos pressão sobre o Estado português e sobre os portugueses em
geral.
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