Em 4 dias, 3 manifestações de protesto
Parece que realmente os
cidadãos começaram a fazer o que tem de ser feito, ou seja, aprisionar os
governantes dentro dos seus gabinetes.
Em 4 dias apenas, tivemos,
uma manifestação dentro da Assembleia da República, com o “povo” a cantar Grândola
Vila Morena de Zeca Afonso, sendo necessário evacuar as galerias. No passado
domingo, em Aveiro, foi o primeiro-ministro mais uma vez brindado com outra
manifestação de apupos e com gritos de “gatunos”. Ontem segunda-feira, no Clube
dos Pensadores em Vila Nova de Gaia, foi a vez de Miguel Relvas ser interpelado
com o cântico da Grândola Vila Morena, em que ele tentou cantar, sem saber a
letra, pois não é nem foi da sua juventude a bandeira de luta contra o
fascismo. Hoje, no ISCTE, em Lisboa, mais uma vez Miguel Relvas foi interpelado,
e não conseguiu discursar na passagem do 20º aniversário da TVI. Foi calado
pela força das vozes dos estudantes, com palavras de ordem de “está na hora,
deste Governo ir embora” e “gatunos”, “ladrões”.
Chegou a hora de realmente
obrigar esta “escumalha” política que não sabe o que é a vida, que são uma
cambada de oportunistas, desonestos, etc., a ir embora, que emigrem que se
reformem com a pensão mínima.
Nestes 4 dias estiveram os “dois
grandes amigos” na berlinda, mas espero que continue com todos os outros
ministros e secretários de Estado, nomeadamente com o recém-nomeado Franquelim
Alves, que está implicitamente ligado ao escândalo do BPN.
A prisão dos gabinetes é de
pouca monta, porque não é realmente prisão, mas pelo menos faz com que eles
tenham de pensar o que estão a fazer ao país. Mas mais vale obrigar estes
bandalhos a ficarem retidos nos gabinetes para não conseguirem andarem por este
país a semear demagogia. E também falta saber se não aparece nenhum desesperado
que eventualmente faça justiça pelas suas próprias mãos.
Relvas,
recebido com protestos em conferência da TVI, foi-se embora sem discursar
MARIA LOPES e HUGO TORRES
19/02/2013 - 17:59 (actualizado às 20:30)
Estudantes e activistas
pedem demissão do ministro, em conferência em Lisboa. Governo diz que
"nunca se deixará condicionar por acções de natureza semelhante".
Governo lamenta
"circunstâncias anómalas" em conferência da TVI
Relvas interrompido por “Grândola Vila
Morena”: “Governo só vai embora em 2015 se portugueses quiserem”
Foi ao som de gritos de
“demissão!” e “para os bancos só milhões, para o ensino só tostões!” e apupos
de dezenas de alunos que o ministro Miguel Relvas foi recebido nesta terça-feira
à tarde no ISCTE, em Lisboa.
No auditório onde Miguel
Relvas deveria encerrar a conferência sobre o futuro do jornalismo, organizada
pela TVI para assinalar os 20 anos da estação, cerca de uma centena de alunos
levantou-se assim que o ministro entrou na sala e fez um barulho ensurdecedor,
empunhando cartazes e uma enorme faixa que não se tinham ainda visto. “Bolsas
sim, propinas não! Este Governo não tem educação!”, gritou-se repetidamente.
Quando os gritos acalmaram, ouviu-se uma pergunta: “Vieste às aulas hoje?”.
O pivot da TVI Pedro Pinto,
que moderava um debate, apelou à calma e pediu para que a assistência deixasse
a administradora da TVI Rosa Cullell encerrar a conferência. Quando Miguel
Relvas subiu ao palco para falar, o ruído ensurdecedor voltou. O ministro
esperou uns minutos, de sorriso aberto no rosto, mas depois desistiu. Desceu do
palco, rodeado por seguranças, cumprimentou os responsáveis da TVI e da Media
Capital que se encontravam na primeira fila e saiu. Sempre ao som de frases
como “Dói a propina! Dói a propina!”, “Está na hora, está na hora de o Governo
ir embora!” e ainda “Estudantes unidos jamais serão vencidos!”.
Já fora do auditório, Miguel
Relvas tentou sair por diversas portas do edifício, mas as saídas estavam
barradas por grupos de estudantes, que também fizerem uma espera ao ministro
junto aos automóveis da sua comitiva. Na rua ouviu-se Grândola, Vila Morena,
que nos últimos dias tem sido a banda sonora de protesto contra o Governo – foi
no debate quinzenal no Parlamento, na segunda-feira num debate em V.N. Gaia
onde Relvas era o convidado, e voltou a ser agora no ISCTE.
Depois de o ministro sair,
foi a vez de o jornalista e director de Informação da TVI, José Alberto
Carvalho, subir ao palco e tentar acalmar os ânimos. “Os jornalistas são os
vossos maiores aliados, até ao momento em que a liberdade de expressão se torna
uma agressão a outros valores”, começou por dizer, vincando que “a liberdade de
expressão não se impõe silenciando os outros": "Foi também isso que
discutimos aqui hoje.”
Antecipando-se a uma vaia ou
aplausos, José Alberto Carvalho avisou que não estava a dar a sua opinião
“sobre Miguel Relvas, o Governo ou sobre as pessoas que se manifestaram”. “A
liberdade de expressão é um princípio que devemos e que estivemos aqui a
discutir hoje. Podem contar com a TVI para isso.” Foi aplaudido e os estudantes
saíram da sala de forma ordeira.
Pouco depois deste protesto,
o Governo emitiu uma nota, lamentando as "circunstâncias anómalas"
que não permitiram a Miguel Relvas discursar e reiterando que "nunca se
deixará condicionar por acções de natureza semelhante no exercício
constitucional das suas funções".
Gaspar, a "próxima
paragem"
Mas nem só estudantes
protestaram contra Relvas no ISCTE. Os cartazes azuis e pretos que se viam na
sala onde decorria a conferência são os que o movimento “Que se lixe a troika!
Queremos as nossas vidas”, responsável pela grande manifestação de 15 de
Setembro, está a usar para convocar mais um protesto nacional para 2 de Março
(além de várias cidades portuguesas, Londres e Boston também estão na agenda).
Cartazes que, de resto, citam um dos versos de Grândola, Vila Morena: “O povo É
quem mais ordena”.
Os Indignados Lisboa, outro
grupo de activistas, recordou ao longo de toda esta terça-feira, no Facebook,
que Miguel Relvas iria estar no ISCTE às 17h, sugerindo – sem apelar
directamente – a manifestação que acabou por acontecer. O mesmo colectivo, de
novo na sua página naquela rede social, sugeria a "próxima paragem"
para os protestos: as jornadas que o PSD dedica ao tema "Consolidação,
crescimento e coesão", na quinta-feira, num hotel de Lisboa. Isto porque o
ministro das Finanças, Vítor Gaspar, integra o programa. "Vamos continuar",
escrevem, num outro post.
No Twitter, a hashtag
#Relvas tornou-se rapidamente a mais repetida pelos utilizadores portugueses
daquela rede de microblogging. O aplauso ao protesto foi quase geral. O que não
impediu o jornalista da TVI Pedro Calhau de reflectir sobre o caso: "Ver
um governante a ser conduzido numa fuga a um protesto nunca tem nada de bom
para ninguém. E esse é o maior sinal a reter". Filipe Caetano, jornalista
da mesma estação, questionava por outro lado a opção de Miguel Relvas.
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