Taxas de IRS
Ontem ouvi o Professor Freitas do
Amaral e apesar de não me identificar politicamente com ele, dou-lhe inteira
razão.
No que diz respeito aos sacrifícios
exigidos aos portugueses, não são equitativos, quem recebe menos paga mais,
proporcionalmente, mas não nos podemos esquecer que um senhor que tenha um
vencimento de 150.000 euros mês, tem um imposto de 46,5% de IRS, mais uma taxa
adicional de 2,5% e julgo que não poderá fugir à Segurança Social de 11%.
Venc. Mês
|
Anual
|
Taxa IRS
|
Desc
|
Seg. Soc. 11%
|
Rend. Líquido Anual
|
150.000,00
|
2.100.000,00
|
49,00%
|
1.029.000,00 €
|
231.000,00 €
|
840.000,00 €
|
50.000,00
|
700.000,00
|
49,00%
|
343.000,00 €
|
77.000,00 €
|
280.000,00 €
|
10.000,00
|
140.000,00
|
46,50%
|
65.100,00 €
|
15.400,00 €
|
59.500,00 €
|
5.000,00
|
70.000,00
|
43,50%
|
30.450,00 €
|
7.700,00 €
|
31.850,00 €
|
3.000,00
|
42.000,00
|
35,50%
|
14.910,00 €
|
4.620,00 €
|
22.470,00 €
|
2.000,00
|
28.000,00
|
35,50%
|
9.940,00 €
|
3.080,00 €
|
14.980,00 €
|
1.000,00
|
14.000,00
|
24,50%
|
3.430,00 €
|
1.540,00 €
|
9.030,00 €
|
750,00
|
10.500,00
|
24,50%
|
2.572,50 €
|
1.155,00 €
|
6.772,50 €
|
Olhando para este exemplo de
vencimentos e respectivos descontos, verifica-se uma situação muito punitiva
para quem ganha menos.
Escalões de IRS para 2012
Rendimento Colectável
(€)
|
Taxa Normal (%)
|
Taxa Média (%)
|
Dedução Máxima à Colecta
|
Até 4 898
|
11,50
|
11,50
|
Sem Limite
|
De mais de 4 898 até 7
410
|
14,00
|
12,348
|
Sem Limite
|
De mais de 7 410 até
18 375
|
24,50
|
19,599
|
1250 euros
|
De mais de 18 375 até
42 259
|
35,50
|
28,586
|
1200 euros
|
De mais de 42 259 até
61 244
|
38,00
|
31,504
|
1150 euros
|
De mais de 61 244 até
66 045
|
41,50
|
32,231
|
1100€
|
De mais de 66 045 até 153 300
|
43,50
|
38,654
|
0€
|
Superior a 153 300 *
|
46,50
|
0€
|
Quando o Secretário de Estado das
Finanças, diz que vai reduzir os escalões do IRS, para ficarmos em linha com a
Europa, vê-se que a receita vai ser mais da mesma, ou seja, quem ganha menos,
vai continuar a pagar mais, recebendo menos ao fim do mês.
Se verificarmos com atenção o
vencimento de 3.000,00 € mês, ganha anualmente 42.000,00 € brutos, pagará de
IRS 14.910,00 € e de Segurança Social 4.620,00 €, acabando por ficar com o
vencimento líquido anual de 22.470,00 €, que não é nada de especial,
principalmente quem tiver de sustentar uma casa e se tiver filhos, já terá
muitas dificuldades financeiras.
Ao ser reduzido o número de escalões
de IRS, não vai ser para isentar de imposto os escalões mais baixos, mas sim
para aumentar o valor da taxa.
Penso que até 10.000 € brutos anuais,
ninguém devia pagar IRS e o início dos escalões deveria começar exactamente nos
10.001,00 € e com uma taxa baixa.
Uma pessoa que ganhe 50.000,00 €/mês,
deveria pagar de IRS 75% e desta forma haveria mais equidade na austeridade e
seria mais compreendido por todos.
“Grupo de privilegiados”
Freitas do Amaral sugere imposto acrescido sobre os
melhores salários
06.09.2012 - 08:41 Por Pedro Andrade
Soares
Fonte: Jornal Público
“O Governo não tem feito esforço
suficiente para que haja uma repartição equitativa dos sacrifícios”, diz
Freitas do Amaral
Em nome da “justiça fiscal”, Freitas do Amaral
sugere uma “tributação especialmente pesada” para quem ganha mais de dez mil
euros por mês. “Todos têm de contribuir para pagar a crise, não podem ser só as
pessoas da classe média”, considera o antigo governante.
“Eu acho que o Governo não tem feito
esforço suficiente para que haja uma repartição equitativa dos sacrifícios por
todos os portugueses. Há uma classe média numerosa que está a ser muito
sacrificada, há algumas pessoas que vivem em condição de pobreza que também
estão a ser sacrificadas, ou menos apoiadas, e há depois um grupo de
privilegiados”, afirmou na noite desta quarta-feira o fundador e antigo líder
do CDS, em entrevista à RTP.
Questionado sobre quem faz parte desse
“grupo de privilegiados”, Diogo Freitas do Amaral explicou: “Em minha opinião
são as pessoas que ganham mais de dez mil euros por mês. Eu acho que devia
haver da parte do Governo uma tributação especialmente pesada sobre essas
pessoas.”
Para defender “um pacote que tivesse
por objectivo justiça fiscal”, o professor de Direito recorreu à Constituição
da República Portuguesa. “Era preciso que o imposto sobre o património, que
aliás está previsto na Constituição, o imposto sobre produtos e consumos de
luxo, que está previsto na Constituição, e outros impostos sobre actos e
contratos que entretanto se desenvolveram e permitem ganhar fortunas, como
transacções financeiras, operações urbanísticas, etc., tudo isso devia ser
objecto de um pacote que tivesse por objectivo justiça fiscal”, disse.
“Todos têm de contribuir para pagar a
crise, não podem ser só as pessoas da classe média”, referiu ainda Freitas do
Amaral, na mesma entrevista à televisão pública.
Passos
e os impostos
Horas antes, o primeiro-ministro,
Pedro Passos Coelho, afirmou também nesta quarta-feira que ninguém no Governo
(seja independente, do CDS-PP ou do PSD) deseja sobrecarregar os portugueses
com mais impostos, mas argumentou que nesta altura nenhuma decisão pode ser
excluída.
Em declarações aos jornalistas, o
primeiro-ministro começou por referir que considera “há muito tempo” que “a
carga fiscal em Portugal é muito elevada”, mas sustentou que a situação do país
não permite “fazer qualquer alívio da carga fiscal” nesta altura, acrescentando
também que todos no Governo – “pessoas que tenham uma origem independente,
origem no CDS-PP ou no PSD” – estão conscientes disso.
“Todos desejaremos, não tenho dúvida
nenhuma, ultrapassar as nossas dificuldades sem sobrecarregar mais os
portugueses com impostos, mas nenhum de nós – rigorosamente nenhum de nós –
está em condições de dizer que não vai tomar uma ou outra decisão se ela tiver
de ser adoptada”, disse ainda Passos Coelho, citado pela Lusa.
Por seu lado, o presidente do Governo
Regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou, segundo a Lusa, que “a
paciência das pessoas tem limites”, a propósito das declarações do primeiro-ministro
que não excluiu mais impostos.
Confrontado pelos jornalistas sobre as
palavras de Passos Coelho, Jardim respondeu: “Acho que nós atingimos o limite,
atingimos o limite e o regime político está a viver da grande força daqueles
que o controlam ainda poderem segurar a situação.”
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