Gaspar contra todos.


Porque será que temos um Governo que só vê austeridade pela frente?
Quando existem lideres europeus de países maiores que Portugal, muito mais importantes no contexto europeu que Portugal, que dizem que não pode haver só austeridade e inclusive, que considera uma penalização, como se fosse uma pena de prisão perpétua, acho que os nossos governantes não negoceiam com a troika, outras medidas mais suaves, porque pretendem esmagar o povo. Qual o interesse não sei, mas sei que se estivesse na posição do primeiro-ministro, não entraria em confronto com os portugueses, mas sim com a troika.
Estes governantes não podem sair à rua como qualquer cidadão, isto porque se o fizerem, estão sujeitos, a maus tractos, ou na eventualidade correr perigo de vida. Chegaram a esse ponto, o que nas últimas décadas é uma novidade, pois até agora isso não se punha. O primeiro-ministro já não foi aos Açores para colaborar na campanha eleitoral, porque podia haver algum maluquinho, que lhe tratasse da saúde. Paulo Portas foi, mas recatou-se bastante, não teve a mesma atitude que lhe é peculiar.
Todos os estudos e hoje já apareceu mais uma da Universidade Católica, em que os números não são iguais aos do Governo. Das duas uma, ou o ministro das Finanças e a sua equipa não sabem fazer cálculos, ou é propositadamente que o fazem ou implica pouca sapiência.
Nós estamos na EU de alma e coração, sempre fizemos o que nos mandaram, mas de um momento para o outro, querem que se atinjam metas em dois ou três anos, que se deveriam ter tomado em décadas de desvario. Esse desvario, muito dele, foi por indicação da Europa, para ajudar a reunificação da Alemanha, comprando mais produtos alemães, para que a economia deles crescesse e o resultado é que agora temos os alemães a massacrar com as metas do défice e não permitirem que se abrande a austeridade.
Chego a um ponto que acredito que mais vale ser uma segunda Grécia, que deixar de existir o povo português. Sei que as implicações são graves, mas neste momento a gravidade provocada por esta austeridade é também de grande gravidade para quase todo o povo português.
Não será por acaso que o CDS tem equacionado o abandono do Governo e não votar favoravelmente o OE. Eles melhor que ninguém, porque têm negociado com as avaliações da troika, sabem quais as exigências e as consequências que pode haver com a queda do Governo neste momento. No entanto, as condições de governação com austeridade sobre austeridade, que provoca uma espiral recessiva que tão cedo não conseguimos sair dela, então, possivelmente valerá mais a pena a queda do Governo e suas consequências.
Desta forma é que não conseguimos pagar a dívida, porque não geramos dinheiro para o fazer. A economia está a ser destruída completamente e quem tem dinheiro, acaba por o tirar do país e pô-lo a salvo de confiscos maiores que este que está agendado no OE de 2013.

Portugueses e espanhóis precisam de "uma perspectiva que não seja apenas a da austeridade"
17.10.2012 - 13:32 Por Alexandre Martins
Fonte: Jornal Público
O Presidente francês, François Hollande, defende que a União Europeia "requer uma nova forma de governar"
 O Presidente francês, François Hollande, dirigiu-se "aos espanhóis e aos portugueses, que estão a pagar caro por desavenças de outros". "Chegou a hora de lhes dar uma perspectiva que não seja apenas a da austeridade”, defendeu numa entrevista concedida no Palácio do Eliseu a seis jornais europeus.
No encontro com os jornalistas, Hollande declarou que “não é possível, para o bem comum, impor uma prisão perpétua a algumas nações que já fizeram sacrifícios consideráveis, se os seus povos não vêem, em momento algum, os resultados desses esforços”.
“Estou convencido de que, se não dermos um novo alento à economia europeia, as medidas de disciplina, por muito desejáveis que sejam, não poderão traduzir-se em nada”, sublinhou o Presidente francês. A frase que proferiu para rematar esta parte da entrevista pode mesmo vir a tornar-se num novo slogan: “A ameaça da recessão é hoje tão importante como a ameaça dos défices!”
União política a discutir após as eleições europeias de 2014
François Hollande diz ser uma evidência que a União Europeia de hoje não pode funcionar da mesma forma que funcionou no início da década de 1960 e defende “uma Europa a várias velocidades”, com o objectivo final de uma maior integração política.
“Nessa época havia seis países, depois oito, depois 12. Hoje somos 27 e seremos 28, com a Croácia. Ao mudar de dimensão, a Europa mudou também de modelo. A minha postura é a de uma Europa que avance a várias velocidades, com círculos diferentes. Podemos chamar-lhes a vanguarda, os Estados precursores, o núcleo duro, isso não importa. O que importa é a ideia”, afirmou o Presidente francês.

Hollande afirma mesmo que a União Europeia moderna – a Europa da moeda única – “requer uma nova forma de governar” e “deve assumir uma dimensão política”.
“Defendo que o Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças, reforce os seus poderes; que o presidente do Eurogrupo tenha um mandato reconhecido, claro e suficientemente longo. Defendo também – e já o disse aos meus colegas da Zona Euro – uma reunião mensal de todos os chefes de Estado e de Governo desses países. Acabemos com essas cimeiras ‘de desesperados’, essas cimeiras ‘históricas’, que no passado não alcançaram nada mais do que êxitos efémeros”, afirmou o Presidente francês.
Terá chegado, então, o momento de se avançar para uma verdadeira união política? Para Hollande, ainda não: “A união política virá depois, é uma etapa que se seguirá à união dos orçamentos, à união bancária, à união social. Será um marco democrático para o que alcançarmos em matéria de integração social.”
O processo de construção de uma união política pode não ser para já, mas Hollande não vê que se possa esperar muito mais tempo, pelo que aponta para “depois das eleições europeias de 2014”. “Esse é o momento para mobilizar os cidadãos e para elevar os índices de participação em torno de um debate sério, o do futuro da Europa”, defende.
Na entrevista, François Hollande afirma também que já é altura de “deixar de pensar que só há um país a pagar por todos os outros”, em resposta a uma pergunta sobre a acção política da Alemanha de Angela Merkel. “A solidariedade é uma coisa de todos, não apenas dos alemães! É dos franceses, dos alemães e de todos os europeus. Deixemos de pensar que só há um país a pagar por todos os outros. Isso não é verdade”, afirmou o Presidente francês.
Mas Hollande faz questão de sublinhar que compreende o ponto de vista alemão. “Estou consciente da sensibilidade dos nossos amigos alemães perante a dívida. Quem paga deve controlar, quem paga deve sancionar”, embora “a união orçamental deva ser alcançada mediante a mutualização parcial das dívidas, através dos eurobonds”, conclui.

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