A encruzilhada de Vítor Gaspar
A parte interessante das
declarações dos nossos governantes, é que sempre que atiram com uma medida de
austeridade, dizem que o crescimento vem a seguir. Como essas previsões são
utópicas, nem sequer lhes vai na cabeça que essa é uma certeza, depois quando
querem implementar mais austeridade, chegam as ameaças.
Senão vejamos: Vítor Gaspar
avisou que o país está “numa encruzilhada”, pergunto?
Quem colocou o país nessa
encruzilhada?
Os portugueses não foram,
foram exactamente aqueles que governam este país e nesse rol, encontra-se Vítor
Gaspar, com a principal pasta, ou seja, o ministério das Finanças, logo o
principal autor de o país estar “numa encruzilhada”.
Depois diz que o maior risco
vem da “desunião e do sectarismo”, quem é que está a ser sectarista?
O Governo, que é autista,
não ouve ninguém, nem do próprio partido, nem pessoas da oposição, pelo que só
a “sua verdade” é que conta. Portanto a desunião do povo com o Governo deu-se
no célebre dia 12 de Agosto de 2012. Nesse princípio de noite, antes do
primeiro-ministro ir para o espectáculo de Paulo de Carvalho cantar a “Ninita”,
fez uma declaração ao país que acabou com a credibilidade do Governo!
No dia seguinte, o
primeiro-ministro devia ter posto o cargo à disposição do Presidente da
República, não o fez e o povo deu-lhe a sentença a 15 de Agosto, com a maior
manifestação espontânea, que o país já viu, com convocação através das redes
sociais. Nessa manifestação, viu-se um povo unido contra um Governo que deixou
de ter a confiança dos seus governados e mesmo assim o que aconteceu?
Promessas na festa do Pontal,
que no próximo ano já estaríamos com crescimento económico, que o pior já
estava a passar. Mentira!
Foi necessário mais um Orçamento
rectificativo para este ano, o segundo, e mesmo assim vamos ver se conseguimos
acertar no défice que a UE exige.
Dito isto, eis que aparece o
OE de 2013 e se até agora havia austeridade que chegasse, para o próximo ano,
temos “paletes” de austeridade, que é só o maior aumento de imposto que
Portugal já teve de uma vez.
Mas não satisfeito com isto,
Vítor Gaspar no primeiro dia de discussão do OE de 2013, já apresentou um
Orçamento rectificativo para 2013. É incrível, mesmo antes de ser aprovado e
entrar em vigor o OE que está em discussão, já existe um outro a rectificar as
despesas em 830 milhões de euros, que serão de cortes nas prestações sociais.
Na mesma discussão do OE,
Vítor Gaspar com as suas ameaças veladas aos deputados, com o intuito de os
intimidar, com aquele ar que lhe é tão peculiar de salazarento, e que lhe foi
dito pelo deputado Galamba do PS, tendo (Sua excelência) o ministro das
Finanças, ficado muito ofendido com o adjectivo e reclamado junto da Presidente
da Assembleia que se sentia insultado. Chamar-lhe salazarento é pouco, porque
ele é mais do tipo nazi!
Gostaria
de poder arranjar um «campo de concentração para colocar os indigentes dos
reformados, pensionistas e funcionários públicos que são uma praga, e que nunca
mais morrem».
“Portugal
está numa encruzilhada. O sectarismo e a divisão podem lançar-nos num ciclo
vicioso de perda de credibilidade, de instabilidade económica e social”.
Esta afirmação do senhor
ministro das Finanças, até daria para rir, se o país não estivesse a viver uma
fase critica da sua vida, não por culpa dos portugueses, como nos querem fazer
crer, mas por culpa dos políticos que temos, que não sabem governar, que não
têm coragem de cortar onde devem cortar, e que sempre que têm de reduzir
despesas do Estado, viram-se sempre para os mesmos, ou seja, pensionistas,
reformados e Educação e Saúde.
Cortar nas PPP’s, não o fazem,
apesar de dizerem que já o fizeram, mas isso é pura mentira, retiraram as
manutenções das auto-estradas às concessionárias e com isso baixaram o valor
das rendas a pagar, mas ficou a Estradas de Portugal com a responsabilidade da
manutenção dessas auto-estradas. Portanto, isso não foi nenhum corte ao que
deveria ter sido feito, às rendas excessivas, onde estão os banqueiros e
empreiteiros.
Cortar nas rendas da
energia, também não o fazem, porque isso mexe com o capital e não se pode mexer
em nada que possa ofender esses senhores.
Dito isto, mais uma vez se
verifica que a situação de Portugal, passa pela renegociação do programa da troika, porque estes senhores quiseram
ir mais além do que estava inicialmente previsto e o resultado é este, sempre
que temos cá a troika, temos mais
austeridade pela frente.
Agora, tarde e a más horas,
vêm bater à porta do Partido Socialista, para que estes se juntem às
negociações com a troika na sexta e
sétima avaliação. Andaram ano e meio sem passar cavaco ao PS e agora lembram-se
que precisam do PS, para conseguirem implementar mais cortes na área social. Desta
vez, António José Seguro, esteve realmente seguro e bateu-lhes com a porta. Que
resolvam o problema que criaram. Já falam em novo resgate, porque até aqui, nós
iriamos aos mercados em Setembro de 2013, até se fez uma renegociação de dívida
que vencia em Setembro de 2013, tendo sido um êxito o seu prolongamento para
2015. Troca de dívida, chamou-lhe Vítor Gaspar. O sucesso foi tão grande, porque
quem comprou essa dívida, foi a Segurança Social e os Bancos portugueses, com
obtêm empréstimos no BCE a 1% e emprestaram a Portugal a 3, qualquer coisa por
cento.
É por isso que os banqueiros
portugueses querem que esta situação continue, pois isto para eles é dinheiro
em caixa. Fernando Ulrich, disse que o “país aguenta, ai aguenta…” que os
gregos também aguentam, apenas são mais violentos nas manifestações, partem
umas montras. Pois bem, aqui ainda não aconteceu isso, mas espero que ao acontecer,
seja selectivo e que sejam montras do BPI a serem partidas, e que não seja só
uma, mas sim uma quantidade grande de estabelecimentos do BPI.
Vítor Gaspar:
“O
maior risco decorre da desunião e do sectarismo”
30.10.2012 - 17:37 Por Sofia Rodrigues, Ana Rita Faria
Fonte: Jornal Público
Ministro das Finanças diz
que Portugal está numa encruzilhada
O ministro das Finanças avisou esta
terça-feira que o país está “numa encruzilhada” e que o maior risco vem da
“desunião e do sectarismo”, que podem lançar Portugal numa espiral de perda de
credibilidade e instabilidade económica e social. E, nesse contexto, o país
deixaria de beneficiar da rede de protecção europeia.
O alerta foi hoje deixado
por Vítor Gaspar, durante o debate sobre a proposta do Orçamento do Estado (OE)
de 2013.
“Vivemos uma situação de
crise e emergência nacional”, bem como de crise do euro, disse o ministro das
Finanças, salientando que a situação é marcada por vários riscos e incertezas.
Mas “o maior risco”, considera Vítor Gaspar, “decorre da desunião e do
sectarismo”.
“Portugal está numa
encruzilhada. O sectarismo e a divisão podem lançar-nos num ciclo vicioso de
perda de credibilidade, de instabilidade económica e social”, avisou Vítor
Gaspar.
Se o país não conseguir
retomar o consenso político e social alargado que a troika sempre elogiou, a
queda do investimento e o aumento do desemprego acentuar-se-ão e a recessão
será mais profunda.
“Na Europa, Portugal
passaria a ser um caso problemático e não poderia beneficiar de mecanismos de
resseguro”, alertou Gaspar, em alusão ao compromisso dos líderes europeus de
continuar a ajudar Portugal desde que o país cumpra o programa de ajustamento.
Vítor Gaspar salientou ainda
que é essencial uma “política de verdade” que não oculte as dificuldades pelas
quais o país está a passar. E, por isso, é necessário que as forças políticas
sejam capaz de se agregar para concretizar os cortes de despesa de quatro mil
milhões de euros, previstos para 2014.
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