Ameaças da Europa


As reacções à manifestação que decorreu no passado sábado em Portugal. Em diversas cidades do país, estão a por os cabelos em pé no Eurogrupo, BCE, FMI e sei lá quem mais…
A verdade é uma, isto não pode continuar tudo na mesma. O PSD reuniu o seu Conselho, para debater o discurso de Paulo Portas de domingo passado, após a reunião da sua Comissão Política. Aguarda-se agora pela reacção de Passos Coelho, que também deve ser dura com o seu “parceiro” de coligação.
Da Europa chegam ameaças, estão a pressionar Portugal, como habitualmente pressionam a Grécia, ou seja, foi claramente dito que a baixa da TSU para as empresas, devido ao aumento da mesma aos trabalhadores, era uma medida de inteira responsabilidade do Governo português, tinha sido proposto pelo executivo de Passos Coelho, mas já que está proposto, a troika aceita e aplaude, e agora não quer deixar cair este cenário, ameaçando que não vem o cheque se isto não for cumprido.
A irresponsabilidade deste Governo é tanta, que propõe medidas sem um prévio estudo das consequências das mesmas, mesmo tendo dentro do Governo pessoas a oporem-se, assim como nos dois partidos que sustentam a coligação. Não bastava isso, como toda a sociedade civil, nomeadamente economistas credíveis do país, dizem que isto, apenas transfere dinheiro dos empregados para os bolsos dos patrões. Não cria postos de trabalho, como foi dito pelo Governo, não aumenta a competitividade das empresas, não diminui os custos do trabalho de forma substancial, que possa criar um aumento de crescimento económico. Aliás, esta medida é recessiva, pelo que retira parte do salário aos trabalhadores, e assim sendo, a situação do crescimento agrava-se. Portugal é um país que vive essencialmente do mercado interno, se os portugueses não têm dinheiro para compras, não existem impostos, logo todas as receitas do Estado caem. Só que agora temos as ameaças da Europa, que não enviam o dinheiro da próxima tranche, se as medidas não forem aplicadas.
Na próxima sexta-feira, vai reunir-se o Conselho de Estado, estarão lá os promotores desta medida, assim como os maiores críticos desta “trapalhada”. Em frente ao edifício, no seu exterior, estará uma vigília,, com o intuito de pressionar o Conselho de Estado, para que a opção seja outra e não a continuidade das medidas adoptadas por este Governo, que nos empobrece a todos e ao país.
É caso para continuar a dizer “QUE SE LIXE A TROIKA”, porque só é possível os portugueses pagarem as suas dívidas, se houver crescimento, para que se possa pagar os juros usurários que nos cobram. Todos os portugueses são pessoas de bem (alguns não!) e querem assumir as dívidas do país, mas também todos nós queremos saber o que estamos a pagar, a quem estamos a pagar e o que estamos a pagar. Também sabemos que estamos a pagar benefícios de políticos que já deviam ter sido cortados, mas que optam sempre pelo corte de salários dos mais fracos e que não têm como contestar esses cortes, que não seja com uma demonstração de força, como aquela que sábado passado, foi efectuada em todo o país.
Também se constata, que afinal não adiantou muito Portugal ter sido o bom aluno, durante este ano e meio, até porque na primeira contestação que houve, mas que foi tão clara e imponente, que não podia deixar ninguém com a opinião anterior, que os portugueses aceitavam com uma ampla maioria, todas as medidas da troika. Nós aceitamos o que devemos aceitar e até verificarmos, que não estão a fazer absolutamente nada, para tirar o país da situação em que os políticos o colocaram.
A TSU, foi a gota que transbordou o copo, foi a tempestade que se abateu nas cidades portuguesas, foi um “tsunami” que acordou Portugal. Hoje possivelmente estaremos todos mais unidos contra a podridão que existe na política. Até aqui, tínhamos uma geração de jovens conformados com tudo isto, com as indicações do primeiro-ministro mandar emigrar, de ter um ministro que obtém uma licenciatura de uma forma completamente estranha para não dizer, “de uma forma completamente corrupta”. E temos um primeiro-ministro que continua a ter confiança neste ministro (Relvas), pelo que demonstra que é tão bom ou pior que ele. Hoje, temos essa geração a iniciar um protesto, temos a minha geração do tempo da “guerra colonial”, que tem de proteger os filhos e netos, temos a geração anterior à minha, que também veio para a rua e por fim, temos a geração que está no início da sua formação académica, que serão o futuro deste país, os herdeiros das dívidas, tal como fomos nós em relação a dívidas do passado. Ainda ontem no programa “Prós e Contras” foi dito, que acabamos agora de pagar uma dívida do Estado Novo, contraída nos anos da década de 1930. Portanto, assim sendo, o que se verifica é que as dívidas são para girar, não quer dizer que nos endividemos de uma forma que não possamos pagar, nunca…

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