Ingerência de Bruxelas no Tribunal Constitucional
Não
acredito que Bruxelas se queira substituir ao nosso Tribunal Constitucional. Não
somos um Estado Federado, mas, mesmo que fossemos, Bruxelas não tinha o direito
de interferência. Pode dizer o que quiser, mas que seja, pelo menos verdadeiro,
ou seja, os funcionários públicos não têm estabilidade no emprego, estão
exactamente iguais ao sector privado, pois ainda agora foi anunciado para o próximo
ano um despedimento colectivo de 40 a 50.000 funcionários públicos.
Só
espero que no parlamento alguém peça a verificação preventiva do OE para 2013
ao Tribunal Constitucional, até porque os cortes, dos pensionistas e
reformados, são muito mais fortes que nos restantes trabalhadores, não havendo
equidade nesses mesmos cortes. Porque além do IRS, têm uma taxa de
solidariedade por escalões, o que não acontece com as outras classes.
Quando
Bruxelas diz que os vencimentos dos funcionários públicos em médias são
superiores aos dos privados 47%, deve estar a contar com os “assessores
nomeados pelo Governo, que auferem em média 3.069,33 €”. No que diz respeitos aos
cargos mais elevados, Bruxelas que se atire para cima dos diversos governantes
e destes inclusive, porque são eles que fazem as nomeações para esses cargos.
As promoções automáticas estão bloqueadas há muito tempo.
Quando
o Tribunal Constitucional Alemão teve de tomar a decisão sobre o BCE comprar
ilimitadamente dívida pública dos países membros, ninguém se pronunciou sobre a
legalidade do acto, e, assim deve ser. Cada Estado é independente, apesar de
estarmos com ajuda externa, não quer dizer que não paguemos as nossas dívidas e
com juros bem altos. Quem se enche é a Alemanha, que obtém empréstimos a juros
negativos e empresta a Portugal a juros altos.
Bruxelas
contra juízes do Constitucional. Estado continua a pagar melhor que o privado
Por
Ana Suspiro, publicado em 13 Out 2012 - 11:29 | Actualizado há 6 minutos 35
segundos.
Fonte:
Jornal I
Antes
da austeridade, os funcionários públicos tinham um prémio de 21% face aos
privados. Depois continuaram a ganhar mais, diz Comissão
A
Comissão Europeia ataca os critérios da decisão do Tribunal Constitucional de
chumbar os cortes nos subsídios dos funcionários públicos em nome de uma maior
equidade com os trabalhadores do sector privado.
Não
obstante reconhecer que esta medida representara um “fardo pesado”, Bruxelas
realça que “quando se avalia como os funcionários públicos e os pensionistas
são penalizados, em comparação com os seus pares do sector privado, deve considerar-se
a sua posição inicial antes da introdução das medidas” de austeridade. E
assinala: “Focar exclusivamente numa só medida resulta numa leitura enganadora
do fardo efectivo para os vários grupos da população”.
No
relatório da quinta avaliação da ajuda a Portugal, Bruxelas invoca um estudo de
vários economistas publicado pelo Banco Central Europeu para desmontar com
números os pressupostos que sustentaram a deliberação dos juízes do Palácio
Ratton.
O
trabalho realizado por vários economistas, de Dezembro de 2012, compara o
prémio salarial dos funcionários público face aos privados em vários países
europeus e conclui que a remuneração mensal dos trabalhadores do Estado em
Portugal é 47% superior à do sector privado. O prémio “é substancialmente maior
do que em outros países da zona euro”, refere o documento que analisa os anos
entre 2004 e 2007.
Adicionalmente,
o número de horas de trabalho dos funcionários públicos portugueses é mais
baixo do que o praticado no sector privado, o que aumenta significativamente o
“prémio” para 77% quando se avalia a remuneração por hora.
A
Comissão reconhece que o nível de qualificação dos trabalhadores do Estado é
mais elevado do que no privado, mas assinala que, mesmo corrigindo esse efeito,
os funcionários públicos portugueses beneficiavam de um salário por hora 21%
mais elevado que os trabalhadores privados. Era o segundo “prémio” mais alto
nos dez países analisados, igual ao da Grécia e apenas superado pelos 25% de
Espanha. Os dados mostram ainda que o prémio remuneratório era mais expressivo
no sector da educação, 28% acima do privado e nos cargos mais elevados onde
chegava aos 41%.
MENOS
HORAS, MAIOR SALÁRIO Parte substancial desta vantagem salarial no Estado
resulta dos horários mais reduzidos de trabalho, o que faz disparar a
remuneração por hora.
A
Comissão recorda ainda que os trabalhadores do Estado usufruem de maior
protecção contra os despedimentos do que os privado, o que representa
“benefício significativo na actual viragem negativa”.
O
estudo incide sobre uma fase mais moderada da consolidação orçamental, até
2007. No entanto, insiste Bruxelas, apesar de reduções substanciais nas
compensações aos funcionários públicos, no ano passado o rácio da remuneração
por trabalhador do Estado, medido em produto nacional bruto per capita,
permanece o segundo mais alto da zona euro.
Mesmo
quando se faz as contas a este ano, em que foram retidos os dois subsídios, o
pagamento “a mais” aos funcionários públicos em Portugal face aos privados
continua a ser um dos mais altos da zona euro.
Nesta
avaliação crítica à decisão do Tribunal Constitucional, que obrigou o governo a
procurar alternativas no corte de despesas, mas sobretudo pela via da receita
(mais impostos) para 2013 (ver página 20), Bruxelas não refere a situação dos
pensionistas que também foram afectados pelo duplo corte.
O
governo está a preparar uma revisão da grelha salarial da função pública até ao
final do ano que irá identificar diferenças remuneratórias injustificadas em
relação a qualificações equivalentes no sector privado. O mesmo levantamento
será feito no sector empresarial do estado no próximo ano.
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