Tecnoforma, Passos e Relvas
Os
esquemas de Passos Coelho antes de ser governante.
“Não basta ser sério, é preciso parecê-lo”,
este é um ditado velhinho que talvez devido à idade o actual primeiro-ministro
não saiba o seu significado.
Enquanto
Miguel Relvas passava pelo Governo de Durão Barroso, foi arranjando “tachos”
para o amigo Passos Coelho, que apesar de ter conseguido o apoio necessário
para a formação de 425 pessoas (funcionários de Câmaras Municipais), para os aeródromos
da zona Centro. Mas o interessante, é que a maioria desses formandos, apenas
tiveram a aula de apresentação e ficaram-se por aí, mas o dinheiro, esse foi
direitinho para a empresa de Passos Coelho.
Tão
“sério” que o homem é, mas com habilidades conseguiu obter dinheiros do Fundo
Social Europeu e os formandos possivelmente nem sequer ficaram certificados.
Mas isso era o lado menos importante, o que realmente importava era “sacar” o
dinheirito do programa Foral, para a empresa de Passos Coelho a Tecnoforma.
São
estas pessoas “muito honestas” que vêm para a política e que nos governam!
Relvas ajudou empresa ligada
a Passos a ter monopólio de formação em aeródromos do Centro
10.10.2012 - 22:20 Por
José António Cerejo
O programa Foral era
tutelado por Miguel Relvas, então secretário de Estado da Administração Local
(Daniel Rocha)
O projecto aprovado em 2004, no valor de 1,2
milhões de euros, destinava-se a formar centenas de técnicos municipais para
trabalharem em sete pistas de aviação, parte delas fechadas, e em dois
heliportos da região Centro. No total, estas pistas tinham dez funcionários,
agora têm sete.
A Tecnoforma, empresa de
que Passos Coelho foi consultor e depois gestor, conseguiu fazer aprovar na
Comissão de Coordenação Regional do Centro (CCDRC), em 2004, um projecto
financiado pelo programa Foral para formar centenas de funcionários municipais
para funções em aeródromos daquela região que não existiam e nada previa que
viessem a existir. Nas restantes quatro regiões do país a empresa apresentou
projectos com o mesmo objectivo, mas foram todos rejeitados por não cumprirem
os requisitos legais. As cinco candidaturas tinham como justificação principal
as acrescidas exigências de segurança resultantes dos ataques às torres gémeas
de Setembro de 2001.
O programa Foral era
tutelado por Miguel Relvas, então secretário de Estado da Administração Local,
e na região Centro o gestor do programa Foral (e presidente da CCDRC) era o
antigo deputado do PSD Paulo Pereira Coelho, que foi contemporâneo de Passos
Coelho e de Relvas na direcção da Juventude Social Democrata (ver PÚBLICO de
segunda-feira).
O projecto da Tecnoforma
destinado a formar técnicos para os aeródromos e heliportos municipais
espalhados pelo país começou a ser preparado no início de 2003, deparando-se
desde logo com dificuldades várias ao nível da aprovação dos cursos pelo
Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), a única entidade que os podia
homologar, e da possibilidade de ser financiado pelos fundos europeus do
programa Foral.
No Verão desse ano, a
administração da Tecnoforma negociou o assunto com a secretaria de Estado da
Administração Local e a 31 de Julho escreveu ao seu titular, Miguel Relvas, ao
cuidado da sua então secretário pessoal (Helena Belmar), que agora ocupa as
mesmas funções no gabinete de Passos Coelho. “Na sequência das reuniões que têm
vindo a ser realizadas com a área dos Transportes e com a Secretaria de Estado
da Administração Local fomos incumbidos de apresentar um projecto nacional” de
formação de técnicos de aeródromos e heliportos municipais, lê-se no ofício.
Seis meses depois, a 23
de Janeiro de 2003, Miguel Relvas e Jorge Costa, então secretário de Estado das
Obras Públicas (com a tutela do INAC) assinaram um protocolo que visava criar
as condições para que o INAC aprovasse um conjunto de cursos para técnicos de
aeródromos e heliportos municipais, que eram, palavra por palavra, os
anteriormente propostos pelas Tecnoforma; e arranjar maneira de o programa
Foral os pagar.
O documento estipulava
também que o gabinete de Miguel Relvas deveria sensibilizar as empresas
privadas de formação profissional, para se envolverem na formação desses
técnicos, e autarquias que possuíam aeródromos e helipistas, para inscreverem
os seus funcionários nos cursos.
Dezassete dias depois, a
9 de Fevereiro, a Tecnoforma, invocando aquele protocolo, candidatou-se, com
dossiers de centenas de páginas, a financiamentos do Foral para realizar
aqueles mesmos cursos nas cinco regiões do país. A candidatura maior, que
previa 1063 formandos (correspondentes a um total entre 300 e 400 pessoas
distintas, porque algumas poderiam frequentar vários cursos) foi entregue na
região Centro e apontava para um custo global de 1,2 milhões de euros. E foi a
única, que foi aprovada.
Foi aliás a mais cara de
todas as que foram financiadas no quadro do programa Foral nos seis anos que
este durou (2002-2008). O protocolo patrocinado por Miguel Relvas não foi
objecto de qualquer espécie de divulgação e nenhuma empresa, além da
Tecnoforma, se candidatou formar os tão necessários técnicos de aeródromos e
heliportos municipais.
A execução do projecto
da Tecnoforma, cujas contas finais foram assinadas por Pedro Passos Coelho em
Março de 2007 (já com o PS no Governo), acabou por não ver aprovada a última
das várias prorrogações solicitadas e revelou-se um fracasso. Dos 1063
formandos, a empresa acabou por formar apenas 425 (embora a esmagadora maioria
deles tenha participado apenas em sessões de apresentação dos cursos) e em vez
dos 1,2 milhões de euros recebeu cerca de 311 mil euros. Nenhum dos cursos que
foram ministrados foi concluído e os 36 funcionários que municipais que os
frequentaram nunca foram certificados pelo INAC. Leia mais na edição impressa
de quinta-feira e na edição online para assinantes
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