"Alguma coisa tem de ser ajustada"
Quando um Governo não está com uma
base alargada de apoio na população, deve tirar as ilações necessárias e se não
quer mudar as políticas que está a implementar ao país, só tem um rumo a
seguir, que demitir-se!
Ontem no Parlamento, Miguel Frasquilho
defendeu o Governo, mas sem convicção. À noite na CIC Notícias, foi mais
preciso e disse concretamente que está contra este tipo de governação, ou seja,
não concorda com as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro e pelo ministro
das Finanças.
Manuela Ferreira Leite, não também não
é meiga com o Governo, pelo que é mais uma voz do PSD, contra as medidas
adoptadas pela cegueira deste Governo.
Existem dezenas de economistas que já
se pronunciaram sobre este tipo de medidas e na verdade é que o Governo faz
ouvidos moucos para com essas vozes, daí que, Manuela Ferreira Leite, exorta os
deputados a votarem em consciência o OE e não a seguirem as ordens partidárias.
Também fez um apelo aos portugueses
para cada fazer o que acha necessário para travar a entrada em vigor destas
medidas ruinosas para os portugueses e para o país.
Este Governo, continua a seguir os
conselhos do neoliberal António Borges, que segundo Daniel Oliveira, foi
demitido do FMI por incompetência e agora é conselheiro pessoal de Passos
Coelho.
É com estes incompetentes que dizem na
televisão que descer salários é uma emergência Nacional e que o
primeiro-ministro lhe dá ouvidos em vez de o correr com um pontapé no traseiro.
O que está em causa, é que este
Governo anuncia mexidas nas PPP, e apenas muda as manutenções dos pavimentos
das autoestradas dos concessionários para a empresa Estradas de Portugal e com
isso reduz o valor a pagar às PPP. No entanto, isso não são negociações que
tenham alguma vantagem para o erário público, apenas beneficia as PPP, que
deixam de ter de fazer a manutenção das autoestradas.
O que tem de ser feito com as PPP, é obrigar
os concessionários a negociar, nem que para isso seja necessário aplicar um
imposto extraordinário bastante elevado, por exemplo 75% sobre lucros
excessivos, tanto a eles como às rendas excessivas da energia. Dessa forma,
serão eles os interessados nas negociações e não o Governo.
A obsessão é de tal ordem com a
privatização das empresas públicas, que só se privatiza o que é lucrativo ou o
que não trás encargos para o erário público e continuamos a ficar com as
empresas deficitárias e sobre essas não se faz nada.
Também não nos podemos esquecer que
com as empresas de transportes públicos, foram cortados o passe social, que
provocou uma quebra de dezenas de milhares de passageiros, só no primeiro
semestre deste ano. O Governo não tem a percepção da quantidade de reformados
que utilizam o transporte público e que o deixaram de fazer, devido ao aumento
excessivo do valor das passagens, (três aumentos no espaço de uma ano) e ao
corte do passe social, assim como o corte do passe para estudantes. Com estas
medidas, é lógico que empresas que estavam no bom caminho, já estão a entrar
novamente no vermelho e a isto chama-se má opção política.
É urgente que sejam penalizados
civilmente em Tribunal os governantes que causem danos ao Património Nacional e
este Governo, tudo o que tem feito, em termos económicos é de lesa Pátria.
Regressando ao tema do aumento de
impostos, nomeadamente da taxa para a Segurança Social por parte dos
trabalhadores e diminuição da TSU para as entidades patronais, isso trás mais
um problema de tesouraria às empresas, porque se agora as empresas necessitam
de entregar no dia 10 de cada mês 34,75% dos salários à Segurança Social, a
partir de Janeiro, vão necessitar de entregar 36%, pelo que acresce o valor despendido
pelas empresas no momento da liquidação à Segurança Social. Teoricamente
poderia ser uma medida favorável, para as pequenas e médias empresas, mas na
prática, vai tornar-se numa dor de cabeça ainda maior, porque têm de dispor de
mais 1,25% de capital para entregar à Segurança Social.
Com isto não quero dizer que não haja
uma transferência de dinheiro dos trabalhadores para o patronato, essa
realidade existe, porque são os trabalhadores que suportam a baixa de 5,75% da
TSU das empresas e ainda por cima têm de pagar o aumento de mais 1,25%. Com
agravante de não ser dinheiro canalizado para a sustentabilidade da Segurança
Social, sendo mais um imposto para o Governo desbaratar, como faz com a
restante receita.
O que está em causa, neste caso, é que
as pequenas e médias empresas que estejam com problemas financeiros e de
tesouraria, não beneficiam de nada com esta medida no imediato, porque no acto
de pagar as contribuições à Segurança Social, necessitam de ter em Caixa mais
dinheiro.
Portanto, estamos com um Governo de
incompetentes, que só sabem cortar nos trabalhadores, pensionistas e
reformados, em vez de “agarrar o touro pelos cornos”, e resolver definitivamente
os problemas da economia portuguesa. Perguntam, como se faz isso?
É simples, começa-se o OE da base “zero”
e todas as despesas da mesma forma, corta-se a todos por igual, nomeadamente na
Assembleia da República,(o custo mensal de funcionamento da Assembleia da
República, custa aos portugueses cerca de 8.000.000,00
€ por mês) na Presidência da República, (não pode ter um Orçamento de 15,2
milhões de euros, como o corrente ano. Só o Presidente da República gasta mais
de 1.250.000,00 € por mês, como é
isso possível numa altura de crise económica do país) nos gabinetes dos
ministérios e secretarias de Estado,(só com os nomeados, gastamos mensalmente 1.697.552,96 €) as Fundações que não provem “interesse
público” não recebem nada e as outras sofrerão cortes. Os Institutos terão de provar
o mesmo “interesse público” e caso não consigam serão extintos. Acabar de
imediato com as rendas excessivas e com as PPP, nem que seja pela via de um
imposto extraordinário elevado, a fim de fazer essas empresas a sentarem-se à
mesa das negociações. Não haver compadrios, com ninguém. Acabar com a
corrupção, doa a quem doer. Não interferir na “Justiça”, deixar os Tribunais
trabalhar independentemente da cor política de quem nos governe. Acabarem as
nomeações e dança de cadeiras. Os cargos de chefia das empresas têm de ser
ocupados por pessoas profissionais e isentas e com provas dadas em competência.
Portanto, se o
ministro das Finanças quiser, ele saberá exactamente o que fazer para ter um OE
equilibrado, ele não faz, porque os interesses instalados são mais poderosos
que o próprio Governo. Haja coragem, as medidas de interesse do país não se compadece
com os interesses de privados, nomeadamente das grandes empresas.
Vejamos o
disparate dos encargos salarias dos gabinetes dos ministérios e secretarias de
Estado, 23.765.741,44 € por ano, a Assembleia da Replica tem um custo
total de 96.000.000,00 € por ano,
aqui engloba todas as despesas e não só os salários. Falta saber exactamente o
custo total destes ministérios e secretarias de Estado, porque aqui falta tudo
o que não é salários. Portanto, possivelmente teremos um Orçamento muito
semelhante ao da Assembleia da República, porque só de nomeados, temos 747
pessoas nesses gabinetes.
Portanto, se o Governo quer cortar, sabe
onde cortar, como diria o outro, “só não corta porque não quer”
“Alguma coisa tem de
ser ajustada” foi o recado de Ferreira Leite para os deputados
12.09.2012
- 23:40 Por Leonete Botelho
Ferreira
Leite foi duríssima com o Governo (Pedro Cunha)
“Só por teimosia se pode insistir numa receita
que não está a dar resultados”. Manuela Ferreira Leite deu, quarta-feira à
noite, uma rara entrevista à TVI24 em que exortou o Governo a arrepiar caminho
e os portugueses a fazerem “cada um o que tem de fazer para, em consciência,
tentar inverter” o rumo.
Foi
um recado directo aos deputados, que podem alterar ou chumbar o Orçamento do
Estado. “Alguma coisa tem de ser ajustada”, afirmou a antiga ministra das
Finanças de Durão Barroso, porque entende que se o país seguir a linha traçada,
“não só não se atingem os objectivos como o país chega ao fim destroçado”.
A
antiga líder do PSD, que já foi conselheira do Presidente da República – e foi
adversária de Passos Coelho nas eleições internas do partido – pôs em xeque,
com palavras duríssimas, toda a actuação do Governo. Acusou-o de governar com
base em “modelos que estão a ser perniciosos e não têm nenhuma adesão à
realidade”, sem conseguir explicar onde o país vai estar em 2014 e “como se
salta daqui para o crescimento”.
Questionou
o executivo sobre as negociações com a troika dizendo que, se fosse ela, havia
de “berrar”, aqui como em Bruxelas. Acusou-o de “total insensibilidade social”,
sobretudo para os reformados. E acabou a entrevista a admitir participar na
manifestação de protesto marcada para sábado.
Sobre
as medidas anunciadas sexta-feira pelo primeiro-ministro e as explicações
posteriores do ministro das Finanças, Ferreira Leite foi lapidar: “Senti-me
como na União Soviética de outros tempos. O ministro das Finanças a gerir a
tesouraria das empresas privadas? Isso existe onde?”
Na
sua opinião, a transferência de parte da taxa social única dos trabalhadores
para as empresas é suficiente para quebrar o consenso social e político. A
começar pela coligação: “O CDS não deve saber de muitas coisas, porque não
estão de acordo com o que prometeu ao eleitorado.
A
continuar pela concertação social: “Como pode o secretário-geral de uma central
sindical aceitar uma medida que vai aumentar o desemprego?” E a terminar no
país: “Ninguém foi ouvido sobre a TSU e ninguém a defende.”
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