Mais uma nomeação política
Em Portugal temos 10 milhões
de habitantes, mas, por incrível que pareça, são sempre os mesmos a ser
escolhidos para comissões oficiais, disto ou daquilo. Não tenho nada contra
Lobo Xavier do CDS, mas não me parece que seja muito transparente a nomeação de
Lobo Xavier para o cargo de Presidente da Comissão da Revisão do IRC, quando o
dito senhor é administrador do BPI, da Mota Engil e da Sonaecom.
Em Portugal misturam-se os
interesses entre as grandes empresas e o Estado e mais uma vez acontece esta
situação, com a presidência de Lobo Xavier à Comissão da Revisão do IRC.
Lobo Xavier ao fazer parte da
administração das citadas empresas, é também pessoa interessada em baixar o IRC
para que venha beneficiar estas empresas de onde é administrador. Ora esta
situação, demonstra que existe “conflito de interesses” de Lobo Xavier para
presidir à Comissão do IRC.
Neste país continuamos a ter
uns privilegiados, que são nomeados para tudo o que dê dinheiro e poder, assim
como quem nomeia são os “amigos governantes”.
Este administrador
representa três sectores importantes da nossa economia. A banca, a grande
distribuição e da construção civil e obras públicas. Se isto não quer dizer
promiscuidade, então, não sei o que é conflito de interesses.
Em Portugal existem milhares
de economistas, de juristas, mas tem de haver sempre mais uma nomeação para
isto ou aquilo.
Biografia
de Lobo Xavier
Licenciou-se
em Direito, em 1982, e obteve o mestrado em Ciências Jurídico-Económicas, em
1988. Iniciou a sua carreira como assistente da Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, função que exerceu entre 1983 e 1994. Desde então
dedica-se à advocacia, tendo integrado as firmas Osório de Castro, Verde Pinho,
Vieira Peres, Lobo Xavier & Associados, entre 1989 e 2005, e a Morais
Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados, desde 2006. Tem o
título de advogado especialista em Direito Fiscal, pela Ordem dos Advogados,
desde 2004. Foi membro do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
Fiscais, entre 1986 e 1991, e colaborador da Reforma Fiscal de 1988.
Na
área empresarial, é gestor de topo na Sonaecom[1]
e vogal (não executivo) do Conselho de Administração da Mota-Engil.
Anteriormente foi membro do Conselho de Administração do Futebol Clube do Porto
e da Cerâmica de Valadares. Faz parte dos órgãos de várias instituições, sendo
vogal da Direcção da
Associação Comercial do Porto e dos Conselhos de Administração da Fundação de
Serralves e da Fundação Belmiro de Azevedo.
Militante
da Juventude Centrista e do Centro Democrático Social, foi deputado à Assembleia
da República, de 1983 a 1996,[4] candidato à liderança do CDS, em 1992,
presidente do seu Grupo Parlamentar, entre 1992 e 1994. Preside à Assembleia
Municipal de Penafiel, desde 2005. É comentador político na Quadratura do
Círculo, na SIC Notícias, desde 2004.
A
8 de Junho de 2012 foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do
Infante D. Henrique.
BE denuncia "conflito
de interesses" de Lobo Xavier para presidir a Comissão do IRC
Lobo
Xavier pertence aos conselhos de administração do BPI, da Mota Engil e da
Sonaecom
O
BE considera que o ex-dirigente do CDS Lobo Xavier não deveria presidir à
Comissão da Revisão do IRC, que tomou esta quinta-feira posse, por conflito de
interesses, já que pertence aos conselhos de administração de grandes empresas.
A
deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago afirmou no Parlamento, aos jornalistas,
que o partido viu com "grande incredulidade" a nomeação de Lobo
Xavier para presidente da comissão que estudará uma eventual reforma do IRC, o
imposto que pagam as empresas.
A
"estranheza" do BE, acrescentou Ana Drago, deve-se ao facto de Lobo
Xavier pertencer aos conselhos de administração do BPI, da Mota Engil e da
Sonaecom, "ou seja, grandes grupos empresariais" que "contribuem
bastante" para o IRC e que "nos últimos anos", receberam
"apoios e dinheiros públicos", como é o caso do BPI, ou ficaram
conhecidos "pela mobilidade para a Holanda por questões fiscais".
"É
uma espécie de nomeação em que pomos as raposas a definir as regras de proteção
do galinheiro, ou seja, são as grandes empresas, um representante, um
administrador das grandes empresas, que vai presidir a um estudo da reforma do
IRC. Não são, portanto, as pequenas e médias empresas que vão definir dados de
tesouraria, não é um representante do setor da restauração a braços com uma
carga fiscal do IVA que está a matar todo um setor. Não, são de facto os
grandes grupos empresariais que vão dominar a agenda desta revisão do
IRC", afirmou Ana Drago.
Para
a deputada existe neste caso um "conflito de interesses absolutamente
óbvio" e que se trata "sem dúvida" de uma "nomeação
política".
"Aliás,
apreciamos o dom da ubiquidade do dr. Lobo Xavier, que está em todos estes
conselhos de administração e, simpaticamente, ainda tem a generosidade de fazer
e de estar a presidir a esta mesma comissão (...). E quando nos dizem que o dr.
Lobo Xavier faz tudo isto de graça, pro bono, compreendemos bem porquê, porque está
de facto a representar os interesses que não são os do país, os de todos os
contribuintes, os interesses do Estado", destacou.
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