Pedro Passos Coelho


Estive a rever umas coisas que escrevi há uns meses atrás para as minhas memórias e encontrei este artigo que agora publico, pois acho que continua actual. Com tantos aumentos, é caso para perguntar ao ministro Gaspar onde foi que errou?
O défice para este ano não vai ser cumprido, ao não ser que haja medidas adicionais.
Já confiscaram o subsídio de férias e de Natal, qual vai ser o confisco seguinte?
Essa é a questão que vamos ter de esperar que a troika faça a sua avaliação e depois aparecem essas medidas.

Durante a campanha eleitoral, Passos Coelho dizia que os portugueses já não conseguiam suportar mais sacrifícios, que não era possível ter um governo socialista a aumentar os impostos e daí o chumbo por parte do PSD e de toda a oposição ao PEC 4 que o governo de José Sócrates apresentou na Assembleia da República. Prometeu que não fazia cortes no subsídio de Natal.

Quando toma posse em Junho de 2011, apresentou um governo de tecnocratas, que nada percebem de política e que estão no governo para por as contas públicas em ordem.
·         Primeira grande medida subir o IVA da electricidade de 6 para 23%.
·         Segunda grande medida cortar 50% do subsídio de Natal a todos os funcionários, público e privados, assim como aos pensionistas.
·         Terceira grande medida cortar em 2012 e até 2014 os subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensionistas.
·         Quarta grande medida aumentar o IVA dos produtos de primeira necessidade de 6 para 12% em alguns casos e noutros de 6 para 23%.
·         Quinta grande medida aumento dos transportes públicos duas vezes no espaço de 4 meses e três vezes no espaço de 13 meses.
·         Aumento das taxas moderadoras em percentagem muito elevada, com retirada de isenções a bombeiros, dadores de sangue, reformados, etc.
·         Cortes no Serviço Nacional de Saúde, de forma a que os doentes oncológicos não conseguem ir ao hospital fazerem os tratamentos por falta de dinheiro para os transportes.
·         Nomeação de “Boys” para cargos públicos como nunca se viu antes.
Quando o Primeiro-ministro Passos Coelho diz no parlamento que custe o que custar, Portugal vai cumprir o acordo da troika. Quando o nosso ministro das finanças diz constantemente que o programa deste governo vai mais longe que o programa negociado com a troika, então, estamos aqui para empobrecer, para servirmos de exemplo para a Europa, para prestarmos vassalagem à Alemanha e à França, nomeadamente à senhora Merkel e ao senhor Sarkozy.
Temos um Primeiro-ministro que está cá para servir a Alemanha e não o seu país, quer ser o bom aluno da CE, não se importando que com isso possa por em causa a sobrevivência do seu povo. Está-se nas tintas para o povo, apenas quer continuar a servir os interesses da Alemanha.
Na passada segunda-feira 6 de Fevereiro de 2011 numa palestra que deu, disse que os portugueses tinham de ser “menos piegas”.
Os portugueses são tudo menos piegas, são trabalhadores, são explorados pelos empresários que não sabem gerir as suas empresas, são respeitados pelos outros povos, devido ao seu profissionalismo no trabalho, são mal governados desde sempre. Temos políticos que deviam ser deportados por tão mal servirem o país!
Temos um Primeiro-ministro, aliás quase todos os chefes dos governos anteriores, nunca trabalharam. Pelo menos da forma como a maioria do povo português. Uma grande percentagem deste povo começou a trabalhar bastante cedo, por volta dos 14 anos senão mais cedo, e por vezes, em profissões bastante pesadas. Uns conseguiram estudar à noite, outros não tiveram essa sorte, pelo que dizer que os portugueses “têm de ser menos piegas”, é uma ofensa para os portugueses em geral, pelo menos para mim é, pois já levo 46 anos de trabalho e descontos para a Segurança Social e se eventualmente pedir a reforma sou penalizado por antecipação da mesma. No entanto, os políticos estão fora desta Lei, para eles criaram as subvenções vitalícias e as reformas ao fim de dois mandados de deputados ou de governo.
Ser piegas é o Primeiro-ministro estar constantemente a dizer que a austeridade que impõe aos portugueses, foi negociado pelo acordo do PS com a troika, quando o partido dele, também é responsável por essas negociações. Pelo menos como já foi dito mais de uma vez, tanto pelo Primeiro-ministro, como pelo ministro das finanças que estão a ir mais longe que o programa de entendimento com a troika. Se estão a ir mais longe como afirmam constantemente, então são realmente piegas em ter de estar sempre a lamentar-se da mesma coisa, quando estão constantemente a dificultar a vida aos portugueses.
O Primeiro-ministro Passos Coelho, nascido de uma família pobre transmontana, dentro de uns anos ou vai ter um cargo político na CE, como o Durão Barroso, ou vai estar podre de rico como alguns dos seus correligionários de partido.
É costume dizer-se que as pessoas têm aquilo que merecem, mas os portugueses não merecem um Primeiro-ministro tão mau! Aliás não merecem um governo péssimo como este, senão vejamos:
·         Para Ministro da Saúde, escolheram um gestor do ramo dos seguros de saúde do Millennium BCP. Logo este senhor pretende que os hospitais privados possam fazer consultas de clinica geral a preços competitivos com o Serviço Nacional de Saúde, daí o aumento brutal das taxas moderadoras.
·         Para o Ministério da Economia, foi escolhido um emigrante que estava no Canadá, percebendo muito pouco da realidade portuguesa.
·         Para a pasta dos Negócios Estrangeiros, foi escolhido o líder do CDS Paulo Portas. Ainda decorre o processo da compra dos submarinos e este senhor volta ao governo, talvez com o intuito de travar qualquer penalização nas luvas e corrupção que houve com esta compra. Na Alemanha já foram julgados os implicados e condenados, em Portugal ainda não passou da fase de Instrução!
·         Para Ministro-adjunto e Assuntos Parlamentares, foi escolhido o Miguel Relvas, político desde 1985 e que contratou um motorista a ganhar qualquer coisa como 73.000 €/ano. Como é possível um motorista ganhar mais de 5.000 € por mês? Quanto ganha o ministro? Que nome se pode dar a isto?
·         Para as Finanças foi escolhido um tecnocrata que está a fazer a vida negra aos portugueses, seu nome Vítor Gaspar.
Nas nomeações deste governo também acontecem coisas engraçadas, tais como a nomeação de Vasco Graça Moura para o CCB. Um homem com 70 anos, já reformado e agora eu pergunto, não temos ninguém mais novo com formação cultural para administrar o CCB? 
Então, porque é que existem cursos de Gestão do Património?
Não tenho nada contra as pessoas idosas, até pelo contrário, têm conhecimentos adquiridos ao longo da vida, mas não podemos menosprezar os mais jovens que têm novas ideias e formas diferentes de ver as coisas. Também penso que uma pessoa que já está aposentada tire um lugar a quem está na idade activa, dos 20 aos 65 anos. Também podem dar o trabalho a este senhor, mas deviam suspender a sua pensão e apenas ficar com o vencimento.
Nesta nomeação a coisa mais interessante, foi ele ter exigido que fosse retirado dos computadores do CCB o corrector ortográfico e que lá no CCB todos teriam de seguir o acordo anterior e não o actual que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2011. Uma coisa é o senhor Vasco Graça Moura ser contra o acordo ortográfico, (eu também sou) outra é não seguir a ordem oficial do Estado português e dizê-lo publicamente, quando está a trabalhar para o Estado.
Por falar em nomeações, temos mais uma escandalosa, outro “Velho do Restelo” que foi nomeado para administrador da EDP que também tem 70 anos de idade e que entrevistado na televisão lhe foi perguntado se não devia suspender a sua pensão, a resposta não se fez esperar “claro que não, tenho direito a ela”. Até pode ter direito à sua reforma, ninguém põe isso em causa. O que está errado é esse senhor ir ganhar qualquer coisa como 500.000 €/ano, mais as alcavalas que não sabemos. No entanto, são estes ordenados que fazem com que o preço da luz que pagamos não desça mas aumente todos os anos. Onde está a equidade na austeridade?
Quando as desigualdades são tão aberrantes, dá vontade de clamar por uma nova revolução, mas desta vez “sem cravos”!
Temos pessoas a morrer por falta de tratamentos, porque não têm dinheiro para pagar os transportes para ir ao hospital, temos pessoas que possivelmente morrem de fome e só temos conhecimento meses depois, quando alguém já se fartou de bater à porta da pessoa em causa e tem de chamar as autoridades, porque algo não bate certo. Temos idosas que morrem e só ao fim de 9 anos é que se descobre, porque a habitação foi leiloada pelas finanças (por falta de pagamento do imposto IMI) e o novo proprietário, além do património herda também um cadáver mumificado.
Ouvimos os nossos governantes constantemente a dizer que o país viveu acima das suas possibilidades. O país não viveu acima das suas possibilidades, os políticos foram muito maus governantes, alguns foram corruptos, outros roubaram mesmo e depois de tudo isso, tivemos a banca à procura do lucro fácil e das facilidades de financiamentos a quem não podia pagar nos empréstimos em que se estavam a meter. Algumas pessoas viveram acima das suas possibilidades, os governos viveram acima das suas possibilidades, os políticos viveram todos acima das suas possibilidades e agora todos temos de pagar. Quem não viveu acima das suas possibilidades também está a pagar uma factura que não é sua. A riqueza produzida no país não foi dividida equitativamente entre todos, foi muito mais para os ricos que para os pobres, mas quando chega a hora de pagar, também não existe equidade na austeridade. Os ricos dizem que são simples assalariados (Américo Amorim), mas quando as finanças fazem buscas na escrita das suas empresas, encontram festas de baptizado do neto nas contas de uma das empresas do grupo. Também aparece o aluguer de um avião sem justificação. A classe média foi a mais sacrificada nesta austeridade, enquanto que os ricos, cada vez ficam mais ricos.
Por tudo isto, acho que é tempo de dizer basta!
Temos um novo Salazar em curso e antes que ele se agarre ao poder, poderemos ter de fazer alguma coisa para o evitar.

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