Os malvados dos desempregados

Segundo João Salgueiro, um ex-ministro das Finanças de Pinto Balsemão, entre outras coisas.

Há dias atrás, este senhor deu uma entrevista, na qual disse, que os desempregados, deveriam trabalhar nas obras e limpar matas. Pois é um milhão de pessoas sem ocupação, pode ser muito preocupante, não há polícia que chegue para parar uma manifestação de pessoas que possam estar desesperadas por não terem como dar de comer aos filhos. Essa é a realidade!

Há dois anos atrás, fui apanhado nas malhas do desemprego, nessa altura preparava-se a campanha eleitoral que acabou com a eleição destes senhores que prometeram não cortar subsídios de Natal, não baixar salários, etc., mas fizeram tudo ao contrário do prometido. Bem, mas não é o caso de querer comentar as brutalidades deste Governo, em termos de confisco. Nessa altura, enviei um e-mail ao senhor Presidente da República, a dar a minha sugestão, de nas mesas de voto, em vez de estarem aqueles senhores de sempre, que recebem, salvo erro 75 euros no dia das eleições e ficam em casa no dia seguinte, deveriam estar desempregados, que estivessem a receber o subsídio de desemprego, pois o dia já estaria pago.

Passado um tempo, recebi a respectiva resposta, a informar-me que a minha sugestão tinha sido enviada para quem de direito. Se foi ou não, não faço a menos ideia.

Aceito que um desempregado que esteja a receber subsídio de desemprego, possa prestar algum serviço dentro da sua área de trabalho, em repartições da Câmara Municipal, na protecção civil, nos bombeiros, nos hospitais da sua zona de residência. Enfim fazer serviço comunitário, dentro de uma situação razoável, porque senão, seria para retirar postos de trabalho e mandar mais pessoas para o desemprego.

Só não posso concordar com a besteira do João Salgueiro, de pretender mandar para as obras que não existem e limpar matas, se calhar para alguma que ele tem e que não trata dela, conforme a lei estipula.

Estes crânios, que nos seus gabinetes não devem fazer a ponta de um corno, têm assessores para lhes fazer todo o trabalho e ganham salários milionários, pensam, pensam, pensam e sai esta porcaria de ideias, daquelas cabecinhas pensadoras.

Gostaria de saber se o João Salgueiro, estaria disposto a deixar um filho ou neto seu, ir trabalhar para as obras que não existem ou limpar matas de outros que não pagam a quem esteja disposto a fazê-lo, no caso de cair nas malhas do desemprego. Claro que é uma situação hipotética, pois o senhor João Salgueiro, movia o mar e marinha e lá conseguiria um tacho para o seu filho ou neto.

Sei que é muito perigoso, haver mais de um milhão de desempregados, que a todo o momento podem começar a fazer distúrbios por este país fora. Isto será como uma bola de neve, a partir do momento que comece a rolar, vai aumentando o número de aderentes e será quase impossível travar a contestação.

No entanto, convém não perder a ideia que os responsáveis pelo aumento do desemprego, são os nossos governantes, principalmente os actuais, que têm destruído empresas, umas atrás de outras, com o confisco nos impostos.

Portanto João Salgueiro, pela parte que me toca, no que diz respeito a ir limpar matas, digo-te, trabalho há 48 anos, sempre fui cumpridor no pagamento dos impostos que me exigiram, nunca cobrei nada por fora, também não tenho dinheiro em offshore, pelo que, tenho a minha consciência tranquila. Outros talvez não estejam tão tranquilos quanto eu (…) nomeadamente da classe política ou dos meandros dos partidos políticos.