A democracia defende-se na rua!
Não
concordo com o patriarca de Lisboa, quando afirma que “democracia na rua
corrompe a democracia”. O povo não tem outra forma de fazer cumprir a
democracia, se não for com manifestações de rua e em grande número.
Quando
houve eleições em 2011, o actual Governo, para ganhar as mesmas, fez promessas
que não cumpriu, aliás, fez exactamente o contrário de todas as promessas
feitas. À custa dessas promessas, foi para o Governo e o que tem feito? Exactamente
o contrário. Como o povo não pode interromper a legislatura, ou seja, não
podemos pedir novamente eleições para por o Governo fora do poder, só existe
uma solução, manifestar-se nas ruas, para que o Presidente da República possa
tomar medidas, ou de dissolver o parlamento, ou de demitir este Governo e
constituir outro de iniciativa presidencial, ou até, ir mais longe e negociar
com todos os partidos políticos e constituir um Governo de salvação nacional.
Mas para que isso possa acontecer, todos têm de ir para a rua, porque este
Governo perdeu toda a legitimidade de governar Portugal.
Se
eventualmente, houvesse hoje eleições, a queda em votos é de tal ordem, que a
coligação actual tem menos votos, que o maior partido da oposição. Portanto,
isso demonstra que a democracia, também se faz nas ruas, ao contrário da
opinião de D. José Policarpo.
Em
tempos idos, tive de ir para as ruas “lutar pela democracia”, no tempo do PREC
e agora estamos com uma situação idêntica, só que de direita, ou melhor, com um
Governo que tem umas ideias neonazis e temos obrigação de defender a nossa
democracia que tanto custou a ganhar, nem que para isso tenhamos de estar na
rua todos os dias.
Pela
democracia e contra o totalitarismo, seja de direita ou de esquerda!
Patriarca diz que democracia
na rua corrompe a democracia
12.10.2012 - 18:54 Por
António Marujo
Fonte: Jornal Público
José Policarpo: A crise
actual foi criada “ao longo de muito tempo”
()
O patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, diz
que a Igreja Católica deve “aceitar a diferença” e que a situação actual do
governo “a partir da rua” resulta na “corrupção da harmonia democrática”.
Em conferência de
imprensa esta tarde, em Fátima, antes do início da peregrinação de 13 de
Outubro, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que
“há dimensões preocupantes” na actual crise económica e social que se vive no
país. “A democracia [portuguesa], que se define constitucionalmente como
democracia representativa, na qual as soluções alternativas têm um lugar
próprio para serem apresentadas, neste momento, está na rua”, afirmou.
O patriarca está nesta
sexta-feira e sábado a presidir, talvez pela última vez, a uma peregrinação em
Fátima enquanto patriarca, já que deverá abandonar o cargo dentro de meses.
Antes do início das cerimónias, D. José Policarpo acrescentou, respondendo a
perguntas dos jornalistas: “O que está a acontecer é uma corrosão da harmonia
democrática, da nossa constituição e do nosso sistema constitucional.”
A crise actual, disse o
patriarca, foi criada “ao longo de muito tempo”. “Estes problemas foram criados
por nós e por quem nos governou”, afirmou, manifestando-se no entanto como
“incompetente” para se pronunciar sobre medidas concretas do actual ou de
anteriores governos.
O patriarca acrescentou
que os problemas não se resolvem “contestando, indo para grandes manifestações”
ou fazendo uma qualquer “revolução”. E criticou a “reacção colectiva a este
momento nacional, que dá a ideia de que a única coisa que se pretende é mudar o
Governo”.
D. José Policarpo
considera que “há sinais” de que os sacrifícios levarão a resultados
positivos”, quer no país quer na Europa. “A situação criou-se dentro de um
sistema económico-financeiro em que estamos inseridos, na União Europeia, e é
lá que temos de encontrar as soluções”, disse, para acrescentar: “A democracia
faz-se vencendo etapas como estas.”
Sobre o papel da Igreja
Católica, o cardeal Policarpo diz que ela está presente junto dos mais
necessitados “para ajudar em silêncio”, porque essa deve ser a atitude dos
cristãos. “A Igreja, no seu todo, reagiu na atenção às pessoas”, disse. A arte
da política deve ser a de promover “a equidade”, protegendo os mais
desfavorecidos.
O patriarca insistiu, no
entanto, na recusa em acrescentar a sua voz à “balbúrdia das opiniões” que
comentam a actualidade, porque isso não faz parte do “ministério do bispo”.
Unidade
não é só um caminho
Acabado de chegar do
Vaticano, onde participou ontem na abertura oficial do “ano da fé”, proclamado
pelo Papa Bento XVI, o patriarca referiu-se ainda aos 50 anos do início do
Concílio Vaticano II, que ontem mesmo também se assinalava. Um dos passos mais
importantes que a Igreja Católica deve dar é o de “aceitar a diferença, respeitando
o essencial da fé”.
O desafio ecuménico é um
dos mais importantes para as diferentes igrejas cristãs, acrescentou ainda.
“Não haverá unidade se o caminho for conduzir todos ao código romano”, afirmou,
acrescentando que o desafio colocado às restantes igrejas cristãs é “chegar ao
essencial da fé”.
O Concílio Vaticano II,
que entre 1962 e 1965 reuniu todos os bispos católicos encetando várias
reformas da Igreja, precisa agora de ser relançado “para as novas gerações que
não o conheceram”, afirmou entretanto o bispo de Leiria-Fátima, D. António
Marto.
O mesmo responsável
referiu-se ainda ao Nobel da Paz hoje atribuído à UE, afirmando que ele é “um
reconhecimento do valor do projecto da União Europeia e do seu sentido para a
construção da paz entre os povos da Europa e do mundo”. O Nobel “não foi apenas
atribuído aos líderes”, mas “a todos os cidadãos e povos da Europa” num momento
difícil em que o projecto europeu “está abalado” nos seus fundamentos e ameaça
“desfazer-se em ruínas”, acrescentou o bispo, que é delegado da Conferência
Episcopal Portuguesa na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia.
Comentários
Enviar um comentário