A inactividade dos dadores de sangue
Quando se tomam medidas sem
pensar nas consequências, como é apanágio destes governantes actuais, o
resultado é sempre negativo.
Vejamos o seguinte:
Antes dos cortes nas taxas
moderadoras que o ministro da Saúde resolveu implementar para os dadores de
sangue e bombeiros, todos os dadores doavam o seu sangue regularmente, ou seja
de três em três meses os homens e quatro em quatro meses as mulheres. Com o
corte das taxas moderadoras, que diga-se a verdade, não são os dadores de
sangue que vão ao hospital por dá cá aquela palha, até porque estamos a falar
de pessoas saudáveis, pois se assim não fosse, não seriam dadores de sangue.
Os dadores de sangue fizeram
de imediato retaliação ao ministro da Saúde, devido ao corte das taxas
moderadoras. No entanto, nos Centros de Saúde, os dadores de sangue com duas
dádivas no ano anterior, ainda beneficiam da isenção de taxa moderadora, apenas
perderam nos hospitais. Todos os dadores com mais de trinta dádivas de sangue,
podem pedir a isenção permanente nos Centros de Saúde, mas continuam a ter de
pagar nos hospitais.
Vou dar o meu exemplo:
Sou dador de plaquetas, faço
aférese de dois em dois meses, de cada vez tiram-me dose dupla de plaquetas,
que se destinam aos doentes normalmente da Oncologia. Moro a 40 quilómetros de
distância do Instituto Português de Sangue do Porto, se me deslocar de carro,
tenho os gastos relacionados com essa viajem e as portagens da A 28. Se for de
Metro, tenho um custo de 5,40 euros e uma tarde completa perdida, porque só na
máquina que me extrai as plaquetas, tenho de estar ligado durante hora e meia,
mas o tempo da deslocação para cada lado que é mais de uma hora, mais o tempo
de espera pelo respectivo Metro, porque teria de ter muita sorte de chegar à
estação e apanhá-lo de seguida. Portanto, os custo para fazer uma doação de
sangue ou qualquer outro derivado do mesmo, fica a cargo do dador e não do
Instituto Português de Sangue, daí que o ministro da Saúde, apenas e só, vê o
seu lado, quando devia ponderar que os dadores não doam o seu sangue em casa, o
IPS, não vai fazer recolhas ao domicilio, até porque o "brutal" aumento de impostos, retirou dinheiro às famílias e como tal selecciona-se os gastos.
Eu também fiz greve às
dádivas de plaquetas, mas acabei por pensar nos doentes oncológicos que este
Governo deixa morrer por falta de plaquetas, porque o que está em causa é não
gastar dinheiro, nem que para isso seja tirar algum tempo de vida aos doentes.
Devido a isso, acabei por voltar às dádivas regulares de plaquetas, até porque
também pensei que se não houver dádivas, mais enfermeiros e médicos vão para o
desemprego, porque se não houver dadores, também não são precisos enfermeiros
para as colheitas de sangue. Isto é a pescadinha de rabo na boca. No entanto,
todos os custos de deslocação, são por minha conta, e, só e apenas tenho
isenção de taxa moderadora no Centro de Saúde, que vou lá quando o rei faz
anos, ou seja quando me chamam para uma consulta, para que não perca o médico
de família.
Portanto, os inquéritos que
o Instituto Português de Sangue está a preparar, vão dar um resultado
relacionado com os custos das deslocações e com o corte das taxas moderadoras.
Só não vê isto quem não quiser ver.
Há 285 mil dadores de sangue
inativos
Instituto
do sangue quer perceber as razões
O
Instituto Português do Sangue e da Transplantação tem 285 mil dadores que não
fazem dádivas há mais de dois anos e está a preparar inquéritos para perceber
as razões desta inatividade.
O
ano de 2012 terminou com muitas preocupações. A quebra de 12% nos dadores
inscritos e nas dádivas de sangue geraram apreensão para 2013. Porém, os meses
de janeiro e fevereiro revelaram-se menos complicados do que o normal e hoje,
dia Nacional do Dador de Sangue, o balanço é positivo mas cauteloso.
"Apesar
do número de inscritos ter diminuído, em fevereiro conseguimos mais 5% de
colheitas relativamente ao mês homólogo", revelou, ao JN, Hélder Trindade,
presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação. Segunda-feira
de manhã, a reserva nacional de sangue contava com 13284 unidades, das quais
7724 do Instituto e as restantes dos hospitais. Os números variam todos os dias
e o importante é que se mantenham acima das nove mil unidades para assegurar
alguma tranquilidade. "É um trabalho que nunca acaba, se hoje baixar os
braços amanhã tenho problemas", desabafa Hélder Trindade.
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