Relatório do FMI, é um fato feito à medida
O relatório do FMI (Fundo
Monetário Internacional), foi feito à medida do Governo.
Neste relatório encontramos
muitas frases que já foram usadas pelos diversos membros deste Governo, com o
intuito de dizer que é necessário cortar aqui e cortar ali.
Vamos por partes:
Ø Vencimentos
dos médicos são considerados pelo FMI, demasiado alto, comparado com outros
países europeus. Devido ao valor pago pelas horas extraordinárias. Aqui existe
algo que não bate certo, porque temos operações que demoram horas a fio, e,
poderá acontecer da equipa de cirurgia entrar para o bloco operatório para
operar o doente, próximo do fim do seu horário de trabalho. Que fazer?
Interromper a operação e voltar no dia seguinte? Claro que não! Mas parece que
é isso que o FMI está a contestar. Médico de clinica geral ou outras
especialidades que não operadores, poderão ter um horário mais rígido, mas
mesmo assim, poderão haver situações em que estão doentes para atender em
consultas externas, que se deslocaram de longe e que esperaram meses pela
consulta, que fazer nestes casos? Mandar os doentes embora sem consulta?
Ø Juízes
que segundo o FMI, têm regalias especiais e reformas chorudas comparado com
outras profissões. Até pode ser, mas já foram cortadas algumas regalias a este
sector da nossa sociedade, nomeadamente casa, férias judiciais e trabalho em
casa. Na altura deu bastantes problemas com o Governo de José Sócrates, houve
greves ou ameaças disso, mas foram efectuadas algumas alterações. Pode ser
necessário fazer mais algumas, é natural, o que não se pode fazer é tudo de uma
vez, de um dia para o outro, e muito menos cortes salariais ou nas pensões,
como recomenda o FMI.
Ø Dispensar
50 mil professores. Qual é a ideia? Colocar Portugal no fundo da tabela dos
países com menos literacia e mais analfabetos? Fazer uma escola só para ricos e
acabar com a igualdade de oportunidades entre ricos e pobres? O direito ao
ensino e ao conhecimento é só para quem pode pagar? Essas questões o relatório
do FMI, não esclarece nada, porque mais uma vez digo: foi feito à medida do
pedido do Governo!
Ø Baixar
os salários dos funcionários públicos em 7%, que pouparia 760 milhões de euros
ao ano. Se a equipa do FMI, dissesse que deveria haver um congelamento salarial
dos funcionários públicos, durante 3 ou 4 anos, ainda se compreendia, mas,
aliás, essa medida neste momento está a ser feita, excepto para gestores. O que
não se pode é cortar rendimento, baixando o salário pura e simplesmente. Existe
despesas e compromissos assumidos pelas pessoas, que têm de os cumprir,
nomeadamente com instituições bancárias, devido à compra de casa, etc.
Ø Forças
de segurança a mais e que devem ser dispensados. É uma velha questão, que
existe há muitos anos. Temos polícias atrás das secretárias nas esquadras, para
fazerem trabalho administrativo, que poderia ser feito, por funcionários
públicos que estão na mobilidade, disponibilizando esses agentes para
patrulhamentos e outras missões. Isto por um lado, por outro lado, sabe-se que
foi criada a Polícia Municipal e que quase todas as autarquias criaram a sua
força policial. Aí, tenho dúvidas da necessidade dessa força policial, até
porque na maioria dos casos, não passam de funcionários que andam com um
reboque pelas ruas do Conselho, com o intuito de rebocar carros que estão mal
estacionados ou que não pagaram o parqueamento. Também não sei de quantos
agentes policiais desta força, se está a falar, mas penso que serão alguns
milhares largos em todo o país.
Ø Forças
Armadas. Neste campo, o que está errado, é continuarmos a ter militares em
missões no estrangeiro, nomeadamente no Afeganistão, no Kosovo, em Timor, no Líbano,
etc. Se nós não temos dinheiro e estamos a pedir para Portugal sobreviver, não
temos de manter essas missões no estrangeiro, até porque ninguém nos paga essa
ajuda humanitária ou militar.
Ø Estado
Social. Neste campo o FMI, quer cortar a torto e a direito, ou seja, mostra
claramente que existe uma discrepância na fórmula de achar o valor da pensão na
Caixa Geral de Aposentações (CGA), dos funcionários públicos, e, a fórmula em
que se determina a reforma da situação contributiva da Segurança Social, com
benefício dos primeiros em relação aos segundos. Neste caso o FMI, aconselha
que se baixem de imediato as pensões, mesmo aos pensionistas actuais, retirando
rendimento a esses pensionistas. Mais uma vez, deveria ser considerada outra
hipótese de bloquear automaticamente o aumento do valor das pensões durante “X”
anos, para que houvesse esse ajuste e normalizar com a Segurança Social, para
que não houvesse diferenciação entre pensionista e reformado. Também deve haver
uma normalização na idade da reforma ou de tempo de serviço. Em 2005 foi feito
uma melhoria substancial pelo Governo de José Sócrates nesse sentido, e todos
os funcionários públicos admitidos a partir desse ano, já estão integrados na
Segurança Social, com limite de data de reforma aos 65 anos ou 40 anos de
serviço. Nos subsídios de desemprego, se nesta altura em que a economia está a
ser destruída, se cortar nesses subsídios, das duas, uma, ou temos uma revolta
popular, ou aumenta a criminalidade, porque as pessoas têm de sobreviver.
Concordo que tem de haver fiscalização, para que não haja famílias a terem
diversos rendimentos, ou seja, Rendimento de Reinserção, subsídio de desemprego
e sei lá que mais. Claro que isso não pode acontecer e existem abusos, porque o
Estado não controla essas coisas como devia. No entanto, o FMI, não sei se por esquecimento, se por não ter sido
devidamente informado pelos diversos ministérios e secretarias de Estado,
omite, as subvenções vitalícias dos ex-políticos, as reformas excessivas dos
mesmos e as idades destes quando se reformam. Talvez o ministro da Segurança
Social, se tenha esquecido de fornecer estes dados das ditas pensões pagas a
quem não devia ter direito a elas. Por exemplo: Assunção Esteves, (9 anos de
trabalho), Miguel Relvas (reformado aos 51 anos).
Na elaboração deste
relatório, a equipa beneficiou muito de discussões com ministros e / ou Secretários
de Estado de todos os 11 ministérios, bem como suas equipas, e com vários representantes
de outras organizações. Especificamente, a missão reuniu-se com os Ministros de
Estado Vítor Gaspar (Finanças) e Paulo Portas (Negócios Estrangeiros);
ministros José Pedro Aguiar- Branco (Defesa Nacional), Miguel Macedo (Administração
Interna), Paula Teixeira da Cruz (Justiça), Álvaro Santos Pereira (Economia e
Emprego), Assunção Cristas (Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do
Território), Paulo Macedo (Saúde), Nuno Crato (Educação e Ciência), e Pedro
Mota Soares (Solidariedade e Segurança Social), e Secretários de Estado Carlos
Moedas (Gabinete do Primeiro Ministro) e Simões Júlio Paulo (Ministro Adjunto
dos Assuntos Parlamentares). A equipa da missão muito beneficiada pela orientação
fornecida pelos Secretários de Estado Luís Morais Sarmento e Hélder Rosalino da
Ministério da Fazenda, e Miguel Morais Leitão, do Ministério dos Negócios
Estrangeiros. A equipa gostaria de expressar o seu sincero apreço pelas excelentes
discussões e comentários fornecidos pelos funcionários do governo com quem se
reuniu. Gostaria de expressar a sua gratidão à equipa de exame por sua
excelente coordenação e apoio logístico durante a estadia da equipa em Lisboa.
Fonte:
Relatório do FMI
Acima está os agradecimentos
da equipa do FMI a quem o Governo pediu para elaborar este relatório, que continuo
achar que foi feito à medida deste Governo, para querer fazer a “refundação” do
Estado e para a qual, continua a solicitar a colaboração do Partido Socialista,
mas que pelo menos até agora, António José Seguro, garantiu que não está disponível
para este ajuste de 4.000 milhões de euros e que Pedro Passos Coelho, não te legitimidade
para o fazer sozinho, como diz que vai fazer.
Muita coisa está mal no
nosso país, que tem de ser mudada, mas não podemos num momento de crise,
aproveitar para fazer alterações profundas, isso devia ter sido feito há alguns
anos atrás e não tínhamos chegado a este estado de coisas.
Tem de se acabar com as
nomeações de “boys e girls” sempre que muda o Governo. Tem de haver confiança
nos técnicos que se encontram nos ministérios e as mudanças de governo, não
devem servir para criar empregos aos amigos.
Também não me convenci com a
informação dada pelo FMI, que Portugal tem muitos funcionários públicos, sem
habilitações, nos topos de carreira, que ganham ordenados altos e
comparativamente com gestores públicos, esse funcionários são principescamente
pagos.
Os gestores passaram uma
parte da sua vida a estudar as teorias, mas os funcionários públicos que
subiram nas suas carreiras, passaram uma vida a aperfeiçoar e aprender na
prática os seus conhecimentos, pelo que possivelmente poderão estar ombro a
ombro em conhecimentos com os ditos gestores. A “Universidade da Vida”, é tão
boa quanto a Universidade dita “normal”, pelo que se forem vistas as coisa do
lado isento da vida, possivelmente o funcionário público, terá mais
conhecimentos que o gestor de 29 anos de idade sem experiência nenhuma.
Também segundo o Jornal
Público, existe 7 inconstitucionalidades neste relatório, mas o secretário de
Estado Carlos Moedas, diz que está impecável, “muito bem feito”, e “muito trabalhado”.
O OE de 2013, também, mas não deixa de ter inconstitucionalidades, é só mero
acaso!
Mas mais uma vez digo este
relatório é um fato feito por medida no alfaiate tradicional e não na fábrica
de confecção.
Comentários
Enviar um comentário