Custos do Trabalho


Esta situação de os custos do trabalho serem mais altos em Portugal que no resto da Europa, penso ser uma grande treta, pois o nosso salário é dos mais baixos da zona euro.
Não me digam que em Portugal, pagam a salários a quem está em casa sem trabalhar, porque segundo o artigo que segue abaixo, em que é afirmado que os custos da produção são mais caros em Portugal que no resto da zona euro. Se os salários lá são mais elevados que cá, substancialmente, só se for nos encargos, com seguros, TSU e subsídio de alimentação, o que não acredito.
Pode haver aqui uma questão de produtividade, mas isso está relacionado com os administradores das empresas. Se forem “baldas”, com certeza que a produtividade será baixa, se forem exigentes, então a produtividade é mais alta.
Convém não esquecer que a vida em Portugal é muito mais cara que na maioria dos países europeus. Quando se vai ao supermercado e se faz um cabaz igual em Portugal e em Espanha, por exemplo, país com salários mais altos que em Portugal, mas muito mais baixos que Itália, França, Alemanha, etc… Esse cabaz é mais caro em Portugal que na Espanha, mas se for comparado com França ou Itália, a diferença possivelmente continua a pender para o nosso lado, com os produtos de primeira necessidade mais caros.
Fico com a ideia, que nos querem preparar para muita mais austeridade e para isso, é necessário haver umas informações na comunicação social deste género, para tentarem mentalizar os portugueses que vai ter de ser assim.
Se o governo resolvesse retirar os ordenados “milionários” que são pagos aos funcionários dos gabinetes dos ministros e secretários de Estado, aí sim, aplaudia a medida, mas para esses não vai haver cortes de subsídios, porque até isso foi contratualizado e vincado que mesmo com ajuda externa, não seriam cortados. Está publicado em Diário da República, não é treta, é o negócio destes ministros para com os nomeados.
Também estou curioso de ver como é com as Fundações e Institutos, possivelmente vai ficar tudo na mesma, mas depois dizem que cortaram bastante, tal como aconteceu nas rendas da energia.
Promessas, já vêm desde a campanha eleitoral, Passos Coelho, fez o papel de Messias o salvador da pátria e dos portugueses, no fim, a montanha pariu um rato, todas as promessas passaram a pesadelo para os portugueses. Agora, já existem vozes no governo, a dizer que o mal veio da crise financeira, convém que o PS na pior das hipóteses se abstenha no OE para 2013, daí que já mudaram o discurso, depois de férias.
Agora vai chegar a troika para mais uma avaliação, que vai ser positiva, disso já todos nós sabemos e até pode ser que sejam bonzinhos connosco, pois temo-nos portado lindamente, não nos manifestamos, aceitamos tudo de bom agrado, muita gente já passa fome, outros “caem” da Ponte Vasco da Gama, enfim, o melhor é aguardar pelo OE de 2013, que pelos vistos vem com mais cortes na Saúde, Educação e Segurança Social.

Custos unitários do trabalho baixam mas estão 10% acima da média da zona euro
22.08.2012 - 16:08 Por Pedro Crisóstomo
Fonte: Jornal Público
Passos Coelho garante que não está a preparar uma baixa de salários.
Portugal está a ter um ganho de competitividade internacional no que toca aos custos do trabalho, mas menos do que a média da zona euro. Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), relativos ao primeiro trimestre, mostram que os custos unitários do trabalho no total da economia são 10% mais elevados em Portugal do que no conjunto dos países da moeda única.
O índice cambial efectivo deflacionado pelos custos unitários do trabalho, através do qual é possível comparar dados entre os países da zona euro para medir o rácio entre as remunerações por trabalhador e a produtividade, caiu em Portugal para 101,8 pontos no final do primeiro trimestre.
Desde final de 2009, registou-se uma queda acumulada de 5,6%, enquanto no conjunto dos países da moeda única o recuo foi de 12,8%.
Os custos unitários de trabalho representam aquilo que cada empresa gasta por cada funcionário, tendo como componente principal o salário do trabalhador. O índice corresponde a um custo de produção relativo dos produtores nacionais por comparação aos produtores dos principais países parceiros nas trocas internacionais.
A diminuição do índice em Portugal significa que os produtores nacionais, ao beneficiarem de uma queda nos custos do trabalho, ganham competitividade em relação aos parceiros.
Porém, o facto de também a zona euro estar a reduzir os custos do trabalho – com um recuo bastante superior – faz com que o ajustamento em Portugal produza menos efeito. Mesmo com Bruxelas a prever que os cortes salariais e o aumento do desemprego para níveis recorde levem, este ano, à maior queda dos custos unitários do trabalho em Portugal desde 1962.
A diferença entre os custos unitários do trabalho entre Portugal e a média da zona euro aumentou entre 2009 e os primeiros meses deste ano. Nessa altura, os custos eram 2,6% mais baixos na área do euro, enquanto a diferença é agora de 10%.
O Governo já abordou a questão da redução dos custos do trabalho e de baixa salarial a duas vozes, com o primeiro-ministro a garantir que não está a preparar qualquer diminuição de salários e o ministro das Finanças a falar numa inevitabilidade de corte dos custos unitários do trabalho.
As declarações recentes de António Borges, consultor do Governo na área das privatizações, defendendo que diminuir salários “não é uma política”, mas “uma urgência” – depois corrigidas pelo próprio – obrigaram o executivo a reagir.
Pedro Passos Coelho garantiu no início de Junho não ser sua política “apostar em nenhuma desvalorização adicional dos salários portugueses”. No mesmo dia, O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, embora defendendo que a visão do executivo para a economia não se baseia em “em níveis baixos de produto, produtividade e salários”, afirmou que os ganhos de competitividade terão de ser conseguidos através de “algum dos componentes [dos custos unitários de trabalho]”.
António Borges veio mais tarde retomar a questão que abordara numa entrevista ao Etv, afirmando que aquilo que lhe fora atribuído não fazia sentido e que “ninguém pode ser a favor de um país de gente pobre”.
Entretanto, o BCE veio defender para Portugal e os outros países sob intervenção externa uma redução salarial como estratégia para os países em dificuldades ganharem competitividade. A recomendação foi imediatamente criticada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que alertou para o efeito negativo que a medida produziria no mercado de trabalho e na economia, porque poderia agravar a actividade económica ainda mais num período de crise.

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