Ter ou não ter legitimidade para continuar a governar
Ter ou não ter legitimidade
para continuar a governar, depende da vontade popular, isto em democracia. Caso
o Governo não aceite a vontade popular, quer dizer que estamos numa ditadura:
parece-me obvio que o que se passa em Portugal é mais ou menos uma situação de
ditadura institucional, ou seja, o Governo foi eleito por eleições
democráticas, no ano de 2011, em que o Partido Social Democrata (PSD) teve
38,65% dos votos expressos, mais 11,70 do Centro Democrático Social (CDS),
contra 28,06% do Partidos Socialista (PS) e 7,91% do Partido Comunista (PC) e
ainda, 5,17% do Bloco de Esquerda (BE). Estes resultados dão uma legitimidade
de governação, mas tudo o que o Governo tem feito, alterou substancialmente a
base de apoio, ou seja, se hoje houvesse um acto eleitoral, o PSD em conjunto
com o CDS, não conseguiam ultrapassar o PS. E o PS mais PCP e BE, conseguiam obter
uma maioria de 56%, ou seja inverte-se completamente os resultados eleitorais
de 2011, o que pode ser confirmado pelo gráfico publicado no Semanário Expresso
de 13-04-2013.
Com os novos resultados e
com a persistência de o Governo se manter em funções, porque a “múmia” que está
em Belém, que é quem tem o segundo pior resultado, em termos de popularidade,
não faz o papel para o qual foi eleito, ou seja, não cumpre nem faz cumprir a
Constituição, pelo que dá o carácter ditatorial a este Governo.
Pode-se argumentar, que as
eleições são para um mandato inteiro, isso legalmente é verdade, mas todos os
governos constitucionais até à presente data, sempre que viram nas sondagens sucessivas,
que deixaram de ter o apoio popular, acabaram por se demitir. Este não o faz, e
mais, tem a benevolência do Presidente da República, porque pela primeira vez,
existe: um Governo, uma maioria e um Presidente, todos de direita. Até agora,
isso nunca tinha acontecido na história de Portugal do após 25 de Abril de
1974.
Outra coisa que aconteceu na
última semana, foi a vitimização da parte do Governo, sobre a decisão do
Tribunal Constitucional (TC), que chumbou 4 artigos do Orçamento de Estado de
2013 (OE), mas que poderia e deveria ter sido mais um pelo menos, mas as acções
judiciais pertencem aos juízes e não aos políticos, pelo que temos de acatar as
decisões da defesa da Constituição, por quem tem efectivamente de o fazer, que
é o TC.
A hostilização do TC pelo
Governo, fez com que a maioria da população se prenunciasse numa sondagem sobre
essa questão, e os resultados foram:
Uma maioria de 53,2% dos
portugueses inqueridos, disseram que o TC deve limitar-se a cumprir a
Constituição, tal como o fez, enquanto, 30,2% dos inquiridos, pretendiam que o
TC fizesse considerações sobre as suas deliberações. Portanto, até nesta
sondagem, o Governo não consegue obter uma maioria, pelo que demonstra que a
sociedade civil, começa a estar farta deste Governo. Só não vê isso, que é
burro ou que não quer ver o que se passa na vida quotidiana do país.
Ontem à noite no programa da
SIC Notícias “Expresso da meia-noite”, estava lá um dos convidados, que é
Professor Universitário de Economia, que dizia, com outro Governo, já se tinha
conseguido outras coisas junto da troika
e da União Europeia. Este Governo tem este apoio da troika, porque pede ajuda externa, quando as coisas não lhe correm
bem, como foi o caso da decisão do TC. Depois, vem com as ameaças que se não
for feito isto ou aquilo, que os parceiros europeus deixam de ajudar Portugal.
De ameaças está o mundo cheio e nem por isso ele acaba. Esta citação, apenas
quer dizer que se realmente fossemos para eleições, saíamos deste marasmo em
que estamos mergulhados, porque quem nos Governa, fá-lo de uma forma que, vamos
a pique para o fundo do abismo.
Ontem, no fim da reunião do
Ecofin e do Eurogrupo, deixaram de dizer que Portugal está a fazer as coisas
certas, só porque o TC chumbou medidas inconstitucionais, ou seja, acusam
Portugal de ter deixado de ser “o bom aluno”, porque o TC fez o seu trabalho.
Pois bem, isso demonstra perfeitamente o que é que este Governo faz, quando a
situação lhe é adversa, isto é, se é contrariado por outra entidade oficial do
Estado, acusa de imediato à troika,
para que esta faça pressão sobre o país. Isso é lamentável!
Agora vem as ameaças, ou
seja, o Primeiro-ministro na sua declaração de domingo passado, fez as ameaças
que entendeu, agora vem a factura, após a reunião do Ecofin e Eurogrupo em
Dublin, ou seja, substituir os cortes do TC e aprofundar a austeridade: este é
o castigo para quem tenta travar as ideias fascistas do Governo.
Vítor Gaspar, na sua
encarnação anterior, deve ter sido carrasco em Auschwitz, ao serviço do
terceiro Reich, da Alemanha Nazi. A sua amizade com o Ministro das Finanças
alemão Schäubler, não deixa muitas dúvidas disso.


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