A culpa é do memorando
Manuel Frasquilho do PSD,
veio a lume dizer que o memorando da troika,
foi mal elaborado, daí a falha das previsões do Governo quanto às metas, tanto
do défice, como dos restantes números, que nada de nada foi conseguido. Os
números falam por si, tudo sobe para valores nunca antes tão elevados.
Manuel Frasquilho, deve ter
a memória muito curta, pois deve estar esquecido das palavras do
primeiro-ministro, que sempre disse “custe o que custar” e “vamos para além do
memorando da troika”. Ora, após estas
frases, não pode vir agora Manuel Frasquilho alegar que a falha do Governo, na
receita que encontrou para “lixar” os portugueses, alegar que o memorando foi
mal feito. Se realmente houvesse essa ideia desde o início, então já devia o
Governo ter reivindicado junto da troika
a sua substituição ou a negociação do mesmo, como não o fez, é porque realmente
o Governo estava de acordo com o dito memorando.
O que é lamentável, é virem
agora alguns deputados da maioria, dizer que a culpa é do memorando, em vez de
culparem quem devem culpar, que é o primeiro-ministro e o ministro das
Finanças, ambos falharam e devem tirar as ilações devidas, ou seja, pedir a
demissão. Este Governo, não tem mais condições de governar, este Governo, está
ligado ao crescimento brutal de desempregados, de falências de pequenas e
médias empresas, de medidas mal pensadas e pior executadas. Este Governo
muniu-se de assessores demasiado jovens, com ordenados elevados, e que
demonstra bem a sua incompetência na assessoria aos membros do Governo.
Quando se é imaturo não
devemos aceitar cargos para os quais não temos competência. Isso foi o que
aconteceu com quase todos, porque existem alguns assessores com idade mais que
suficiente para ter competência e sapiência intelectual, mas a maioria não está
dentro destes parâmetros, apenas existe a questão de pertencerem às “jotas” da
maioria.
Hoje ouvi o Pires de Lima do
CDS/PP, em uma entrevista à Rádio Renascença, a dizer que se o Tribunal
Constitucional reprovar uma grande parte dos itens do OE de 2013, o Governo poderá
apresentar a demissão por falta de condições de governação. No mínimo é
caricata uma conclusão destas, porque o Governo sabe perfeitamente que o que
fez no OE de 2013, quanto aos reformados e pensionistas é completamente
inconstitucional. Querem cortar nas pensões dos funcionários públicos e nas
reformas da Segurança Social, o que não cortam nos trabalhadores activos, ou
seja, existe descriminalização entre uns e outros, no que diz respeito a
imposto pago. A questão de este Governo, optar pela táctica de colocar os mais
novos contra os mais velhos, dos desempregados contra os empregados e assim
sucessivamente, pode trazer alguma vantagem, durante algum tempo, mas não o
tempo todo. O povo português, sabe perfeitamente que os políticos os estão a
usar no que diz respeito a esta guerra, daí que, poderá haver algumas
alterações no comportamento intergeracional, mas no fim, quem vai perder, será
a classe política. Actualmente a credibilidade dessa classe privilegiada, que
apenas impõe aos outros a austeridade, está em baixa, pelo que a tendência será
de continuar a descer.
Quando não se é capaz de
fazer as coisas como deve ser, por falta de profissionalismo, ou de
competência, ou outra coisa qualquer, o mais fácil é tentar arranjar um bode
expiatório para esse facto, pelo que me parece que é o que está acontecer com o
Governo. Neste momento, já todos viram que a sua receita foi um desastre
perfeito. Destruiu a economia do país, vai demorar décadas a reparar os
estragos causados pela incompetência do Governo e da troika, que não tiveram em consideração, que a política seguida não
se coaduna com um país que não tem moeda própria. Tentar fazer de Portugal um
laboratório para experiências liberais, resultou no facto de destruir o país e
ninguém tem o direito de o fazer. Nem a troika,
nem o BCE, nem o FMI, querem o seu dinheiro e não foi da boca dos portugueses
que ouviram dizer que não pagamos as nossas dívidas, sempre honramos os nossos
compromissos, mas desta forma, poderemos não ter condições de pagar seja o que
for, basta verificar que a dívida aumenta constantemente devido aos juros. Sem
crescimento na economia, como é que se consegue fazer dinheiro para pagar os
juros mais a dívida.
Outra coisa mal contada aos
portugueses, é o caso da dívida pública portuguesa, não ser tão grande quanto
nos querem fazer crer, pois a maioria da dívida do país está nos privados, ou
seja da banca. Que os credores levem as casas de quem não consegue pagar,
porque os bancos andaram anos a contar o conto do vigário a muita gente, para
emprestar dinheiro, que muitas pessoas não podiam pagar, ou que no primeiro
abalo, poderiam ficar sem nada, tal como aconteceu a muita gente. Claro que
para o Governo é muito mais fácil dizer que vivemos acima das nossas
possibilidades, como andaram muitos meses argumentar, aliás, até a senhora Merkel o disse. Pode eventualmente, ter
acontecido dos governantes, terem optado por dinheiro fácil de arranjar, para
se meterem em obras megalómanas, mas isso já vem de longe, começou com o Centro
Cultural de Belém, com a Expo 98, o Euro 2004 e ao mesmo tempo com a construção
de auto-estradas por todo o país. A juntar a isto, existe o facto de se ter
acabado com a agricultura e com a indústria, porque a Europa dizia que apenas
devíamos ter serviços e outros produziam por nós. O resultado está aí, deixamos
de pescar, abatemos barcos, abandonamos as terras e agora temos de importar
tudo. Os ditos Fundos Estruturais foram usados muito mal por todos os governos
e não existe nenhum político que tenha estado no poder, desde da chegada desses
Fundos Estruturais, que não tenha culpas no estado a que chegou o país.
Portanto, os Frasquilhos
deste país que não venham agora com desculpas, porque todos eles têm culpas no
cartório. Façam mea-culpa e penetenciem-se!
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