O desmoronamento de uma coligação


Depois de uma noite de descanso, sem ter de ouvir os disparates do primeiro-ministro, que não passa de um menino mimado, que sabe muito pouca da vida real, sabe-se agora que o próprio Governo pode estar preso por um fio.
Há a possibilidade de o CDS/PP, após o OE, deixar o Governo. Se isso acontecer, teremos novas eleições, pois não estou a ver que seja possível uma coligação de toda a oposição, mais CDS/PP. Seria um caso inédito em Portugal, apenas aconteceu isso uma vez, aquando da votação do PEC4, ainda no Governo Sócrates.
Não se entende esta teimosia do primeiro-ministro, em continuar com uma política que já demonstrou estar errada, que destrói completamente o país e mesmo que o Governo caia ou mude de estratégia, não me parece que seja fácil recuperar o que de tão mau foi feito durante este ano. Já não é possível recuperar os postos de trabalho, não é possível evitar as falências que aconteceram.
Vai levar muito tempo a por a economia a funcionar novamente, e não quer dizer que não seja necessário mais austeridade, mas tem de ser nas ditas “gorduras” do Estado e que ontem o primeiro-ministro, disse que cortar nas PPP é a mesma coisa que deixar de pagar a nossa dívida aos credores. Ok, até pode ser, mas que se pode taxar com um imposto extraordinário os lucros excessivos, pode. Até porque uma medida destas, não se dirige exclusivamente para as PPP, tem de englobar as rendas excessivas da energia, e assim apanha mais contemplados na dita taxa extraordinária desse possível imposto.
As ditas “casas de Luxo” não pode ser acima de 1 milhão de euros, tem de ser de metade desse valor, e ainda assim deixará muita gente de fora. Mas já é uma importância mais aceitável por todos.
Portanto, este Governo se quiser continuar a governar Portugal, tem de ceder nas medidas de austeridade que pretende implementar no país. Ainda está a tempo de recuar e conseguir manter o Governo até ao fim da legislatura. Estas medidas anunciadas, tanto pelo primeiro-ministro, como as anunciadas pelo ministro das Finanças, tem um propósito escondido, ou seja, aumenta-se a austeridade substancialmente para o próximo ano, porque depois é necessário aliviar um pouco, devido às eleições legislativas de 2015. Convém não esquecer que está previsto para essa data o início da reposição dos subsídios de férias e Natal para os funcionários públicos, pensionistas e reformados.
Quando se governa para arranjar “tachos” para os amigos, a pensar nas eleições seguintes, para voltar a prometer o que foi prometido na campanha anterior e que não foi feito, alegando que o problema veio do Sócrates. Passos Coelho esquece-se que ficam todas as declarações gravadas em vídeo, que tudo o que disse é possível ir buscar novamente e como tal, também deixou escrito no manifesto eleitoral e no programa de Governo, tudo o que ia fazer e que estava preparado para governar o país e que era conhecedor do estado da economia do país. Se era assim tão conhecedor, não tem o direito de vir com conversas de desvios colossais, para poder aumentar a austeridade.
Também não nos esquecemos, que Passos Coelho, sempre afirmou que pretendia ir para além do memorando da troika, como se fosse um castigo para os portugueses. Além destas afirmações, também disse “custe o que custar” irá cumprir as metas do défice. Essas ameaças, afinal não foram para cumprir, porque o défice, segundo o ministro das Finanças, está acima dos 6%, não se sabendo muito bem, onde vão buscar o dinheiro para tapar o buraco, a fim de o défice ficar nos 5%, acordados nesta avaliação da troika.
De mentira em mentira, de promessa em promessa, o tempo foi-se esgotando e agora está metido numa camisa de sete varas. Não sei como é que isto vai acabar, possivelmente em novas eleições ou então, com um Governo de iniciativa presidencial. Possivelmente, até seria desejável que fosse como na Islândia, apesar de a nossa afinidade com os islandeses não ser nenhuma, mas possivelmente num caso de necessidade, todos nós começássemos a pensar de uma forma mais nórdica, ou seja, pensarmos na sociedade e ser fiscais uns dos outros, pois o que está em causa é o bem comum e não os interesses pessoais.
Uma coisa é certa, o povo já não está para mais austeridade pura e dura, sempre para o mesmo lado. Quando se promete cortar nas gorduras do Estado, queremos que sejam mesmo cortadas essas gorduras. Mas o que acontece é sempre o contrário, isto é, são sempre os mesmos que têm de pagar a crise que outros provocaram, a desgraçada classe média.
·         Nós pagamos por haver governantes despesistas.
·         Nós pagamos por haver ladrões que roubam escandalosamente no BPN e ficam impunes.
·         Nós pagamos pelas más governações ao longo de anos a fio.
·         Nós pagamos por ter políticos que nunca trabalharam e que não sabem quanto custa ir ao supermercado fazer compras para o sustento da família.
·         Nós pagamos por ter havido governantes que destruíram a nossa agricultura e pesca.
·         Nós pagamos por ser mal governados e somos ameaçados que se não aceitarmos será pior.
Enfim, chegou a hora de dizer “basta”, de mostrar à nossa classe política que têm de governar para o povo e não contra o povo!
Portanto, se este Governo cair, não será o fim do mundo, será o alívio dos portugueses, apesar de não ser fácil governar onde existe pouco ou nenhum dinheiro. Mas não é tirando ao povo o pouco que lhe resta, assim como a dignidade, que se resolve o problema.
Este primeiro-ministro não vai deixar saudades, até porque vai ficar na história pelo primeiro-ministro que conseguiu destruir um país.

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