Quem tem medo da redução do número de deputados?
Afinal
quem tem medo da redução de deputados na Assembleia da República?
Até
ontem, só ouvia Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã. Mas afinal no próprio PS,
também existe quem esteja interessado em manter o número de deputados, para
assegurar um lugar na bancada da Assembleia da República.
Este
é o princípio, pode-se mexer no que quiserem, desde que não mexa comigo… Só
posso tirar essa ilação.
O
corte de deputados que foi anunciado por António José Seguro, mantem a
proporcionalidade dos partidos políticos, e, também deve manter a
proporcionalidade do corte de despesas de acordo com o número de deputados não
eleitos, ou seja, se a redução de deputados for de 50, o OE deve fazer-se um
corte na proporção igual. Portanto, 50 deputados correspondem a 21,74% do
número total de deputados, cortando ao Orçamento da Assembleia os ditos 21,74%,
corresponde a 20,653 M €, anuais.
Por
trás de cada partido, existe uma máquina de assessores e muitas outras despesas,
que também pesam no Orçamento da Assembleia da República. Ora, ao cortar-se
deputados, corta-se na despesa de funcionamento da Assembleia.
A
isto chama-se cortar na despesa, não é só cortar na Saúde, Educação, salários
de funcionários públicos, pensionistas e reformados. Tem de haver equidade no
corte das despesas e não ser sempre para os mesmos, além disso a classe
política, não tem de ficar de fora destes cortes, apenas e só terá de ser
mantida a proporcionalidade, não se pode tirar a voz aos partidos mais
pequenos, mas terão de ser reduzidos proporcionalmente como os outros.
O
que se nota, é que os poderes instalados nos deputados, que não sabem fazer
mais nada na vida, e se perderem este “tacho”, não têm para onde ir trabalhar.
(alguns)
Corte de deputados defendido
por Seguro gera contestação na bancada do PS
Secretário-geral dos
socialistas é acusado de fazer discurso antipolítico quando devia apresentar
alternativas à crise.
Se no planeta político
português houvesse previsões semanais de meteorologia, o boletim sobre o país
socialista adiantaria para os próximos dias a possibilidade de trovoada com
fortes aguaceiros.
A tempestade começou a
formar-se depois do secretário-geral do PS, António José Seguro, ter anunciado
que o principal partido da oposição irá avançar com propostas de revisão da lei
eleitoral, incluindo a redução do número de deputados.
A previsão de ventania é
feita por dirigentes socialistas que têm fortes reticências em relação à
proposta de Seguro. Tendo em conta a estrutural recusa do PS sobre a redução do
número de parlamentares e a conjuntural incompreensão do momento escolhido pelo
líder para fazer o anúncio, dentro do PS há quem admita que os próximos dias
venham a revelar contestação à direcção. "A direcção nacional pode vir a
ter aqui o seu primeiro grande problema", admitiu um dos responsáveis,
enquanto outro via na manutenção da proposta a possibilidade de Seguro provocar
uma "ruptura com a elite do partido".
Não levou muito tempo a
que um grupo de parlamentares assumisse posição contra a ideia. O deputado
Sérgio Sousa Pinto colou o princípio ao discurso do "populismo
anti-democrático". O líder da JS, Pedro Delgado Alves, considerou difícil
que a solução não viesse a "pôr em causa a representatividade". José
Lello defendeu que o anúncio era "politicamente um erro" por
"atirar a toalha ao PSD" num momento em que este está em dificuldade.
O também deputado João Galamba considerou "irresponsável" responder
ao "populismo com mais populismo".
João Ribeiro, porta-voz
do PS, relativizou a possibilidade de contestação. Considerou que o tema foi
"um bocado dramatizado", assegurando que "quando chegarmos à
proposta final, todo o grupo [parlamentar] apoiará". E explica porquê:
"A redução pode ser o resultado da reforma [do sistema eleitoral], mas não
é o fim em si mesmo." Além disso, baliza a contestação. Para o dirigente
socialista, as reacções negativas podem ser circunscritas a uma "parte do
grupo parlamentar".
O porta-voz do PS lembra
ainda que Seguro "disse muito mais" do que apenas cortar no número de
deputados.
No seu anúncio, o líder
socialista apontou até ao final do ano para avançar com um projecto de revisão
que juntará à redução o "sentido de personalização do mandato" e a
"responsabilização dos deputados". E admitiu a redução, apenas
"num quadro de garantia das condições de proporcionalidade, pluralidade e
representação regional". Para isso abriu a porta a "várias soluções",
como a criação de círculos de um só deputado, listas abertas às escolhas dos
eleitores, círculos mais pequenos ou um círculo nacional de compensação que assegurasse
a proporcionalidade.
Alguns deputados têm
sérias reservas sobre a possibilidade de se cortar nos parlamentares ao mesmo
tempo que se mantêm os princípios da proporcionalidade e representatividade.
Mas, mais do que isso, reconhecem irritação por verem o líder da oposição fazer
"um discurso antipolítico" no momento em que se devia estar a
apresentar "alternativas à crise".
João Ribeiro explica a
oportunidade: "Fazia sentido falar de sistema político no dia da
República" - ainda para mais, um feriado com enterro anunciado e poucas
semanas depois das manifestações onde se pediram "melhorias no sistema
político".
A única forma de evitar
males maiores parece ser o recuo. Que parece estar já a acontecer, se se tiver
em conta a forma como o vice-presidente da bancada, José Junqueiro, tentou, ao
jornal i, contornar a questão: "O secretário-geral falou de reformar o
sistema político e não sobre uma proposta de redução de deputados." A
interpretação da frase foi irónica: "Já recuou mais rápido do que o
Governo na TSU..."
Até porque o risco de
seguir com a proposta é elevado. "Imagine-se que o PSD aceita isto e diz,
sim senhor, vamos em frente. Imagine-se que ele leva isto por diante e não
consegue que a maioria dos deputados do PS vote a favor?", pergunta um
deputado.
Portas
defendeu redução em 2011
O líder do CDS-PP, Paulo
Portas, defendeu durante um frente-a-frente com Pedro Passos Coelho na
pré-campanha eleitoral, em Junho de 2011, a redução dos deputados de 230 para
115, com "um círculo nacional ou agregação de círculos para não se perder
dimensão, e representação proporcional pura e dura" - uma das soluções
admitidas por Seguro na passada sexta-feira, ao referir um "círculo
nacional de compensação para assegurar a proporcionalidade". A direcção da
bancada parlamentar do CDS-PP não quis, por agora, referir-se a uma eventual
reforma da lei eleitoral que reduza o número de deputados.
Fonte:
Jornal Público de 10-10-2012
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