A honestidade de um político


Pela primeira vez, vejo sair da política um deputado que exerceu funções durante 13 anos, com o património com que entrou!
Francisco Louçã, nesse aspecto, foi um homem íntegro, não foi como outro que conheço que entrou na política com 40 contos e hoje tem um património de 400 milhões de euros. Como dizia, não se deixou levar pela corrupção, procurou fazer o seu trabalho como deputado, pode-se gostar ou não da sua política, mas não existe nada apontar em seu desabono.
Agora regressa à sua profissão, mas não leva subvenções vitalícias, não leva nenhuma reforma de político e a isso chama-se honestidade, que pelos vistos nos últimos 38 anos é a primeira vez que acontece.
Estou habituado a ver na classe política uma cambada de oportunistas, que não deixam de aproveitar todas as benesses a que têm direito, porque votaram-nas em proveito próprio.
Não sou fã de Francisco Louçã, mas admiro esta atitude de sair do Parlamento, sem requerer a sua pensão. Já não posso dizer o mesmo da Presidente da Assembleia da República, que ao fim de 9 anos de trabalho, sim 9 anos, pediu a sua reforma por estar cansada. Se estava cansada, deixava a vida activa e passava a viver como qualquer reformado, mas não, estava cansada para continuar a trabalhar na profissão que escolheu. Mas pôde continuar a trabalhar como política e ganhar mais um ordenado, carro, ajudas de custo, tudo o que a Lei lhe proporciona.
A diferença entre quem entra na política por amor à causa e quem vai para a política, com o intuito de se governar, de enriquecer, de arranjar os chamados “tachos”.
Um grande bem haja para o Francisco Louçã e que continue a contribuir para que este país se mantenha democrático, apesar dos actuais governantes pretenderem virar isto do avesso.

Francisco Louçã abandona o Parlamento
25.10.2012 - 12:03 Por Rita Brandão Guerra
Fonte: Jornal Público
Francisco Louçã foi eleito deputado em
 Francisco Louçã, coordenador do BE até à Convenção do partido em Novembro, anunciou esta quinta-feira que renunciou ao mandato de deputado. E que já não estará presente na discussão e votação do próximo Orçamento do Estado.
“Saio do Parlamento por uma razão e por mais nenhuma: Entendo, para mim próprio, que o princípio republicano marca limites à representação que tenho desempenhado e exige a simplicidade de reconhecer que essa responsabilidade deve ser exercida com contenção. Ao fim de 13 anos, reclamo a liberdade de influenciar o meu tempo: É agora o momento de uma renovação que fará um Bloco mais forte”, afirma Francisco Louçã na declaração a que o PÚBLICO teve acesso.
Louçã, economista e professor catedrático do ISEG, diz que deixa o Parlamento “exactamente” como entrou. "Mas também vos digo, para que não me perguntem nunca mais nestes tempos cinzentos, que saio exactamente como entrei, com a minha profissão, sem qualquer subsídio e sem qualquer reforma".
Em Agosto, o ainda líder bloquista anunciou que não se recandidataria à liderança do Bloco na Convenção do partido, nos dias 10 e 11 de Novembro. Na altura, sugeriu como sucessores na coordenação os deputados eleitos pelo Porto, João Semedo e Catarina Martins. A proposta de Louçã foi então confirmada numa reunião da comissão política do partido a 3 de Setembro.
O argumento da renovação geracional tem sido colocado em cima da mesa por diversos dirigentes do BE nos último anos. Agora, depois de ter anunciado que não pretendia continuar à frente do partido, Louçã entende que é o momento para dar mais este contributo. “Não preciso de vos garantir que continuarei a minha vida política com os mesmos valores e com a mesma dedicação ao BE e à luta sem tréguas pela justiça social”, acrescenta.
“Ao longo destes 13 anos, fui eleito cinco vezes e enfrentei cinco primeiros-ministros. Disse-lhes o que lhes tinha para dizer, em nome de muita gente. Fiz 1012 intervenções em plenário e os meus amigos lembrar-se-ão de algumas. Espero que os meus adversários também se lembrem”, diz Louçã, que lembra algumas das “vitórias” legislativas do BE no Parlamento.
Esta quinta-feira é o último dia de actividade parlamentar de Francisco Louçã, que será esta sexta-feira substituído por Helena Pinto.
Helena Pintou foi já deputada pelo Bloco e era nas listas do partido, depois de Louçã e Ana Drago, o terceiro nome pelo círculo eleitoral de Lisboa.

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