Vontade colectiva
Passos Coelho teve tudo para que pudesse
correr bem o programa de ajustamento da troika,
mas fez com que tudo corresse mal. Não ter havido equidade, estar a
sobrecarregar sempre os mesmos, os trabalhadores e com este termo, não estou a
falar de “operários e camponeses”, mas sim de toda a gente que trabalha. Isto
deixou de ser uma luta de classes, para passar a ser uma luta do povo contra a
má governação do País.
Penso que ninguém se esqueceu das
promessas do primeiro-ministro, enquanto oposição ao Governo de Sócrates e
aquando da campanha eleitoral, que lhe deu a vitória para que hoje seja
Governo.
No entanto, a partir do momento em que
escolheu o seu elenco, começou por fazer tudo ao contrário das promessas
feitas, atirou constantemente as culpas para o Governo anterior, alegando que
tinha encontrado um “buraco colossal”, que o ministro das Finanças disse que
era um “desvio colossal”. Portanto, não dizia a letra com a careta. E de passo
em falso, em passo em falso, foi aumentando a desconfiança dos portugueses.
As medidas que eram tomadas
baseavam-se sempre na mesma receita, ou seja, aumentar impostos. Desta forma, o
que tinha sido prometido de cortar nas “gorduras do Estado”, não aconteceu,
porque foi acordado que o ajustamento teria de ser feito pelo corte nas
despesas de 2/3 e 1/3 no aumento de receitas, isso não aconteceu, até à
presente data.
Falou-se em cortes nas rendas
excessivas, o que se fez, foi brincar com o povo, pois apenas beliscaram as
ditas rendas em vez de efectuarem um corte às ditas rendas. Agora, fala-se nas
negociações das PPP’s, aqui a montanha pariu um rato, pois o que está a ser
feito, é transferir a manutenção das autoestradas e ex-SCUT’s, para as Estradas
de Portugal, pelo que o dinheiro que dizem estarem a poupar, acaba por não ser
verdade e eventualmente, estarão a dar mais lucro às concessionárias, pois
estas ficam livres dos encargos das manutenções ao longo do contracto.
Também devia ter havido equidade nos
cortes salariais, o que não aconteceu. Os assessores dos ministros e secretários
de Estado, ganham 14 meses de salários chorudos, pelo que a “lixar” é o povinho
que esse não pode reclamar.
Desta forma, é caso para dizer que o
tempo do primeiro-ministro acabou, não lhe é dada mais carta-branca para fazer
disparates, tipo TSU, apesar de vir agora mais um aumento de IRS, que não deve
ser nada meigo.
Portanto, apelar à consciência
colectiva para levar por diante medidas que prometeu tomar junto da troika, passou a ser um problema dele.
Hoje estamos todos muito mais conscientes que este Governo está completamente
vendido à Banca e às grandes empresas tipo EDP, GALP e companhia.
Cometeu erros crassos, em que destruiu
uma quantidade enorme de empresas através de falências destas, como no sector
da construção civil e na restauração.
Se eventualmente, acha que estes
sectores são responsáveis pela fuga ao fisco, que coloque os seus agentes da
ASAE na rua, que façam pesquisas para ver o que se passa em relação às facturas
nos restaurantes. É mais fácil proibir que os sistemas informáticos tirem as
chamadas consulta de mesa e obrigar que todos os sistemas de facturação, passe
de imediato a factura do que quer que seja. Têm como controlar, porque mandaram
instalar em todos os sistemas informáticos de facturação, o software SAFT-PT, com isso ficam
registados todos os movimentos que houve dentro do programa.
Acho que tem de haver perseguição à
fraude fiscal e tem de ser travado com toda força, porque se todos pagarmos
impostos, todos temos de pagar menos. Só não concordo com as medidas que
aparecem, do género de pedir facturas nos cabeleireiros, oficinas de
automóveis, etc. Os benefícios fiscais são uma ilusão e como tal, isso não funcionará
nunca, porque se eu mandar reparar o meu carro e no fim ao pedir a factura o
mecânico e ele me disser que nesse caso tenho de pagar mais 23%, então está
resolvido, não quero factura. O Governo tem de usar os funcionários das
Finanças para fazerem as fiscalizações de surpresa às oficinas, aos
cabeleireiros, aos cafés, aos restaurantes, etc.
Quanto à questão de os portugueses
mostrarem determinação na coesão com o Governo, penso que essa fase acabou,
ninguém está disposto a ver os seus rendimentos diminuírem, enquanto os
rendimentos dos políticos ficam na mesma, por via do aumento das ajudas de
custo.
Querem coesão?
Baixem os salários a todos políticos, na
proporção do que já foi cortado a todos os trabalhadores. Acabem com acumulação
de reformas sucessivas de determinados senhores.
Acabem com os privilégios que existe
para a classe política, nomeadamente subvenções vitalícias, reformas ao fim de
9 anos de trabalho (Assunção Esteves) e coisas do género. Toda a gente deve ter
de trabalhar 40 anos para obter a sua reforma.
Para que haja credibilidade nos
políticos, não é só parecer ser sério, é preciso sê-lo realmente!
Portanto, senhor primeiro-ministro,
mude o “chip” e negoceie com a troika,
apesar de me parecer que o tempo de o fazer, já passou, mas mais vale tarde que
nunca!
Passos Coelho diz que
"tudo depende da nossa vontade coletiva"
Fonte
JN de 28 de Setembro de 2012
O
primeiro-ministro dramatizou, esta quinta-feira, a importância da
disponibilidade dos portugueses para prosseguirem o "esforço de
ajustamento" da economia portuguesa, afirmando que "se isto vai tudo
correr bem ou tudo correr mal" depende muito da vontade coletiva.
Durante
um almoço conferência sobre desenvolvimento sustentável, no Centro de
Congressos do Estoril, Pedro Passos Coelho defendeu que Portugal está "no
sentido correto", mas questionou se existe "a vontade suficiente e a
consciência necessária para continuar este processo daqui para a frente ou
não".
"Quanto
ao nível de vontade coletiva e de consciência coletiva do que temos de fazer
daqui para a frente, a mim cabe-me fazer alguma pedagogia, dar algumas pistas
de reflexão, mas sois vós, no conjunto, é a sociedade que tem de se manifestar
quanto a isso. Saber se daqui para a frente isto vai tudo correr bem ou tudo
correr mal depende muito da nossa vontade coletiva e da consciência que temos
dos problemas", afirmou.
Passos
Coelho apontou como um erro a ideia de que "o processo de ajustamento pode
ser aliviado ao cabo de um ano ou de um ano e meio" porque Portugal tem
sido "bem sucedido" na "uma correção dos desequilíbrios" e
tem tido "uma avaliação positiva" dos seus credores e parceiros
externos.
"Julgo
que as pessoas de um modo geral em Portugal o apreenderam de uma forma abrupta.
É importante saber se queremos ultrapassar essas dificuldades, durante um
processo de ajustamento que é longo e que é difícil, ou se vamos desistir às
primeiras dificuldades", acrescentou.
O
primeiro-ministro apelou à persistência dos portugueses: "Temos nós de
mostrar que estamos mentalizados de que uma dívida como aquela que foi gerada e
um desequilíbrio tão grande nas políticas públicas e também no endividamento
privado que se registou nos últimos anos em Portugal não demora um ano a ser
corrigido, demora mais, e exige um esforço maior do que aquele que
desempenhámos até hoje".
Passos
Coelho sustentou que a "determinação" dos portugueses é essencial
para que a perceção externa de Portugal se mantenha positiva e que o país
pagará caro se for colocado "do lado dos problemas a resolver" na
agenda europeia.
"Naturalmente,
se não a nossa perceção interna e a nossa vontade não for esta, dificilmente
quem vê de fora ficará com melhor impressão e quererá ajudar mais. Isso depende
de nós, estritamente de nós", reforçou.
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