Sentido de voto do PS no OE de 2013
Ontem deparei-me com este artigo no
Diário de Notícias, com o qual não concordo. Entendo perfeitamente onde o
Professor Daniel Bessa quer chegar e numa situação normal de funcionamento da
democracia institucional, possivelmente também concordaria com o Professor
Daniel Bessa. No entanto, estamos numa situação criada por este governo, da
política do “custe o que custar” e do “ir para além do memorando da troika”, isso retira toda a legitimidade
ao governo e a quem quer que seja de pedir ao Partido Socialista que se
abstenha ou que vote favoravelmente no OE de 2013. Não nos podemos esquecer,
que este “ir para além do memorando da troika”
e o “custe o que custar”, já causou demasiadas falências e demasiados empregos,
pelo que tem de haver uma oposição forte e consistente a fim de tentar travar
que haja mais do mesmo, ou seja, que para o próximo ano, haja aumento de
austeridade em vez de aumento de crescimento.
Convém não esquecer que a troika não mandou o governo cortar
subsídios de férias e de Natal, foi uma opção deste governo. Aliás, a troika, mandou o governo baixar a TSU, o
que não foi feito e a meu ver, muito bem, porque o governo sabia que isso iria
terminar com a Segurança Social e disse à troika
que não o fazia. Portanto, fica-se com a ideia que muitas coisas que foram
feitas neste país que está a servir de laboratório para outras intervenções, é
da responsabilidade da troika e do
governo. Para o Partido Socialista, na minha opinião, já nada tem a ver com
este memorando, pois já foi tão adulterado em relação ao assinado pelo PS, que
neste momento, deve é distanciar-se dele.
Além disso, este governo tem
hostilizado o PS, desde a sua posse e ao mesmo tempo deixou de comunicar com o
Partido Socialista, daí que não é agora que se pretenda que o PS esteja
disponível para facilitar a vida ao PSD. Há ano e meio atrás, o PSD, foi o
responsável da queda do governo de Sócrates e da crise política que foi aberta,
agora pode haver uma espécie de vingança, por tudo o que tem sido dito ao longo
do último ano, que a culpa é do PS pela actual crise, etc.
Todos sabemos e inclusive o próprio
ministro da Economia já o disse, que a actual crise foi gerada pela crise
internacional e nada tem a ver com as PPP, isso até seria fácil de ultrapassar,
o que não se consegue ultrapassar, é a teimosia da senhora Merkel.
Portanto, espero que haja oposição e
que o OE de 2013, só tenha os votos favoráveis dos partidos da Coligação, que
são os responsáveis da actual política e com o aumento do desemprego e das
falências.
Com as contas do país como estão,
convém não esquecer que um ano depois estão piores, no próximo ano, terá de
haver mais austeridade, ou em contrapartida tem de haver mais tempo para se
atingir as metas do défice.
Sei que não temos a força da Espanha,
mas os nossos vizinhos, não pediram autorização para não cumprirem as metas do
défice, disseram que não iam cumprir, nem este ano, nem no próximo ano.
Também estou convencido, que na visita
da troika, que se inicia amanhã, vai
acabar por haver mais tempo para o cumprimento das metas do défice, porque caso
isso não aconteça, então, ficaremos como a Grécia, sem ar para respirar.
"Cavaco deve intervir para PS não votar contra
Orçamento"
Ontem 26.08.2012 Fonte: DN
O economista e ex-ministro da Economia
Daniel Bessa defende a intervenção do presidente da República na promoção do
diálogo entre o primeiro-ministro e o líder socialista com vista à aprovação do
próximo Orçamento de Estado.
Para Daniel Bessa, é notória a
ausência de uma prática política de convergência de Passos Coelho em relação ao
principal partido da oposição: "Recrimino isso no Governo em funções e
penso que deverá incrementar a componente de negociação com o PS." Quanto
ao sentido de voto, o economista pensa que "o PS se vai abster. Não
precisam de votar a favor, e votar contra seria muito negativo".
Para Daniel Bessa, o discurso do
ministro Vítor Gaspar alterou-se tendo em vista o próximo Orçamento e o Governo
perdeu o fôlego reformista.
Quanto aos empresários, afirma que não
estão a aproveitar as alterações das leis do trabalho. E não acredita que o
programa de ajustamento da troika vá ser cumprido na totalidade.
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