Devíamos renegociar a nossa dívida, aproveitando a senhora Merkel em Portugal


Pessoalmente continuo a não entender que o Governo, não aproveite a vinda da senhora Merkel, para renegociar a dívida, no momento em que o FMI, já diz que não é possível Portugal pagar a sua dívida.
Também acontece que a nossa dívida continua a subir de uma forma insustentável, isto já foi confirmado pela CE. Só não se entende que o Governo continue a seguir pelo caminho que traçou, que é a destruição do país.
Ainda hoje, nas notícias que estou a seguir em directo na RTP Notícias, uma das locutoras que está a seguir a visita da senhora Merkel, disse que aquando do PEC 4, a senhora Merkel telefonou a Passos Coelho e a Cavaco Silva, tendo puxado fortemente as orelhas a ambos, pela não aprovação do PEC 4. Isso demonstra que a credibilidade de José Sócrates era grande e que Passos Coelho, não tinha nenhuma. Hoje, para compensar o erro do passado, Passos Coelho optou por seguir uma política liberal, de forma a agradar completamente à senhora Merkel.
Passos Coelho está completamente vendido, trabalha para compensar a não aprovação do PEC 4, para se redimir do erro que foi não ter deixado passar esse dito PEC.
Hoje vem com a história da refundação, que ninguém sabe muito bem o que é que ele pretende dizer com isso de “refundação do memorando”. Também se sabe que o FMI, diz que a austeridade “pode tornar-se socialmente insustentável”. Juntando as contas da CE com as declarações do FMI, chega-se a uma conclusão, este acordo tal como está, não serve os interesses de Portugal, nem sequer conseguimos pagar os juros da ajuda. Por este andar, não tarda a ter-mos a pedir segundo resgate, (há quem defenda que é impossível a Portugal não ter de o fazer) e nessa perspectiva, estamos a seguir o caminho da Grécia.
Portugal devia renegociar já a sua dívida, não sei porque é que o Presidente da República ainda não convocou o Conselho de Estado, para debater o OE para 2013. Estará à espera que o mesmo seja aprovado e depois enviá-lo para o TC, a fim de ser fiscalizado preventivamente?
Estará o Presidente convencido que os deputados vão alterar o OE, para que o aumento “brutal” de impostos não se confirme?
Para tentar evitar mais falência de empresas e consequentemente o aumento do desemprego?
Se for isso, quer dizer que o Presidente não está atento às palavras do ministro das Finanças, porque ele tem sido muito claro, “não existe margem de manobra para alterações do OE para 2013”.
Mesmo os economistas que há algum tempo atrás não queriam a renegociação do memorando, porque esperavam que isso competia à troika, verificar que devia ser alterado, pelo bom comportamento de Portugal, também já mudaram de ideias e dizem que realmente não podemos comportar estes juros, que não conseguimos diminuir o valor da dívida.
Também está haver um abrandamento das exportações, pelo menos aconteceu isso no mês de Setembro, e se isso for devido a haver menos ouro a ser exportado, porque os portugueses não têm minas em casa, depois de venderem os anéis, só ficam os dedos, pelo que o filão acaba. Se o problema for realmente esse, então, também aqui, o resultado que tanto entusiasma os nossos governantes, cai por terra, ou melhor, não é tão encorajador como eles dizem, porque pode haver diminuição das importações, de uma forma mais sustentada e se não houver a continuação do aumento de exportações, então, até a balança de transacções correntes, deixará de ser favorável. Esperemos que seja uma questão da greve dos estivadores de alguns portos de mar.
Quando se fizer o balanço deste Governo, como existe dos anteriores, em relação ao aumento da dívida pública gerada pelo respectivo Governo, vamos ficar de boca aberta com o aumento da dívida do XIX, porque além do mais, será só para pagamento de juros, e não de investimento público em auto-estradas ou outras infra-estruturas, como aeroporto ou TGV.

Dívida externa portuguesa aumenta e é insustentável
09.11.2012 - 10:19 Por Ana Rita Faria
 Fonte: Jornal Público
Exportações continuam a ser inferiores às importações
A redução do défice externo não está a ser suficiente para diminuir a dívida que Portugal acumulou nas últimas décadas face ao exterior.
A Comissão Europeia (CE) analisou os números e concluiu que a recente melhoria do endividamento externo líquido ocorreu graças à desvalorização dos títulos de dívida nacionais. Agora que o cenário se inverteu, e as Obrigações do Tesouro (OT) voltaram a valorizar-se, a dívida externa voltou a crescer. E, avisa Bruxelas, pode ser considerada insustentável.
O alerta consta do relatório das Previsões Económicas de Outono, divulgado esta quarta-feira pela CE. Bruxelas começa por dizer que "a redução do défice externo não é, por si só, suficiente para diminuir a dívida externa líquida, sobretudo quando o Produto Interno Bruto (PIB) está em queda, agravando os rácios da dívida". Para avaliar o ritmo do ajustamento, defende, é preciso considerar não só o défice, mas também a evolução de variáveis de stock, como a posição de investimento internacional (PII) e a dívida externa líquida. A PII é o conceito mais abrangente de endividamento externo líquido, pois mede a diferença entre os activos e os passivos de residentes - empresas, bancos e administrações públicas - face a não-residentes. Aqui inclui-se, por exemplo, o investimento directo, os títulos de dívida e as acções. Se a PII for negativa, como é o caso de Portugal, significa que o país é um devedor face ao exterior. E que tem um défice externo.
O facto de a economia portuguesa importar mais do que exporta - o tão falado "viver acima das suas possibilidades - obriga a que essa diferença seja financiada através do recurso a crédito de fora, aumentando consequentemente o endividamento externo. Ou seja, uma redução do défice externo nacional - como a que se tem vindo a verificar e que tem sido apresentada como uma das conquistas do programa da troika - seria, à partida, acompanhada por uma redução da dívida externa. Mas não é isso que está a acontecer.
"O recente declínio no endividamento externa líquido em percentagem do PIB na Grécia, Chipre, Espanha e Portugal deveu-se sobretudo a efeitos de valorização (e à reestruturação da dívida, no caso grego)", alerta a CE. A desconfiança dos mercados financeiros fez com que as taxas de juro da dívida nacional subissem e, inversamente, diminuísse o preço dos títulos, quer do Estado, quer de empresas ou bancos. Ou seja, esta dívida (em grande parte detida por estrangeiros) desvalorizou-se e, consequentemente, a dívida que Portugal tem para com o exterior encolheu.
Segundo os números do Banco de Portugal (BdP), desde o início de 2011 que a PII nacional melhorou graças a este efeito de preço (ver gráfico). Contudo, se este efeito não fosse acompanhado de uma efectiva redução da dívida contraída em volume e de uma melhoria substancial do défice externo, assim que as OT voltassem a valorizar-se, a excessiva dependência do exterior voltaria a fazer-se sentir. E foi isso que aconteceu.
A relativa normalização das condições de mercado a partir do início deste ano fez aumentar de novo a dívida. Entre Setembro de 2011 e Junho de 2012, o endividamento externo medido pela PII subiu de 104% do PIB para 108,6%. A "informação disponível" sugere, por isso, que o nível de endividamento líquido "pode ser considerado insustentável" em algumas "economias vulneráveis", como Portugal, Grécia, Chipre, Espanha e Irlanda, concluiu Bruxelas. Os números do BdP mostram que, no final de 2011, a posição de investimento internacional portuguesa era a pior de entre os 17 países do euro. Para a CE, sem novas desvalorizações nas OT nacionais, o défice externo e a reduzida actividade económica sugerem que o endividamento externo em percentagem do PIB irá, quando muito, estabilizar em Portugal e em Espanha, e poderá mesmo aumentar na Grécia.
A análise que o FMI faz à sustentabilidade da dívida externa, no relatório da quinta avaliação da troika, revela que as perspectivas são desafiadoras. No próximo ano, a dívida externa (que é diferente da PII, visto que não desconta aquilo que o exterior deve a Portugal) deverá tocar quase os 240% do PIB. Para a colocar numa trajectória descendente, Portugal precisa não só de pôr a economia a crescer quase 2% como de ter um saldo externo primário (sem juros) superior a 5% do PIB.

FMI alerta que austeridade pode tornar-se “socialmente insustentável”
09.11.2012 - 08:29 Por PÚBLICO
Fonte: Jornal Público
A troika inicia uma nova avaliação ao programa português na próxima semana
O Fundo Monetário Internacional (FMI) avisa que a austeridade em países da periferia da zona euro, como Portugal, corre o risco de se tornar política e “socialmente insustentável”, numa altura em que cresce a contestação interna às medidas de contenção nas economias em dificuldades.
O alerta consta de um relatório divulgado na quinta-feira a propósito da cimeira do G20 do início da semana, no México, e enfatiza o aviso que o FMI tem feito em relação ao impacto da austeridade.
A instituição, que em Outubro reconheceu ter calculado mal o impacto da austeridade na economia, já alertara, no caso português, para a reduzida margem de manobra do programa de ajustamento face a choques adversos. E revelara alguma apreensão com aquilo que considera ser a degradação do consenso social e político em relação ao programa português.
O perigo de as economias periféricas – sob maior pressão dos mercados financeiros – não conseguirem realizar as reformas e medidas para diminuírem a dívida é real e serão ainda precisos alguns anos para se verem os efeitos das reformas orçamentais e estruturais, considera a instituição liderada por Christine Lagarde.
Agora, tendo em conta os riscos políticos que considera existir nos países em dificuldades, nota que um “novo agravamento das tensões” na zona euro obrigaria os Governos a acelerarem o esforço de ajustamento orçamental, com um impacto no crescimento das economias.
Quanto a Portugal, o FMI já observara que os riscos em torno do nível de endividamento português aumentaram, embora considerando que se mantém sustentável.
No relatório agora divulgado, a instituição aborda a conjuntura económica mundial, notando uma acalmia das tensões financeiras. Apesar de prever que a economia global cresça 3,6% em 2013, admite que os riscos de o PIB mundial progredir menos de 2% quadruplicaram em relação às previsões de Abril.
Segundo as últimas previsões da Comissão Europeia, no caso da zona euro, cinco países, incluindo Portugal, estarão em recessão em 2013.
Os responsáveis da troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) vão iniciar na próxima semana uma nova avaliação ao programa de assistência a Portugal(o sexto exame regular), para analisar “o trabalho realizado até ao momento e o planeamento dos trimestres seguintes”.

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