"Eu sou Independente"
Até pode ser que seja
independente, mas que não parece, não parece. Uma pessoa com o cargo de
directora do DCIAP, que pertence ao Ministério Público, não devia sequer
aceitar o convite para falar na Universidade de Verão da JSD, quanto mais
afirmar o que por lá disse, que “não há corrupção em Portugal”. Não é isso que
os portugueses pensam. Possivelmente a senhora procuradora vive num planeta que
não a Terra, e dentro desse planeta não existe Portugal, porque se existisse,
talvez mudasse de ideias.
Todos os dias se lêem notícias
de tráfico de influências, de corrupção, de fuga de capitais e branqueamento de
dinheiro, mas a senhora procuradora, não deve ler os jornais deste nosso país.
Daí que a independência dela ao poder político, deve realmente ser muito pouca.
É procuradora há doze anos,
neste período de tempo, já se leram várias notícias de corrupção tais como o
Freeport, o caso Portucale, o caso BPN, o caso da compra dos submarinos, etc.
O problema da senhora
procuradora, é que a “Justiça” neste nosso país nunca se faz e no caso de haver
julgamentos, mesmo que haja sentenças, como nos casos do Isaltino Morais, do
Valentim Loureiro e Macário Correia, as sentenças não são para cumprir. Porquê?
Porque são políticos, e não podem ser presos!
É o que falta mudar neste
país, é o crime de colarinho branco, que tem de passar a ser punido e as
pessoas a ser presas. Prende-se quem rouba um chocolate para matar a fome, mas
não quem está farto de ser subornado.
A senhora procuradora tem
uma área onde pode explorar muitas fortunas, que é nos rendimentos declarados
pelos políticos, quando entram para a política e verificar novamente os
rendimentos ou a fortuna que angariaram durante esse período de actividade. Se
o fizer, vai encontrar muitos Dias Loureiro.
Cândida
Almeida: "Eu sou independente"
Publicado à 01.28
Fonte: JN
NELSON MORAIS
A directora do Departamento
Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida, refutou a ideia, esta
segunda-feira à noite, de que a sua participação na "Universidade de Verão
da JSD", em Setembro, tenha posto em causa a sua independência ou revele
uma qualquer colagem ao PSD ou ao actual Governo.
Cândida Almeida respondia a
uma pergunta formulada por Jorge Carvalho, cidadão que assistia a um debate
promovido pelo Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia. A mais antiga
procuradora do Ministério Público em funções refutou o tom crítico daquela
pergunta, lembrando que, no passado, também chegou a participar em eventos do
PS e do PCP, num exercício de cidadania que considera compatível com a independência
que lhe é exigível enquanto magistrada.
A procuradora-geral adjunta
afirmou não receber ordens do poder político e disse que já lhe imputam
simpatias políticas desde que esteve envolvida no processo das FP25, em que foi
arguido Otelo Saraiva de Carvalho. "Quando foi o caso do Otelo [FP25]
colocaram-me no PCP, mais tarde colocaram-me a defender o Sócrates e agora o
Portas. Eu sou independente", garantiu.
A suposta defesa de José
Sócrates que foi refutada por Cândida Almeida teria tido lugar na investigação
do processo Freeport, enquanto a referência a Paulo Portas tem que ver com o
processo sobre suspeitas de corrupção no negócio de dois Submarinos, que está
em investigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP),
há meia-dúzia de anos sem que lhe sejam conhecidos arguidos ou outros
resultados.
Lei
do enriquecimento ilícito é "inconstitucional"
Após uma intervenção inicial
de 20 minutos, Cândida Almeida foi questionada, pelo presidente do Clube dos
Pensadores, Joaquim Jorge, sobre o crime de enriquecimento ilícito. Respondeu
que a primeira versão aprovada pela Assembleia da República lhe pareceu
inconstitucional, como declarado pelo Tribunal Constitucional, "mas isso
não quer dizer que amanhã não possa ser encontrada uma solução", observou.
"Estou aberta, toda a
comunidade jurídica deve estar aberta", assumiu Cândida Almeida, sobre a
possibilidade de o legislador insistir na criação daquele tipo de crime. O
Governo já fez saber que deverá apresentar uma nova proposta legislativa já no
início de 2013.
Procuradora
nega violação do segredo de justiça
As notícias das buscas do
processo Monte Branco que visaram o fiscalista Medina Carreira, na semana
passada, suscitou uma série de questões da assistência à oradora convidada, às
quais esta respondeu afirmando que, "em princípio, não é o Ministério
Público que viola o segredo de justiça".
"O processo passa pelo
MP, pelos funcionários, vai ao órgão de polícia criminal, ao juiz e
eventualmente ao representante da Ordem dos Advogados", relativizou. Mas
Cândida Almeida até confessou que o MP sabe quem é responsável pelas fugas de
informação: "Nós sabemos, mas não podemos prová-lo", afirmou.
De resto, para a
procuradora-geral adjunta, pretender acusar o Ministério Público de violar o
segredo de justiça é considera-lo "um pouco esquizofrénico". Porque o
MP defendeu o segredo de justiça, na última reforma penal, em 2007, e é ele
quem o aplica aos inquéritos criminais (por regra públicos, desde aquela
reforma), justificou-se a directora do DCIAP, sustentando que a sua magistratura
não tem dupla personalidade.
A magistrada fez ainda uma
crítica ao facto de o processo principal do BPN se encontrar em julgamento há
já dois anos. "Há só duas sessões por semana, outras vezes não
há...", lamentou, sustentando que a investigação desse processo foi
rápida. Mas o DCIAP ainda tem pendentes cerca de duas dezenas de inquéritos do
caso BPN.
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