Gorduras do Estado
Faço minhas as palavras de
Henrique Monteiro, mas acrescento ainda o seguinte:
Regresso imediato das Forças
Armadas que temos no estrangeiro, nomeadamente no Líbano, no Kosovo, no Afeganistão,
em Timor-Leste e o corte de toda a espécie que existe aos países Lusófonos, o
momento é de aperto e não conseguimos ajudar, quando estamos nós sob ajuda
externa. A fusão de Conselhos, como foi negociado no primeiro memorando da troika,
mas que o Governo não quis avançar com isso, substituindo por aumento de impostos.
Corte no peso do Estado
central, no peso gigantesco das autarquias, nas empresas Municipais, que eu
saiba, não foi extinta nenhuma, numa gestão mais rigorosa nas empresas
públicas.
Tudo isso faz parte das
gorduras do Estado.
No caso BPN, é preciso por a
justiça a funcionar, prender quem roubou, expropriar os bens a quem roubou,
seguir a pistas do dinheiro desviado e ir busca-lo novamente.
Temos de ser mais céleres com
os julgamentos nos casos de corrupção. Prender os prevaricadores sem dó nem
piedade, para que os portugueses voltem a ter confiança no sistema.
As gorduras do Estado e o
país esquizofrénico
9:56
Quinta feira, 25 de outubro de 2012
Há
dos países que falam de coisas diferentes utilizando a mesma expressão:
gorduras do Estado. De um lado, os que se referem às escandaleiras do BPN, à
miríade de assessores, à proliferação de consultores, ao número infinito de
institutos e organismos, às benesses das fundações, às reformas douradas e
outras coisas do estilo. Do outro, aqueles que se referem às prestações
sociais, à universalidade dos serviços, aos rendimentos mínimos, aos subsídios
culturais e por aí a fora. Simplisticamente, pode pensar-se que basta escolher
um campo. Mas eu tenho a certeza que é preciso mais do que isso.
As
escandaleiras, por muitas que sejam - e só o BPN consta que vai nos nove mil
milhões, ou seja uma verba superior aos orçamentos da Saúde e da Educação ou
aos juros da dívida - não resolvem o problema de fundo. Naturalmente, os
combates à fraude, ao roubo, ao crime contribuem para amenizar os gastos e,
sobretudo, para criar um clima de justiça que se torna ainda mais indispensável
tendo em conta os sacrifícios que nos andam a exigir. Mas a triste realidade de
gastarmos mais do que produzimos não fica resolvida desta forma.
O
corte nos institutos, organismos, fundações, etc. acaba por ser equivalente ao
despedimento de centenas ou milhares de funcionários. Esta é a realidade que
muita gente não quer ver. Acresce que qualquer anúncio de corte levanta, de
imediato, um coro de protestos, as mais das vezes dos mesmos que minutos antes
exigiam que se cortasse.
Pior,
ainda, é o corte nas pensões e subsídios para os que nada têm, caminho que
parece ser agora ensaiado pelo Governo. Basta ver histórias com que diariamente
nos deparamos, para verificar que esse é a via menos avisada, a que mais
desumanidade cria. Sobretudo, quando conjugadamente se pretende cortar
subsídios como o de desemprego ou o rendimento mínimo e, simultaneamente
donativos para as instituições que acorrem aos mais pobres.
Este
é o retrato do país esquizofrénico. Todos querem cortar gorduras, mas todas as
soluções parecem más. E, no entanto, o Estado gasta 50 por cento de tudo o que
produzimos, leva em impostos, taxas e contribuições a maior parte do rendimento
dos trabalhadores. Algo terá de ser excessivo, algo terá de ser cortado.
Enquanto
o caminho for errático, seja por parte do Governo, seja dos partidos da
oposição, continuaremos num país esquizofrénico. Onde as pessoas querem cortes,
mas não querem que nenhum serviço ou prestação desapareça; onde os tribunais
decretam que uma medida em vigor este ano é inconstitucional para o ano que
vem; onde um Governo que prometeu limitar o Estado, o enche de impostos; onde
todos querem tudo e o seu contrário.
Ler
mais: http://expresso.sapo.pt/as-gorduras-do-estado-e-o-pais-esquizofrenico=f762157#ixzz2AJBoP2X1
Comentários
Enviar um comentário