A subtileza para a impunidade
Desapareceram os documentos do negócio dos submarinos
Publicado às 00.00 de 11-08-2012 JN
NELSON MORAIS
Grande parte da documentação dos submarinos
desapareceu do Ministério da Defesa. Sumiram, em particular, os registos das
posições que a antiga equipa ministerial de Paulo Portas assumiu na negociação.
"Apesar de todos os esforços e
diligências levadas a cabo pela equipa de investigação, o certo é que grande
parte dos elementos referentes ao concurso público de aquisição dos submarinos
não se encontra arquivada nos respetivos serviços [da Defesa], desconhecendo-se
qual o destino dado à maioria da documentação", escreveu o procurador João
Ramos, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em
despacho de 4 de junho que arquivou o inquérito em que era visado apenas o
arguido e advogado Bernardo Ayala (o processo principal continua em
investigação).
Nos últimos anos, já tinha sido noticiado o
desaparecimento de vários documentos do negócio concretizado, em 2004, quando
Durão Barroso era primeiro-ministro e Paulo Portas ministro de Estado e da
Defesa Nacional. Mas, agora, é o próprio Ministério Público não só a reconhecer
o problema como a atribuir-lhe uma dimensão que vai para além dos casos
pontuais já noticiados.
Leia mais na versão e-paper ou na edição
impressa.
Num Estado de
direito, este caso já estava solucionado há anos, porque na Alemanha foi de uma
solução rápida, quer isto dizer, que na Alemanha a justiça funciona, enquanto
que em Portugal dá para tudo.
Nós contribuintes
deste sistema corrupto, temos o direito de saber para onde vão os nossos
impostos. Num momento de crise em que alguns têm de pagar a fatura dos gastos
excessivos de outros, nomeadamente dos sucessivos governos do país, somos
confrontados com o desvio de parte dos documentos da aquisição dos submarinos,
quando se sabe que houve luvas pagas e contrapartidas que ficaram na gaveta.
Daí, que aceitar este desvio de documentação, para que não haja culpados no
processo de luvas, é crime lesa Pátria!
Sim, porque para
haver dinheiro para subornos, é necessário vender mais caro. Ninguém faz preços
justos se tiver de pagar luvas a alguém, normalmente, essas luvas são
acrescidas ao preço de aquisição do produto.
Este é mais um
processo que morre sem culpados, quando entram políticos, deputados ou
familiares destes, a culpa morre sempre solteira, nunca aparece um culpado para
ser condenado pelo crime cometido.
Neste caso
concreto, fez-se desaparecer documentos que pudessem comprometer (A) ou (B) e
assim a solução passa por arquivar o processo por não se conseguir provar coisa
nenhuma. Depois não se pode apontar o dedo ao CDS, que entrou dinheiro nas suas
contas bancárias na data da compra dos submarinos, que alegadamente foram doadores
anónimos, estamos num país de carolas e que toda a gente é muito rica para de
doar dinheiro a rodos a um partido político.
Tem de acabar os
compadrios dos gabinetes de advogados que também são deputados e estão
completamente interessados na elaboração das leis deste país, para que possam deixar
buracos nas mesmas, afim de não virem a ser penalizados por elas. Também tem de
acabar as negociatas desses escritórios de advogados, que vão negociar pelo
governo “parcerias” e que deixam para o Estado todo o ónus dos encargos e prejuízos
que possa haver no negócio.
Quando acabarem
com esses interesses, então o país poderá desenvolver sem que haja pessoas a
enriquecer à custa de todos e que depois com uma grande lata, dizem que o país
viveu acima das suas possibilidades. Não foi o país que viveu acima das suas
possibilidades, foi o caso de haver políticos pouco honestos, deputados pouco
honestos, que puseram os interesses pessoais acima dos interesses do país.
Roubaram escandalosamente, com agravante de nada lhes acontecer. As leis que
existem foram feitas por eles, para benefício deles, porque dessa forma nunca
são apanhados nas malhas da justiça.
Basta averiguar o
crescimento do património de cada político desde o 25 de abril de 1974,
começando pelos presidentes de câmaras, passando pelos deputados e depois pelos
ex-membros de governos e aos atuais governantes. Com toda a certeza que não
conseguem justificar o crescimento do património com os rendimentos auferidos
oficialmente. É público a troca de “alheiras por robalos”, isto para uns,
possivelmente para outros, as trocas são de outra espécie.
Existe exemplo
mais flagrante que o de Manuel Dias Loureiro?
De José Oliveira
e Costa?
Mas existem
muitos outros, Duarte Lima, Isaltino Morais, etc…
Comentários
Enviar um comentário