A culpa é da coligação...
Quanto vale o
Governo ter andado a dizer desde o início do seu mandato, que pretendia ir para
além do memorando da troika, agora
terá de assumir perante os portugueses, que a responsabilidade de toda esta
austeridade que houve e que não serviu de coisa nenhuma, a não ser da
destruição da economia do país, (a quantidade de falências provocadas pelas
medidas adoptadas, assim como o aumento do desemprego, devido às mesmas
medidas) é da sua inteira responsabilidade. Com tudo isto, vai ser muito
difícil para Governo, continuar a dizer que a culpa é do Sócrates, que vivemos
acima das nossas possibilidades, etc.
O défice está
longe de ser cumprido, 6,9%, falta saber o que é que o Governo vai fazer em
conjunto com a troika, que apesar de
dizer que o memorando é da responsabilidade do Governo português, tem muito
deles, senão vejamos, continuam a dizer que os salários têm de baixar, (mais?)
que tem de haver mais flexibilidade nos despedimentos. Portanto, isto não é
chegar cá e mandar uns bitaites, e depois quando se vê que os resultados das
medidas adoptadas são muito más, atira-se a culpa só para um dos lados. Ambos
são responsáveis, uns por querer levar o plano da troika até ao fim, apesar de verem que não ia resultar, e os outros
por exigir coisas que já tinham posto em prática na Grécia e que não
resultaram.
No meio disto
tudo, quem se lixa é o mexelhão, ou seja os portugueses!
Continua a não se
saber o que é que vai ser dito no fim desta avaliação pela troika, mas que ninguém tenha dúvidas que vai haver mais elogios e
que a falha é por causa da economia europeia.
Todos nós sabemos
que o problema não nasceu em Portugal, Irlanda ou Grécia, ou até Espanha e
Itália, que serão os próximos beneficiários destas medidas impostas a Portugal.
Esta crise é da Europa que não tem rumo, que hoje dá um passo enfrente e amanhã
dá dois passos atrás, temos andado assim ano após ano. Os alemães dizem uma
coisa hoje e amanhã já dizem outra e os mercados financeiros não se fazem
esperar em fazer subir as taxas de juro.
O grave desta
situação é a troika fugir com o rabo
à seringa e agora deixa Passos Coelho numa situação delicada. Também penso que
não é por acaso que a coligação começa a dar mostras de degradação, é o caso da
RTP, agora a revisão da Lei autárquica, vai ser diferenças no OE para 2013 e
vamos ver se o Governo não vai dar uma volta ao bilhar grande, não é a primeira
vez que o CDS, tira o tapete ao parceiro de coligação. Se isso acontecer, acho
que todos deveriam ser julgados pela destruição da economia do país, a começar
pelo ministro das Finanças, que é um tecnocrata que pouco ou nada percebe da
realidade portuguesa, não sei onde foram desencantar semelhante personagem.
Tentar por em prática o que se aprendeu nos livros, nem sempre dá resultado,
cada caso é um caso e terá de ser avaliado de forma diferente.
Era de esperar
que o aumento substancial do IVA, não ia resultar, porque os portugueses não
têm a rotativa do BCE em casa para fabricar notas, a fim de continuar a gastar
dinheiro como gastavam, enquanto tinham trabalho. Outra coisa também que não
foi devidamente ponderada, foi a introdução das portagens nas SCUT e o
resultado está ai, as pessoas apesar dos transtornos que isso provoca, voltaram
para as estradas nacionais, ou optam pelas autoestradas que já eram portajadas,
a fim de mostrar ao governo que esta foi uma medida errada.
Quando existem
aumentos substanciais nos serviços, a tendência das pessoas será protegerem-se,
tentar pagar o menos possível, isso implica algumas mudanças de estilo que
vida, mas faz-se e o resultado aparece, contra aqueles que nos querem “roubar”.
Dou um exemplo
pessoal:
Há um ano atrás,
pagava de luz 70 euros mensais, tinha conta certa, débito directo. Em Janeiro,
houve o aumento do IVA de 6 para 23%, a EDP, aumentou-me a conta certa para 91
euros mensais, em Maio detectei no extrato bancário dois débitos, um no início
do mês e outro no fim do mês. Liguei para a EDP, dei a contagem do contador,
exigi o acerto, fui reembolsado de 168 euro, no mês seguinte não paguei nada e
em Agosto, apenas paguei 49 euros. Claro que a máquina da louça não trabalha diariamente,
aproveita-se ao máximo o bi-horário e com isso passei a poupar mais.
Com o aumento dos
combustíveis é feito a mesma coisa, só se utiliza o carro em última
necessidade, anda-se a pé que faz bem à saúde e usa-se os transportes públicos nas
deslocações maiores.
Ao usar a
viatura, sigo pela Nacional 13, em vez de utilizar a A28, assim poupo a
portagem. Claro que se tem de andar com cuidado, pois encontra-se com frequência
a polícia com o radar, nos locais de 50 quilómetros/hora, para apanhar os
incautos e cobrar mais que na portagem da ex-SCUT.
Julgo não ser
único a fazer poupanças e ter deixado de comprar coisas que comprava com mais
frequência e que agora nem penso nelas, faz parte da adaptação às novas regras
impostas pelo Governo. Se todos fizerem um pouco desta receita, então os
resultados são o que está aí, uma quebra colossal nos impostos.
As pessoas da
minha idade, já passaram por tempos difíceis, andávamos com a boca tapada,
existia a lei da rolha, o lápis azul e a vida não era fácil. Portanto, estamos
a regressar ao passado em algumas coisas. Sempre pensei que a vida dos meus
filhos seria melhor que a minha, mas afinal enganei-me!
Com a corrupção
que passou a ser uma coisa banal, com o tráfico de influências para se arranjar
emprego e outras coisa mais, nada daquilo que eu esperava da vida, após o 25 de
Abril de 1974, se prolongou no tempo.
Mas a esperança é
a última coisa a morrer, daí que penso que ainda se consiga dar a volta a esta
política neoliberal e que voltemos a ter novamente democracia plena, nem que
para isso se tenha de voltar a criar outra revolução…
ENCONTRO COM PARCEIROS SOCIAIS
'Troika' culpa Governo português por falhanço do programa
Por Nuno Aguiar Ontem 03.09.2012
Fonte: DN
Vitor Gaspar e Passos Coelho, ministro
das Finanças e primeiro-ministro de Portugal
O programa da 'troika' não está a
produzir os resultados pretendidos, estando em risco o cumprimento da meta do
défice fixada para este ano e próximo (4,5% e 3% do PIB, respetivamente), fruto
de uma queda drástica das receitas fiscais.
No entanto, os chefes de missão do
FMI, Comissão Europeia e BCE lembram que a responsabilidade por este programa é
de Portugal, atirando para o Governo pelo menos parte das culpas pelas falhas
do programa de ajustamento.
"Não houve um 'mea culpa' por
parte da troika. O representante da Comissão Europeia concluiu a sua
intervenção com duas notas: elogiar o diálogo político e dizer que este
Memorando não é da troika, é de Portugal", afirmou João Proença,
secretário-geral da UGT, à saída da reunião na sede do Conselho Económico e
Social. "Se as previsões estão a falhar, o clima de confiança está posto
em causa. Há um falhanço na maneira como o Memorando está desenhado."
Esse episódio foi também referido por
João Vieira Lopes, presidente da CCP. "A troika está a colocar-se numa
posição de divisão de responsabilidades. Pareceu-me que foi uma declaração com
significado político. Talvez a mais importante feita durante a reunião",
disse no final do encontro.
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